Entidades cobram segurança e estrutura em arraial de Santo Antônio
O número “11”, tão estimado pelo prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), também vai ficar na memória de quem esteve à frente das barracas instaladas no Arraial de Santo Antônio 2013. A recordação, entretanto, não será tão boa quando o progressista prega.
Participante da festa em todas as 11 edições do arraial, um grupo de mulheres de uma determinada comunidade relatou ao Campo Grande News que, de longe, este foi o pior ano do evento. Eles preferiram manter em sigilo as identidades e também não revelar de onde são por medo de represálias.
“Não tivemos conversa com a organização. Tudo foi mal combinado. A estrutura dos estandes foram montadas de última hora no dia que o arraial ia começar. Chegamos aqui estava tudo incompleto, tivemos que correr atrás de uma tábua para terminar o balcão de atendimento. Nos outros anos era só a gente chegar aqui com os produtos que já estava tudo prontinho”, contou uma delas.
Além disso, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), disponibilizou aos participantes somente a faixa que divulga o nome da própria pasta, sendo que a faixa de identificação de cada entidade ficou por conta das entidades participantes.
“Mas o problema maior não é este. Nós ainda tivemos que confeccionar a faixa em um lugar estipulado pela organização e nos custou R$ 96. Se eles tivessem explicado a padronização e cada um pudesse levar onde fosse melhor, nós com certeza teríamos pago no máximo R$ 60”, desabafou.
Outro fator que não ocorria nos anos anteriores era o fato de a organização aumentar o preço da bebida repassada à barraca. Segundo as mesmas testemunhas, inicialmente a produção da festa queria vender cada unidade por R$ 2.50 aos estandes, para que as entidades revendessem por R$ 3.00 aos consumidores.
A imposição não agradou e todos decidiram boicotar a organização e não vender álcool. “Aí eles cederam e venderam para nós por R$ 2.00, mas, mesmo assim, o lucro deles é de R$ 1.00 livre, enquanto temos que arcar também com guardanapos, canudinhos e gelo. Ainda tem o fato de não podermos comprar de supermercados, só deles”, relatou a mulher.
Insegurança – Mais uma reclamação, desta vez feita por outra comunidade, esta relacionada à falta de segurança direcionada às barracas. Durante os quatro dias, três portões que dão acesso à estrutura da festa ficaram abertos e somente em um deles havia guardas. A equipe do Campo Grande News entrou sem se identificar e não foi abordada por ninguém.
“Ali entra quem quiser. Ganhamos três crachás no primeiro dia e nunca pediram identificação para entrarmos. Eu temo pelas bebidas porque não tem como a gente carregar e descarregar a cada dia de evento”, relatou uma comerciante sem se identificar.
Diante da situação várias pessoas tiveram que dormir nas tendas para proteger a mercadoria ou contratar segurança particular para guardá-las. Após ter duas caixinhas de cerveja roubadas da barraca de sua mãe na madrugada de sábado, o educador físico, Jil Alessandro Xavier, 30 anos, pagou R$ 20,00 para um homem ficar de prontidão no estande durante toda a noite.
“Eu chamei a organização e relatei tudo. Eles ficaram de me dar um respaldo ontem, mas até agora ninguém me procurou”, disse. Sem poder tirar do lucro que conseguiu obter com o arraial, o aposentado Miguel Ozório, 67 anos, levou um colchão para a barraca e dormiu por lá nos quatro dias de festa.
Para se proteger da chuva e do frio, o idoso recorreu a locais mais altos para se acomodar. “Tive que dormir aqui porque senão o povo leva tudo embora”, resumiu Miguel que faz parte do Projeto Amar promovido pela comunidade do Aero Rancho responsável por atender 70 crianças. “Se a gente pagar alguém não sobre para ajudar a entidade”, finalizou.
Parque dos horrores - Não somente os participantes da 11ª edição do Arraial de Santo Antonio tomaram prejuízos. O consumidor também se arriscou ao utilizar o parque de diversões da festa. A Montanha Russa, por exemplo, está em péssimas condições.
Conforme constatou a equipe de reportagem, o brinquedo foi instalado em cima de toquinhos de madeira sem nenhuma outra base de sustentação. Mais que fôlego, é preciso ter coragem para encarar uma aventura dessas.