Após anos de emaranhado, força-tarefa vai remover fios soltos em Campo Grande
Ação inédita une AGEMS, Prefeitura e Energisa em operação marcada para a madrugada de 27 de novembro
Depois de anos de acidentes e reclamações de moradores e comerciantes de Campo Grande, projeto piloto vai começar a retirar de Campo Grande os emaranhados de fios soltos pela cidade. Em mobilização inédita, Agems (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos), Prefeitura de Campo Grande e a concessionária Energisa lançaram oficialmente o Projeto Rede Limpa.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A Agems, a Prefeitura de Campo Grande e a Energisa lançaram o Projeto Rede Limpa, uma força-tarefa para remover fios soltos, irregulares e clandestinos na cidade. A primeira operação ocorrerá na madrugada de 27 de novembro, em um quadrilátero central da capital. A ação visa combater problemas de mobilidade, higiene urbana e riscos à segurança. Das 144 operadoras cadastradas para usar os postes, diversas instalações irregulares foram feitas ao longo dos anos, comprometendo a segurança pública e causando poluição visual. A operação contará com apoio policial para evitar religações clandestinas.
A iniciativa reúne equipes técnicas, órgãos de fiscalização e forças de segurança em uma força-tarefa para remover fios soltos, irregulares e clandestinos que hoje prejudicam a mobilidade, a higiene urbana e colocam em risco moradores e trabalhadores.
- Leia Também
- Jovem quase morre degolado com fiação solta no meio da rua
- Além de buracos, fios soltos viram mais um obstáculo em rua da Capital
A primeira grande operação, que funcionará como teste, ocorrerá na madrugada do dia 27 de novembro, em um dos quadriláteros mais movimentados do centro da Capital que ainda não tem os fios subterrâneos. A ação será realizada no período noturno para reduzir impactos no trânsito e minimizar interferências na circulação de pedestres.
A iniciativa nasce de um esforço conjunto entre a Agência de Regulação, o Município e a Energisa. Segundo o diretor-presidente da AGEMS, Carlos Alberto de Assis, essa integração representa um marco no enfrentamento de problemas históricos ligados à infraestrutura urbana.
“Quando unimos forças, quem ganha é a população. A AGEMS tem o papel de garantir à sociedade serviços públicos mais eficientes e seguros. Este projeto mostra como a regulação, quando dialoga com o município e com a concessionária, transforma realidades e entrega resultados práticos para as pessoas”, afirma.
Atualmente, a Energisa possui 144 operadoras de telecomunicação cadastradas e autorizadas a utilizar os postes. Apenas empresas com contrato e identificação podem instalar cabos. No entanto, ao longo dos anos, inúmeras operadoras irregulares colocaram fios sem controle técnico, o que resulta em excesso de carga, risco de acidentes elétricos, poluição visual e comprometimento da segurança pública.
O diretor de Gás e Energia da AGEMS, Matias Gonsales, explica que a operação é urgente e essencial. “A AGEMS fiscaliza a distribuição de energia elétrica por delegação da ANEEL. Abaixo dos cabos de energia são instalados os fios de comunicação, mas isso só pode ocorrer seguindo normas claras da ANEEL e Anatel. Empresas não regulares influenciam diretamente na segurança elétrica e na estabilidade do fornecimento de energia. Por isso, chamamos o município e a Energisa para uma ação conjunta. É uma medida para proteger o cidadão, evitar acidentes e cumprir nossa missão de fiscalização.”
Como será a operação? - O ponto de partida do Projeto Rede Limpa será um quadrilátero central formado pelas ruas Avenida Mato Grosso, 13 de Maio, Afonso Pena e Calógeras, incluindo vias internas como 14 de Julho, Antônio Maria Coelho, Maracaju, Marechal Rondon, Dom Aquino e Barão do Rio Branco.
A operação começará às 22h e seguirá até 5h da manhã, horário escolhido para evitar interferências na mobilidade durante o período de maior fluxo.
Um Grupo de Trabalho formado pela AGEMS, SEAR (Secretaria Especial de Articulação Regional), Defesa Civil, Semades, Secretaria de Justiça e Segurança Pública, Agetran, Energisa e demais equipes técnicas já coordena mapeamento, planejamento logístico e identificação dos cabos irregulares.
O secretário da SEAR, Darci Caldo, lembra que a ação ocorre no momento ideal, especialmente com o aumento da circulação no centro para o período natalino.“A população reclama dos fios; eles oferecem risco para motociclistas, pedestres e incentivam furtos. Além disso, temos a questão estética — o Natal será no centro. Precisamos de uma região segura, bonita e organizada. Este projeto piloto começou numa conversa entre a prefeitura e a AGEMS, e hoje se torna uma grande ação de confiança, segurança e cuidado com a cidade.”
O secretário da Semades, Ademar Silva, reforça que o trabalho conjunto é fundamental para um resultado imediato e eficaz. “A parceria com a AGEMS e com a Energisa demonstra maturidade institucional. Cada órgão entra com sua competência e seu compromisso, e nosso papel é garantir que a cidade funcione, que as equipes estejam alinhadas e que a operação produza resultado real para a população. É um passo firme para devolver ao cidadão um espaço organizado, seguro e digno.”
Responsável pelos postes, a Energisa será a executora direta da remoção dos fios. Cabos partidos, soltos, abandonados ou instalados sem identificação serão retirados.
“Nosso trabalho será retirar tudo o que estiver instalado de forma clandestina ou sem condições adequadas. As fibras ópticas devidamente identificadas permanecem. O que não estiver identificado, conforme previsto em contrato, será retirado. É um trabalho técnico, cuidadoso, seguindo todas as normas de segurança. As empresas regulares, que respeitam os contratos, não serão impactadas”, explica o gerente de serviços comerciais da Energisa MS, Arthur Rocha.
Após a operação, equipes das forças policiais metropolitanas manterão rondas preventivas e periódicas para evitar a religação irregular dos cabos. O objetivo é garantir que o esforço conjunto produza resultados permanentes, não apenas pontuais.
Problema antigo - A desordem e o acúmulo de fios soltos nos postes é tema recorrente de reclamações da população e pauta constante no Campo Grande News, que há anos registra os riscos e impactos da fiação irregular na cidade.
A discussão também ganhou força no âmbito político. O deputado estadual Paulo Duarte (PSB) vem cobrando providências desde o início da legislatura, questionando a responsabilidade pelas redes de internet e telefonia que continuam abandonadas ou penduradas nos postes.
A pressão resultou em uma representação formal apresentada pelo parlamentar contra a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), solicitando que o órgão determine às concessionárias de telecomunicação a retirada imediata dos cabos em desuso. O documento foi protocolado no MPF (Ministério Público Federal), reforçando a necessidade de ação efetiva e coordenada para resolver a situação que há anos compromete a segurança e a estética urbana da Capital.




