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Capital

"Era meu inimigo", diz acusado de matar padrasto da esposa

Ricardo Ribeiro preferiu o silêncio no julgamento, mas Justiça recorreu a declaração feita durante processo

Silvia Frias e Cleber Gellio | 27/10/2021 11:57
Ricardo Silva (branco, na tela) acompanha a sessão por videoconferência. (Foto: Marcos Maluf)
Ricardo Silva (branco, na tela) acompanha a sessão por videoconferência. (Foto: Marcos Maluf)

Julgado por matar a tiros o padrasto da esposa, Ricardo Ribeiro Alves da Silva, 34 anos, preferiu se manter em silêncio durante a sessão que ainda ainda em andamento no Fórum de Campo Grande. A audiência é acompanhada pela mãe e a mulher dele.

Ricardo Silva está sendo julgado na 2ª Vara do Tribunal do Juri por matar a tiros Renaldo Luiz Torquato, sendo denunciado por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima. O réu acompanha a sessão por videoconferência.

O crime aconteceu no dia 31 de agosto de 2020, na Rua Marco Feliz, Jardim Los Angeles. Na denúncia, consta que o réu atingiu a vítima com três tiros, que morreu no local. Também acabou ferindo a sogra, Cosma Lúcia de Oliveira com um tiro na perna.

Durante a sessão, o réu preferiu manter o silêncio. O juiz Aluizio Pereira dos Santos recorreu ao depoimento prestado por ele durante a fase processual.

No vídeo, o réu aparece falando sobre o que aconteceu no dia do crime. Em certo momento, o juiz havia perguntado o que Cosma era dele. “Minha sogra”. Em seguida, o magistrado questiona: “E a vítima?”, ao que Ricardo respondeu. “Ele era meu inimigo”.

A dona de casa Maria de Fátima Ribeiro Alves, 59 anos, é mãe de 7 filhos, um deles, Ricardo. Acompanha o julgamento iniciado por volta das 8h de hoje. “Nunca tinha presenciado um júri, é horrível ouvir as pessoas falarem e ter que ficar quieta”, disse.

A nora conversou com a reportagem, mas não quis ter o nome divulgado, alegando ter medo. Diz que Renaldo era integrante de facção e havia ameaçado Ricardo, que não participava de nenhuma organização criminosa. Se afastou da mãe depois do crime, mantendo contato com a sogra e a relação com o réu.

A mulher alega que Ricardo Silva não agia de forma agressiva e que Renaldo Torquato o ameaçava, querendo se impor. Diz que cresceu vendo a mãe no tráfico de drogas. “Eu cresci neste ambiente, eu nunca vi minha mãe fora da cadeia”, contou.

Durante a sessão, defesa e acusação concordaram com a retirada da motivação fútil, já que estaria evidenciado que ele foi ameaçado. A promotoria, formada por Luciana Amaral Rabelo e Fernanda Leal Barbosa, porém lembrou que Torquato e Cosma reclamavam da relação conturbada e das agressões de Ricardo Silva contra a esposa.

A jovem confirmou que vivia relação conturbada com Ricardo, mas minimizou o fato. O réu já tem condenação por roubo, quando foi condenado a 5 anos de prisão render um homem, usando faca, no Los Angeles.

O crime – Na denúncia do MPMS (Minstério Público de Mato Grosso do Sul), consta que Renaldo e Ricardo haviam brigado um dia antes do crime por conta de partilha de dinheiro do tráfico de drogas. Renaldo,  conhecido como “Gazeiro”, somava mais de 22 anos em condenações na Justiça e, inclusive, já havia ficado preso com o algoz.

No dia do crime, o réu saiu da Gameleira, onde cumpria pena no regime semiaberto e foi para casa. Cosma Lúcia estava deitada, enquanto Renaldo tomava café da manhã. Da janela, Ricardo atirou pela fresta da janela e atingiu o homem três vezes (de raspão na nuca, braço direito e na lombar). A mulher foi atingida na perna.

O réu fugiu e foi preso em Ribas do Rio Pardo no mesmo dia do crime. O rapaz que deu carona também foi detido, permanecendo preso até 17 de dezembro de 2020, quando a acusação contra ele foi modificada de participação no homicídio para crime previsto no artigo 348 do Código Penal, por ter auxiliado o acusado a fugir (auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão).

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