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Capital

“Fiquei pilhado”, alega a juiz ex-guarda que matou professora e amigo

Última audiência do caso foi realizada na tarde dessa segunda-feira e réu foi ouvido

Marcos Rivany | 11/01/2021 18:03
Valtenir Pereira da Silva, réu confesso de assassinatos, enquanto guarda municipal. (Foto: Reprodução)
Valtenir Pereira da Silva, réu confesso de assassinatos, enquanto guarda municipal. (Foto: Reprodução)

Quase um ano após crime em que ex-guarda municipal matou professora e amigo e ainda atirou nas costas de uma amiga, foi feita a última audiência de instrução do processo criminal sobre o caso,  na tarde desta segunda-feira (11). A justiça ouviu Valtenir Pereira da Silva, 36 anos, réu confesso, acusado do crime e uma testemunha de defesa.

Durante a audiência, o ex-guarda disse que atirou nas três vítimas por ter “ficado pilhado” ao chegar na casa da amiga de Maxelline da Silva dos Santos, 28 anos, ex-namorada de Valtenir, e encontrar o que acreditou serem três casais. Para ele, Maxelline estava acompanhada de outro homem.

A vítima, que era professora, e Steferson Batista de Souza, de 32 anos, amigo dela, foram assassinados a tiros. Camila Telis Bispo, 31 anos, namorada de Steferson, foi ferida com um disparo nas costas.

Maxelline da Silva, vítima de feminicídio, morta por Valtenir. (Foto: Reprodução)
Maxelline da Silva, vítima de feminicídio, morta por Valtenir. (Foto: Reprodução)

Ainda conforme o interrogatório, o autor do crime afirmou ter combinado de se encontrar com ex-namorada na casa de Camila, no Jardim Noroeste para ir até o "enterro dos ossos", última festa de Carnaval, marcada para 29 de fevereiro, na Esplanada Ferroviária. Segundo o ex-guarda, ao chegar à residência viu três casais. Segundo ele, dois "oficiais" e Maxelline conversando com outro homem.

Valtenir seguiu dizendo que pediu para chamar Maxelline. Disse ter ficado por cerca de uma hora conversando em frente à casa da amiga, até que Camila foi até o portão e interferiu na conversa e foi aí que a briga começou. Ainda de acordo com a declaração do acusado durante a audiência, a amiga puxou a professora pelo braço para dentro de casa e ele a pegou pelo braço tentando impedir.

O ex-guarda afirmou ainda que Steferson saiu por conta da confusão. Para se defender, disse,  pediu para ele se afastar e em seguida efetuou o primeiro disparo, atingindo Steferson no tórax. Sobre o primeiro tiro, Valtenir disse na audiência que foi para "evitar confronto", pois, segundo o réu, ele perderia porque Stéferson é maior.

Detalhes da audiência repassados pela assessoria do fórum, destacam que em vários momento Valtenir Pereira disse não se lembrar exatamente do que aconteceu. Ele disse acreditar que depois de Steferson, atirou nas costas de Camila e depois na cabeça de Maxelline.

Valtenir quando se entregou à polícia. (Foto: Henrique Kawaminami / Arquivo)
Valtenir quando se entregou à polícia. (Foto: Henrique Kawaminami / Arquivo)

Depois de ter cometido o crime, Valtenir declarou que saiu de lá e escondeu a arma e um carregador cheio. Segundo o informado, das 7 munições na arma, 3 foram disparadas.

Ele esperou até conseguir acionar um advogado para pegar a arma de volta.

Interrogado pela promotoria sobre o porte, Valtenir declarou que tinha porte funcional da arma, com autorização para andar com ela por 24h. Ao assistente de acusação, respondeu que havia conseguido a autorização em 2016 e depois disso passou por duas avaliações.

Outro questionamento da promotoria foi sobre Valtenir ter bebido antes de ir à casa da amiga de Maxelline. O ex-guarda respondeu que consumiu de 7 a 10 garrafas de cerveja.

Medida protetiva - Dias antes do crime, em 17 de fevereiro, Maxelline fez um pedido de medida protetiva contra Valtenir Pereira. O juiz perguntou ao ex-guarda se ele havia sido intimado sobre tal pedido e o réu confirmou. Ele declarou que recebeu a intimação no dia 21, e que no dia 22, por vontade de ambos, eles se encontraram e foram junto para o festa de carnaval da Avenida Fernando Corrêa da Costa.

Duas testemunhas foram chamadas para audiência que ocorreu na tarde de hoje. Uma de defesa e outra de acusação. Como a testemunha de acusação não conseguiu ser intimada, o Ministério Público abriu mão para dar continuidade ao processo. A testemunha de defesa, um amigo de Valtenir, disse que o réu era muito tranquilo e que gostava muito da namorada.

Valtenir em trecho de vídeo, quando se entregou. (Foto: Reprodução Vídeo)
Valtenir em trecho de vídeo, quando se entregou. (Foto: Reprodução Vídeo)

Valtenir Pereira da Silva deverá responder por homicídio doloso, com qualificação de feminicídio e motivo torpe, por agir por vingança e não aceitar o fim do relacionamento e ainda por ciúmes doentio, em relação a morte de Maxelline. Pelo assassinato do amigo da ex-namorada, Steferson, o ex-guarda irá responder por homicídio simples. Pelo tiro disparado contra a amiga, Camila, será indiciado por tentativa de homicídio, qualificado recurso que dificultou a defesa da vítima.

O ex-guarda também responderá por desobediência a medida protetiva, já que ele não podia se aproximar de Maxelline.

A justiça aguarda agora um laudo pericial de um celular e depois passará para as alegações finais, quando cada parte no processo apresenta sua versão.

Na sequência, cabe a decisão do juiz sobre a sentença de pronúncia. Se a denúncia for acatada, Valtenir irá a juri popular.

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