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Capital

Filho tenta exame para mãe de 75 anos, mas é surpreendido com ‘não’ do SUS

Idosa tem histórico de câncer na família e foi orientada a procurar rede privada

Danielle Valentim | 19/01/2018 12:01
(Foto: Divulgação/Sesau)
(Foto: Divulgação/Sesau)

Com histórico de câncer na família, uma idosa de 75 anos voltou para casa sem agendamento de um exame de mamografia em Campo Grande. Depois do “não”, o filho da paciente foi orientado a procurar a rede privada, pois os atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) seguem portaria do Ministério da Saúde, que indicia a faixa dos 50 aos 69 anos como público prioritário com maior incidência da doença e maior eficiência do exame.

Antes de buscar atendimento em consultório particular, o aposentado Paulo Cesar dos Santos Martins, de 55 anos, também procurou atendimento no Hospital de Câncer de Barretos, mas recebeu a mesma informação.

“Antes de qualquer coisa, minha mãe não conseguiu senha para atendimento no posto de saúde Ana Maria do Couto, lá mesmo me orientaram a procurar o hospital de Barretos. Como não consegui atendimento no hospital, me orientaram a procurar a Secretaria Municipal de Saúde. Na ouvidoria da Sesau, fui informado de que minha mãe não teria mais direito por causa da idade. Mas como não? Minha avó morreu de câncer, minha família tem histórico de câncer. Minha opção se tornou a rede particular. Eu acho uma desumanidade com quem contribuiu uma vida inteira”, explicou o familiar.

A Sesau informou que de acordo com as normas do Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante exame de mamografia gratuito para as mulheres brasileiras em todas as faixas etárias.

Porém, que a faixa dos 50 aos 69 anos é definida como público prioritário para a realização do exame preventivo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e seguida pelo Ministério da Saúde baseado em estudos que comprovam maior incidência da doença e maior eficiência do exame.

Estudo explica que, a partir dos 50 anos, o tecido mamário é substituído pela gordura e por isso a visualização de um possível tumor se torna mais claro. No rastreamento prioritário em mulheres com 50 anos ou mais é indicado a mamografia bilateral de rastreamento sem necessidade de pedido médico e sem apresentação de sintomas ou histórico de câncer na família. No SUS, a periodicidade indicada para realização do exame é de a cada dois anos.

Ao Campo Grande News, o médico oncologista Fabrício Colacina explicou que indicar necessidade de um exame como este, com prioridade a partir dos 50 anos é arriscado. Para o especialista a idade mínima é de 40 anos e o exame deve ser realizado todos os anos.

“Nós acreditamos em se tratar de um espaço muito grande. Nestes dois anos de espera, por um novo exame, pode surgir um tumor, que ao ser descoberto esteja em metástase devido ao diagnóstico tardio. Nós recomendamos a realização do exame a partir dos 40 anos, com repetição anual”, disse.

Tipos de exames - Esse exame (bilateral) também pode ser realizado em qualquer faixa etária desde que a paciente apresente sintomas ou histórico de câncer na família. Já a mamografia unilateral tem a finalidade de diagnóstico, avaliação do estágio do tumor e acompanhamento de doente operado de câncer de mama. Esse exame (unilateral) pode ser indicado para a mulher, em qualquer faixa etária, em uma ou nas duas mamas ao mesmo tempo. É feito conforme solicitação médica. O encaminhamento para o exame deve ser feito em qualquer unidade de saúde e o mesmo realizado no Centro Atendimento a Mulher ou rede hospitalar conveniada.

Baixa procura - Dados da gerência de Controle e Avaliação da Atenção à Saúde, da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), mostram que em 2016 foram realizadas 10.007 mamografias, sendo 8.906 bilateral para rastreamento.

Durante o período - que contempla a pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) divulgada no último dia 15 de janeiro - 111 mulheres faleceram, sendo 86 por câncer de mama e 25 por colo de útero.

A maior incidência de óbitos por câncer de mama está na faixa etária de mulheres com mais de 65 anos (31 casos), o que representa cerca de 40% do total de mortes, seguido de 45 a 55 anos (22 casos); 55 a 64 (19 casos); 25 a 44 (10 casos); 25 a 34 (4 casos), totalizando 86 mortes. Já por câncer de colo de útero a incidência é entre as mulheres de 45 e 55 anos (8), acompanhada por 35 a 44 anos (7), considerando os dados de 2016.

Quanto ao preventivo do câncer do colo de útero (papanicolau) em 2016 foram realizados 46.519 procedimentos na capital.

Todas as UBS (Unidades Básicas de Saúde) e UBSF (Unidades Básicas de Saúde da Família) da Capital oferecem serviços de prevenção e promoção à saúde integral da mulher. O agendamento de consultas e exames é gratuito.

Ao Campo Grande News, o Hospital de Câncer de Barretos informou que segue a mesma portaria do Ministério da Saúde.

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