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Capital

Greve impacta no bolso de trabalhador que depende do transporte coletivo

Corrida chegou a custar 70% a mais do que em dias normais e valor ainda oscilou durante a manhã

Por Ana Paula Chuva | 15/12/2025 09:55
Greve impacta no bolso de trabalhador que depende do transporte coletivo
Maria Alice trabalha fazendo panfletagem e pagou quase R$ 50 na corrida (Foto: Marcos Maluf)

A paralisação total do transporte coletivo na manhã desta segunda-feira (15) reflete diretamente nos trabalhadores que dependem dos ônibus para deslocamento. A greve dos motoristas do Consórcio Guaicurus, motivada pelo atraso no pagamento de salários e benefícios, deixou terminais e pontos de ônibus vazios e obrigou usuários a recorrerem a alternativas como aplicativos de transporte.

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A greve dos motoristas do Consórcio Guaicurus em Campo Grande afeta mais de 100 mil usuários do transporte coletivo. A paralisação, motivada pelo atraso no pagamento de salários e benefícios, obrigou trabalhadores a buscarem alternativas mais caras, como aplicativos de transporte. O impacto financeiro é significativo para os usuários. Trabalhadores relatam que as corridas por aplicativo chegam a custar o dobro do valor habitual, comprometendo grande parte de suas diárias. Sem previsão de retorno dos ônibus, a categoria mantém a greve até a quitação total dos pagamentos pendentes.

De acordo com a panfletista Maria Alice Oliveira, de 21 anos, ela contou que recebe R$ 80 por dia e que, hoje, a corrida de aplicativo custou quase R$ 50, ou seja, pouco mais da metade da diária dela. A jovem percorre cerca de 24 km para ir e voltar.

“Venho do Coophavilla II e normalmente quando preciso pegar o carro de aplicativo a corrida não passa dos R$ 26. Eu até pensei que os ônibus voltariam a circular depois de algumas horas, mas não voltou e precisei da corrida que custou quase 50 reais”, disse a panfletista.

Ao Campo Grande News, ela afirmou que se continuar dependendo do aplicativo vai acabar pesando no orçamento. “Vai dificultar muito. Até porque nem todo dia a gente tem dinheiro. Se botar na ponta do lápis, vou acabar pagando para trabalhar”, afirmou Maria Alice.

Uma alternativa encontrada pela vendedora Ketlen Jacinto, 24 anos, foi dividir a corrida com uma amiga. Ela saiu do Bairro Caiçara, passou no Jardim São Conrado e ambas foram juntas para o Centro por R$ 40, valor bem acima do que pagaria em um dia normal.

“Eu pago em dia normal, R$ 15. Na última paralisação chegou a custar R$ 70, mas acabei nem precisando porque os   ônibus voltaram rápido a circular. Agora se continuar em greve vai impactar muito no fim do mês. Nós trabalhamos a semana toda e esse dinheiro vai fazer diferença porque seria usado para pagar outra coisa”, pontuou a vendedora.

Greve impacta no bolso de trabalhador que depende do transporte coletivo
Ketlen descendo do carro de aplicativo na manhã desta segunda-feira (Foto: Marcos Maluf)

Diferente delas, o motorista Nilson Figueiredo, 45 anos, acabou pegando uma promoção e pagou R$ 17 na corrida que geralmente custa 40. O trabalhador sai do Bairro Jardim Noroeste e vai até as Moreninhas todos os dias, mas afirma que o valor vai impactar no fim do mês.

“Se precisar pegar o aplicativo todo dia vai ser um impacto grande, até porque com essa greve, amanhã não vou conseguir uma promoção dessas. Esse valor dá pelo menos metade da minha diária e no fim do mês vai ser quase metade do salário, vai apertar bastante", alegou.

Greve impacta no bolso de trabalhador que depende do transporte coletivo
Nilson conseguiu promoção, mas acredita que amanhã valores estarão mais altos (Foto: Marcos Maluf)

Greve - Segundo o STTU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), a categoria ficou em casa porque o pagamento do salário de novembro, do 13º salário e do adiantamento salarial não foi quitado de forma integral, mesmo após o consórcio pagar apenas metade dos valores devidos na última sexta-feira (12).

A paralisação dos motoristas afeta mais de 100 mil usuários do transporte coletivo na Capital, entre trabalhadores, estudantes e demais cidadãos que dependem do serviço diariamente. A categoria decidiu manter a greve após assembleia, exigindo a quitação total dos salários e benefícios pendentes para retomar as atividades.

Até o momento, não há previsão de retorno dos ônibus às ruas, e a situação segue gerando transtornos na mobilidade urbana, com impacto notável no orçamento de quem precisa trabalhar ou realizar compromissos fora de casa.

Greve impacta no bolso de trabalhador que depende do transporte coletivo
Ponto de ônibus vazio na região central nesta segunda-feira (Foto: Henrique Kawaminami)