Grupo contrata advogado e topógrafo para invadir área "abandonada" há 5 anos

Cerca de 80 pessoas invadiram um terreno na Rua dos Gonçalves, no bairro Jardim Monte Alegre, em Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (19). Segundo o proprietário, elas roçaram o mato, dividiram a área em lotes e preparavam o espaço para montar barracos, o que motivou o registro de boletim de ocorrência e a intervenção da PM (Polícia Militar). O grupo afirma que ocupou o local porque o terreno estaria abandonado, sem cercas e tomado por lixo.

O dono da área, de aproximadamente quatro hectares, relatou à Polícia Civil que o imóvel está regularizado, quitado e com matrícula registrada no cartório. Segundo ele, a cerca foi retirada durante uma obra de pavimentação feita pela prefeitura na Rua dos Gonçalves, o que deixou o espaço desprotegido.

Ainda conforme o boletim de ocorrência, o proprietário recebeu informações pela manhã sobre a movimentação no local. Ao chegar, encontrou dezenas de pessoas com foices e facões limpando o terreno. Parte da vegetação já havia sido retirada, e os invasores começaram a demarcar lotes de forma organizada.

Um dos moradores contou que o grupo vinha observando o terreno há pelo menos cinco anos. Eles alegam que, durante todo esse tempo, a área permaneceu abandonada, servindo como depósito de lixo, carcaças de animais e até ponto de consumo de drogas. Disse ainda que o grupo contratou advogado e topógrafo para fazer o levantamento da matrícula do imóvel e avaliar a situação jurídica.

Ainda de acordo com os ocupantes, a maioria das famílias não consegue pagar aluguel. Eles afirmam que se organizaram desde janeiro deste ano para ocupar o espaço e garantir um local para construir moradias. Entre os presentes há crianças, idosos e mulheres.

Durante a manhã, equipes da Guarda Civil Metropolitana, da Polícia Militar Ambiental e do Batalhão de Choque foram até o terreno. Inicialmente, orientaram os ocupantes, mas, na parte da tarde, a PM retornou e determinou a saída das famílias.

Uma retroescavadeira também foi levada para o local para ajudar na retirada dos materiais usados na ocupação. Os moradores questionaram a ação da máquina, alegando que ela atuou sem licença ambiental, já que há animais silvestres na região.

O caso foi registrado como esbulho possessório na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro. Até a publicação desta reportagem, o proprietário e o advogado que representa as famílias não responderam aos questionamentos do Campo Grande News. O espaço segue aberto para manifestações.

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