Fogo levou das roupas ao sonho da casa nova e deixou medo de incendiário voltar

O incêndio que destruiu a casa da família de Renata Padilha de Oliveira, de 34 anos, atrasou também o sonho da construção de um novo lar, que aos poucos ganhava forma no mesmo terreno em que agora sobraram restos carbonizados de tudo que eles tinham. O medo do responsável pelo crime, o próprio cunhado, voltar ao local, fez a mulher de 34 anos e as filhas, passarem a noite acorda, revezando os cuidados uns com os outros.

Renata morava com o marido e as três filhas adolescentes na residência destruída pelo fogo na Rua Rotterdan, no Bairro Rita Vieira, em Campo Grande. Na casa vizinha, no mesmo terreno, ficavam a sogra de 77 anos, o seu filho mais velho e o cunhado, Evandro Cardoso Oliveira Romeiro, de 50 anos.

Na noite de ontem, ela e as filhas faziam as unhas sentadas no quintal e a sogra assistia televisão. Tudo ia bem, até a chegada do cunhado. Ele estava visivelmente bêbado quando se aproximou e ameaçou colocar fogo na casa. Apesar do susto com o comportamento, ninguém acreditou que isso de fato aconteceria.

Evandro, no entanto, estava determinado. Primeiro ateou fogo em uma câmara de ar e jogou ela já em chamas em uma parte do terreno onde eram guardadas coisas antigas: roupas e objetos de madeira. Tudo que tinha ali serviu de combustível para o incêndio, que se espalhou rapidamente.

O primeiro cômodo a ser atingido foi a cozinha, onde a parede era de madeira. Era ali que também ficava a cama da filha de 14 anos, que está grávida de 7 meses.

Antes de fugir, o suspeito derrubou latões de água que ficavam no quintal, acabando com qualquer possibilidade de a família reagir ao incêndio, agrediu uma das sobrinhas que tentou impedir e correu. Uma das jovens chegou a entrar na casa em chamas para tirar o botijão de gás e evitar uma explosão, mas passou mal com a fumaça e foi retirada pela mãe.

Vizinhos tentaram ajudar, usaram baldes para combater as chamas e o Corpo de Bombeiros também foi chamado, mas não houve o que fazer.

Tudo que tinham foi consumido pelas chamas. Roupas, as comprar recém feitas, o enxoval do caçula da família, que ainda vai nascer. Após a destruição, a família se abrigou na casa em que o cunhado mora e o medo com que voltasse e “terminasse o que começou”, impediu o sono. "Eu e minhas filhas nem dormimos com medo dele voltar e botar fogo aqui na casa da minha sogra, porque ele disse que ia matar a gente", fala da Renata.

Ela também precisou cuidar da sogra e do marido, que passou mal ao ver todos os bens da família destruídos. Para ela, não há explicação para o crime do cunhado, ou motivos para o ato, a não ser a própria bebida. Resta apenas o medo dele voltar.

Apesar de ainda não saber como continuar, a família vê nas paredes construídas no terreno a esperança de voltar a ter um lar para chamar de seu. Para isso pedem ajuda. A solidariedade é a única maneira de levantarem a casa ou mesmo de recuperarem as roupas destruídas pelo fogo.

Quem estiver puder ajudar pode entrar em contato com família pelo telefone do marido de Renata, o pedreiro João Maria Cardoso Romeiro: (67) 98131-0917.