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Feira cria linha do tempo para contar história de escola dos japoneses

Fundada em 1918, Escola Visconde de Cairu exibe feira realizada com pesquisa e esforço de alunos e ex-alunos

Izabela Sanchez e Bruna Pasche | 24/11/2018 12:34
As alunas Alessandra e Larissa ao lado do projeto de pesquisa (Foto: Henrique Kawaminami)
As alunas Alessandra e Larissa ao lado do projeto de pesquisa (Foto: Henrique Kawaminami)

Foi em 1918, no bairro “Chaquinha” e com o nome de “Hanja” que a Escola Visconde de Cairu teve as primeiras paredes erguidas em Campo Grande. Hoje, 100 anos depois, alunos, professores, ex-alunos e toda a comunidade escolar comemoram o centenário com uma feira que conta a história do colégio que surgiu para ensinar filhos de imigrantes japoneses.

Diretora do colégio, Joelma Maria do Nascimento, conta que a feira do conhecimento é realizada a cada dois anos, mas este ano, é especial. Os corredores da escola estão decorados com estandes e maquetes, materiais de apoio para contar a história da escola centenária.

Os estandes funcionam como uma “linha do tempo”. O primeiro deles conta sobre o surgimento do colégio. As turmas do colégio, do ensino fundamental, foram divididas “por décadas” e cada turma ficou responsável pela pesquisa de parte da história. Os alunos contaram com o acervo da escola para auxiliar a pesquisa que durou meses, mas também com o relato de ex-alunos.

Joelma, diretora do colégio (Foto: Henrique Kawaminami)
Joelma, diretora do colégio (Foto: Henrique Kawaminami)

Parte do acervo, relata a diretora, foi queimado na segunda guerra mundial, por isso a ajuda do ex-alunos foi importante para montar o “quebra-cabeça”. “A expectativa é alta, mas fomos surpreendidos. Foi como voltar no tempo, recebemos muitos parabéns e a maioria das pessoas que já tinham passado falaram que se arrepiavam ao passar pelos corredores, foi muito emocionante”, comentou.

O início – Alunas do 9º ano B, Larissa Makkoud, 14 e Alessandra Okama, 14, ficaram responsáveis pelo estande que conta o início da escola. Foi em 1951, contam, que o colégio foi para o endereço atual, na Antônio Maria Coelho. Além disso, também foi com o tempo que a escola começou a aceitar, além dos filhos de imigrantes, estudantes brasileiros.

As duas explicam que ficaram seis meses pesquisando. Da manhã de ontem até a meia noite, contaram, ficaram montando os estandes. As maquetes sobre o início do colégio foi feita em MDF, isopor e palito de picolé.

Maquete mostra a construção história da Escola Visconde de Cairu (Foto: Henrique Kawaminami)
Maquete mostra a construção história da Escola Visconde de Cairu (Foto: Henrique Kawaminami)

Rodrigo Yamashita tem 15 anos e estudou na Escola no primeiro ao sexto ano. Na feira, ele acompanha o irmão de seis. É uma tradição de família estudar no local. Os avós e tio avós estudaram ali, conta.

Pais do adolescente, Solenia Toma Gundin, 47, e o marido Saturnino Gundin, 54, afirma que não conheciam a história do colégio com detalhes. No local, o que emocionou foi um caderno com as primeiras matrículas do colégio.

“A primeira coisa que vimos foi o caderno, ficamos muito emocionados, tiramos foto de tudo. É muito legal recuperar essa história e fazer parte dessa história. É um colégio muito bom, esperamos que abra turmas de ensino médio”, comentaram.

Os pais Solenia e Saturnino (Foto: Henrique Kawaminami)
Os pais Solenia e Saturnino (Foto: Henrique Kawaminami)

Professora de inglês desde 2004, Camila Camargo Lins afirma que além da seriedade, o colégio é marcado pela boa relação entre pais e professores.

“Minha filha que hoje tem 19 anos estudou aqui até o 9º ano e meu filho de cinco anos também estuda”, conta. A professora dá aulas ao 9º ano. Esse é o lado profissional, conta ela, e o lado “mãe” confia à escola o ensino dos filhos.

“Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história. Herdamos três pilares da cultura japonesa: perseverança, determinação e disciplina. Apesar da escola ter se modernizado, com aulas de esportes e inglês e ter recebido vários alunos, continua com a cultura enraizada porque devemos tudo isso a eles [imigrantes]”, comenta.

Hugo Dávila, 32, trabalhou no setor administrativo da escola entre 2007 e 2013. Com o olho vermelho por causa do choro, ele não escondia a emoção. “Vivi momentos muitos felizes aqui, sempre que posso vou até a escola, a maioria dos professores tem mais de cinco anos, é um lugar que dá vontade de ficar. Quando trabalhei, trabalhei na portaria, anunciava aos alunos que os pais tinham chegado. Encontro alunos que perguntam qual era o carro dos pais, eu não me esqueço”, contou.

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