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HRMS confirma mudança e até pacientes com doenças raras vão passar por regulação

Para urgências, UPA será porta de entrada antes do atendimento no Regional

Por Ketlen Gomes | 18/08/2025 15:34
HRMS confirma mudança e até pacientes com doenças raras vão passar por regulação
Mesmo pacientes com doenças raras deverão ir para UPAs em casos de urgência, diz HRMS. (Foto: Paulo Francis)

O HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) confirmou nesta segunda-feira (18) que mesmo em caso de doenças raras ou crônicas, que necessitem de atenção de alta complexidade, deverão seguir a mesma orientação dada aos demais usuários do PAM (Pronto Atendimento Médico) do hospital para casos de demanda espontânea. A medida inclui os pacientes hemofílicos, que estavam apreensivos com a decisão.

RESUMO

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O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) confirmou que pacientes com doenças raras, incluindo hemofílicos, deverão seguir o mesmo protocolo de atendimento dos demais usuários. A partir de agora, o hospital só atenderá pacientes com encaminhamento prévio, orientando que casos de urgência sejam direcionados às unidades de saúde mais próximas. A decisão gerou preocupação entre pacientes hemofílicos, que necessitam de atendimento especializado e medicamentos específicos em casos de sangramento. Representantes da comunidade hemofílica alertam sobre a falta de preparo das unidades básicas de saúde para lidar com casos complexos e temem que o tempo de deslocamento até uma UPA possa agravar quadros emergenciais.

A partir de agora, o hospital não receberá mais pacientes sem encaminhamento prévio. Em nota, o HRMS informou que “orienta que, em situações de urgência, os pacientes hemofílicos procurem a unidade de saúde mais próxima de sua residência”.

No Hospital Regional, continuará funcionando apenas o ambulatório específico para acompanhamento de pacientes hemofílicos, vinculado ao Hemosul. A unidade esclareceu ainda que o HUMAP (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), ligado à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), é o hospital de referência para esses atendimentos.

Segundo o HRMS, desde 8 de julho de 2019 já estava previsto, no Plano de Ação Regional da Rede de Atenção às Urgências e Emergências, que o atendimento fosse feito por encaminhamento de outras unidades. “Essa organização segue os princípios do SUS e garante a hierarquização da assistência”, destacou a instituição.

Preocupação - A decisão aumentou a apreensão de pais e pacientes hemofílicos em Campo Grande. Wanderley Espíndola Barrios, de 29 anos, padrasto de um menino de seis anos com hemofilia A moderada, afirma que o tratamento exige atenção constante.

Ele explica que a criança precisa de um medicamento que repõe a proteína 8 sempre que sofre cortes ou contusões que podem provocar sangramentos, inclusive internos. “O risco é de virar uma sequela mais grave, já que ele não tem fator de coagulação. Nossa preocupação foi confirmada, porque só temos como referência o Hospital Regional”, disse.

Wanderley acredita que o Estado tem o dever de garantir a vida dos pacientes hemofílicos, especialmente daqueles que não fazem uso de profilaxia e precisam do medicamento apenas em casos emergenciais.

A mesma preocupação é compartilhada por Neder Santos, de 43 anos, hemofílico A grave e representante da Associação dos Hemofílicos de Mato Grosso do Sul. Ele critica a falta de contrato de hematologia no município e lembra que os postos de saúde contam, em sua maioria, apenas com clínicos gerais. “Eles não têm preparo para lidar com o paciente hemofílico”, observa.

Neder afirma que pretende dialogar com representantes do Hospital Regional e do Hemosul para entender melhor a situação.

Risco - De acordo com os pacientes, problemas comuns de saúde, como gripe ou dor de cabeça, já são tratados em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). A preocupação é quando há sangramento.

“Ninguém procura o hospital sem ser por causa de um sangramento. Nos casos mais graves, principalmente de crianças, a medicação que temos protege só até certo ponto. Em acidentes ou traumas, é preciso outro tipo de tratamento. E a rede municipal não tem esse medicamento nos postos. Então, de um jeito ou de outro, a gente precisa do hospital”, reforça Neder.

Entre os temores está o tempo gasto até chegar a uma UPA, o que pode agravar o quadro. Além disso, os hemofílicos acreditam que a medida vai sobrecarregar as unidades, que depois precisarão encaminhar os pacientes de volta para o hospital.

A hemofilia é um distúrbio genético e hereditário que impede o sangue de coagular normalmente, provocando sangramentos internos e externos em casos de lesão.

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