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Capital

Esposa descobriu sequestro ao ouvir eco durante ligação a caminhoneiro

Caso ocorreu ontem, com motorista refém de quadrilha de ladrões de caminhão, o sétimo desde novembro em MS

Ângela Kempfer e Mirian Machado | 07/06/2019 11:55
A delegada Aline Gonçalves Sinott Lopes responde pela Defurv.
A delegada Aline Gonçalves Sinott Lopes responde pela Defurv.

Resgate ontem de caminhoneiro mantido em cárcere por ladrões, evidenciou uma falha que prejudica o trabalho da polícia em casos assim. Segundo a delegada Aline Gonçalves Sinott Lopes, da Defurv, apesar de sistema de rastreamento nos veículos, os motoristas não costumam compartilhar as senhas com pessoas da família. Isso dificulta a localização quando há suspeita de assalto.

Ela alerta sobre a necessidade de informar o número ou palavra-chave a alguma pessoa de confiança, para que a senha agilize a busca pelo veículo. “No caso de ontem, tive de ser enfática na empresa (monitoramento) para conseguir a senha”, conta a delegada.

Na quinta, a polícia só começou a investigar o paradeiro do caminhoneiro porque a esposa dele suspeitou do sumiço. O caminhão tinha 2 equipamentos de rastreamento, mas a família não sabia nenhuma das senhas.

A mulher procurou a polícia contando que telefonou para o marido e, apesar dele dizer que estava dirigindo, um detalhe chamou atenção. Ela ouviu eco durante a ligação, o que não ocorre quando o homem atende dentro da boleia.

Horas depois, a vítima foi resgatada do cativeiro, em Várzea Grande (MT), em ação conjunta das polícias de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O caminhão foi roubado na noite de quarta, depois do homem ser contratado para fazer frete até Ponta Porã. O motorista mora em Campo Grande e havia sido contratado para levar produtos de limpeza até Várzea Grande (MT). Na volta, resolveu procurar um site de agência de fretes para verificar se havia alguma carga que pudesse transportar no retorno a MS, aproveitando a viagem.

Nesse momento ele virou alvo, analisa a delegada. Segundo ela, quadrilhas jogam propostas com valores superiores ao de mercado nesses sites, para atrair caminhoneiros.

O homem aceitou fazer o trabalho e acabou rendido pelo grupo ao encontrar os assaltantes. “O motorista deve sempre suspeitar do alto valor do frete”, alerta a delegada.

Na rotina da Defurv, esses casos mostram que Mato Grosso do Sul é hoje uma das principais rotas de crimes como esse. Os bandidos roubam caminhões em Mato Grosso e em São Paulo, sequestram os motoristas até cruzarem a fronteira com o Paraguai. Antes, liberam os caminhoneiros.

No país vizinho, a quadrilha adultera a documentação do veículo para voltar transportando drogas e armas.

Desde de novembro do ano passado, 7 casos de cárcere foram descobertos no Estado. Em um desses casos, a PRF descobriu a ação já na fronteira. Em outro episódio, a família nem havia suspeitado do sequestro.

No caso do motorista de 40 anos, o caminhão foi encontrado na BR-163, no km 09, em município de Itiquira (MT), quase na divisa entre os estados. O veículo estava sendo conduzido por Flávio Fonseca de Jesus, 33 anos.

Aos policiais, ele disse que o caminhoneiro estava sendo mantido em cárcere até que o caminhão cruzasse a fronteira, com destino ao Paraguai.

Com as informações as delegacias de MS e MT negociaram a libertação do caminhoneiro, o que aconteceu por volta das 14h, em Várzea Grande. Ele foi encaminhado à GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado de MT).

De acordo com a vítima, assim que chegou ao local onde seria feita a carga, o motorista foi abordado por seis homens que anunciaram o assalto e o conduziram para o cativeiro, enquanto Flávio fazia o transporte do caminhão ao país vizinho. O veículo foi recuperado e entregue à vítima.

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