ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Fechamento do aterro deixa 3 mil caçambas de entulho sem destino

Aline dos Santos e Rafael Ribeiro | 15/12/2016 12:43
Aterro no Jardim Noroste era único destino oficial para caçambas. (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Aterro no Jardim Noroste era único destino oficial para caçambas. (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

A interdição do aterro de entulhos no Jardim Noroeste deixa 3.800 caçambas à deriva em Campo Grande. Apesar de funcionar por anos sem licença ambiental, o local era o único destino “oficial” para as mais de 1.400 toneladas diárias de RCC (Resíduos da Construção Civil) produzidas diariamente na cidade.

“Não somos contra fechar lá porque não tem licença ambiental. Mas somos a favor de dar outra alternativa para não ter um caos total. A cada dia, são mais ou menos 300 caçambas que serão jogadas em algum lugar. Se fecha o o oficial, pode ser estrada vicinal, beira de córrego”, afirma o vice-presidente da Associação Campo-grandense de Locação de Bens Móveis, Carlos Yoshimitu Ujiie.

Ele reforça que essa não é a orientação da associação, mas pode ser medida adotada diante do fechamento e que há muitas empresas clandestinas no ramo. “Metade das empresas não é regularizada. Se não tem onde jogar, não tem usina, começam a jogar em qualquer local”, diz.

Segundo Carlos, nesta quinta-feira (dia 15), data em que foi cumprida a ordem de interdição do aterro, existem 200 caçambas retidas no local. “Estamos em contato com a prefeitura para ver a solução que vai dar”, afirma.

Ainda de acordo com ele, há uma empresa, em Indubrasil, que tem licença para receber entulho, mas o custo é de R$ 300 por caçamba. O valor cai para R$ 150 se o descarte for em grande quantidade, como mais de 50 caçambas. “Mas cada locação custa R$ 100, R$ 120”, diz, sobre a inviabilidade financeira.

Perto do aterro, Anagê Felisbino dos Santos, que se apresentou como porta-voz do caçambeiros, afirmou que a decisão judicial deixa 3 mil caçambas sem movimentação em Campo Grande. “O que vai acontecer com o lixo? Pergunte para a prefeitura porque eu não sei. Há oito anos esse aterro funciona de forma irregular. Buscamos o diálogo várias vezes para tentar regulamentação e nunca fomos ouvidos”, afirma Anagê.

Ele alega que o entulho seco não contamina o solo e nem atrai animais peçonhentos. “O prejuízo vai ser de até R$ 100 mil se ficar fechado um mês”, diz.

Na manhã desta quinta-feira, os catadores que trabalham no aterro fecharam a BR-163. O protesto já foi encerrado, mas eles ameaçam nova interdição no período da tarde. Os catadores recolhem material reciclável, papelão, lata, ferro. Segundo eles, a remuneração diária não ultrapassa R$ 50.

Catadores bloquearam a BR-163 nesta quinta-feira. (Foto: Marcos Ermínio)
Catadores bloquearam a BR-163 nesta quinta-feira. (Foto: Marcos Ermínio)
Congestionamento chegou a sete quilômetros wm rodovia. (Foto: Alcides Neto)
Congestionamento chegou a sete quilômetros wm rodovia. (Foto: Alcides Neto)

Risco - Uma vistoria feita em julho pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) constatou que no aterro há triagem superficial dos resíduos, permitindo ingresso de resíduos recicláveis e orgânicos.

Autor da decisão, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, disse na semana passada à reportagem que o aterro precisa passar por uma série de adequações, como fechamento no entorno e proibição da entrada de lixo hospitalar.

A cidade já teve quatro pontos para aterro de entulho, que foram fechados. Em maio do ano passado, uma área na saída para Sidrolândia chegou a ser avaliada pela prefeitura para receber os entulhos, mas não houve transferência do aterro.

Também em 2015, reportagem do Campo Grande News mostrou que o entulho que invade Campo Grande poderia ter mais uma função do que atravancar os caminhos, superlotar o único aterro e dar dor de cabeça aos moradores.

Uma possibilidade para transformar problema em solução era o modelo adotado em São José do Rio Preto ( São Paulo), onde, na central de tratamento de resíduo, o concreto seguia para um britador e a madeira era picada.

Nos siga no Google Notícias