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Enfim em casa, empresária exalta fé em família na luta por sobrevivência

Thaís Valadares voltou a Campo Grande após receber alta de hospital de Sidrolândia; Ainda debilitada, atrelou a força da saudade nos parentes para aguentar tempo perdida na mata machucada

Rafael Ribeiro | 17/06/2017 12:40
A empresária se emociona e é consolada pelo filho:
motivação na família para superar dificuldades (Fotos: André Bittar)
A empresária se emociona e é consolada pelo filho: motivação na família para superar dificuldades (Fotos: André Bittar)

Eram 11h37 deste sábado (17) quando a empresária Thaís Regina de Souza Valadares, 40 anos, cruza o portão da casa na Vila Planalto (região central de Campo Grande) onde mora. Fim da agonia de quem estava sendo considerada desaparecida desde a última quarta-feira. Ela caminha com calma, fala de forma pausada, visivelmente abatida, ferida, encontra forças profundas para buscar o filho, de 13 anos, quem recebe o primeiro abraço. E se emociona.

“Era só nisso que eu pensava a todo momento. Era o que me dava forças”, disse Thaís, chorando, ao lado do adolescente e familiares e amigos que passaram as últimas 72 horas em sua casa, acompanhando as buscas no milharal onde desapareceu em Sidrolândia (a 71 km da Capital), durante viagem para ir até o sítio do namorado, em Maracaju.

A empresária tem dificuldades. Chora muito, a todo instante. Seja ao receber o carinho do filho, seja ao ser o centro de uma roda de oração feita para agradecer o milagre alcançado.

“Glória. Graças a Deus”, reafirmou Thaís, que se levanta da cadeira com dificuldade, anda escorada com a ajuda do pai e do cunhado.

Minutos depois, após trocar de roupa, a empresária retorna para atender o Campo Grande News. Agradece a ajuda da imprensa no caso. E relembra os momentos de horror pelo qual passou. “Não sei dizer o que aconteceu. Me desesperei”, afirmou.


A fala, de frases curtas e diretas por conta da falta de fôlego, se tornam raras. Vem as lembranças. E mais lágrimas nos olhos. “Olhei para os lados. Não vi nada. Tentei correr, mas caía. Tropeçava. Me feria nos galhos”, completou.

Thaís (no centro, de vermelho) em meio à sua família: o sorriso ressurgiu no reencontro, ainda com as sequelas do ocorrido
Thaís (no centro, de vermelho) em meio à sua família: o sorriso ressurgiu no reencontro, ainda com as sequelas do ocorrido

O filho se aproxima. Consola a mãe, novamente chorando. Lhe serve o isotônico, bebida recomendada pelos médicos para superar a desidratação. Thaís aponta para seus braços, com pequenas escoriações causadas pelos galhos do milharal.

“Me lembro de pouco. Escurece. Vem a fome. A sede. Você está muito suja. A boca está seca. Perde a noção do tempo. Se entrega”, enfatizou a empresária.

A família pede: chega de relembrar os tristes momentos. Thaís fecha os olhos. “Agora quero ficar com eles”, disse, apontando aos familiares. Mais amigos chegam à casa, mas a empresária tem a recomendação de repouso. Se levanta com dificuldade novamente em direção a seu quarto, vai se deitar, descansar o que não descansou. Tem os braços frágeis, o rosto marcado.

“O mais importante é ela estar aqui de novo. Graças a Deus o fim foi o melhor possível. As dúvidas, o que aconteceu, vamos pensar nisso só depois. Agora é festejar”, resumiu a irmã,
Sílvia Adriana Souza Valadares, 44.

O caso está longe de uma solução, na avaliação policial. Assim que Thaís melhorar, quer colher um depoimento formal. O carro dela, um Gol vermelho, permanece apreendido para a realização da perícia. A família acha a decisão justa e vai colaborar. Mas depois. Primeiro, tem a prioridade de acolher bem Thaís. E depois da agonia poder passar um final de semana com felicidade, juntos, como avalia Sílvia.

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