Idosos aproveitam passe livre, antes de benefício ser bloqueado por prefeitura
Foi anunciado pela prefeitura que a partir de amanhã (21) até o dia 5 de abril vão ficar suspensos os cartões de gratuidade

Um dia após o decreto da Prefeitura de Campo Grande suspendendo os cartões de gratuidade a partir de amanhã (21) para tentar reduzir a disseminação do novo coronavírus, José Idalino dos Santos, 71 anos, aproveitou a manhã para ir ao supermercado fazer compras. No grupo de risco e renal crônico, o idoso afirma que o seu único transporte é o ônibus e nesses dias de suspensão pretende ficar em casa até tudo se normalizar.
“Não é brincadeira. O jeito é ficar em casa, respeitar a situação e tomar cuidado. Se a gente contrair essa doença, sabe lá Deus o que pode acontecer”, resumiu Idalino. Ele mora no Jardim Novos Estados e acordou cedo para agilizar o que precisava fazer antes de começar a valer a medida. “Vou comprar o básico. Não vou estocar nada”, disse.
Em decreto, publicado em edição extra do Diogrande desta quinta-feira (19), foi anunciado que a partir de amanhã até o dia 5 de abril, vão ficar suspensos os cartões de gratuidade no transporte coletivo da Capital. A medida afeta 80 mil pessoas, entre estudantes (que já estão com as aulas suspensas) e idosos. Por dia, circulam nos ônibus de Campo Grande em torno de 200 mil pessoas. Em outra medida, a prefeitura também restringiu ainda mais o público máximo recomendado em eventos: agora a orientação é para que sejam apenas vinte pessoas.
A doméstica Joanilda Militão de Araújo, 47 anos, aprovou a medida adotada pela prefeitura para manter os idosos em quarentena. “Está certo, tem que suspender mesmo. Eu só não fico em casa porque não posso, tenho que trabalhar”, disse. Ela acrescentou que confia nas autoridades de saúde e está seguindo todas as recomendações possíveis.

Vendedora em uma loja de produtos ortopédicos e gestante de 6 meses, Débora Pereira Rodrigues, 25 anos, se preparava para pegar o ônibus no Terminal Nova Bahia para ir ao trabalho no Centro. Ela afirma que está com medo da doença avançar ainda mais e optou a ficar em casa a partir de amanhã para preservar a saúde dela e a do bebê. “Vou sair do emprego. Conversei com o meu marido e vou ficar em casa por enquanto. O proprietário da loja não entende que, agora, a prioridade é a saúde de todos”, disse.
A dona de casa Narcisa Pereira de Souza, 58 anos, ficou sabendo nesta manhã que os cartões de gratuidade serão suspensos. Ela não está no grupo dos idosos que não pagam a passagem, mas afirma que a situação vai prejudicar o marido que tem 67 anos, e utiliza do transporte gratuito para levar o filho do casal de 7 anos para ir ao médico.
“Nosso filho faz acompanhamento no Capsi (centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil) no Guanandi. Ele tem consulta marcada na segunda-feira (23). Se até lá a consulta não for cancelada, vamos ter que nos organizar para pagar a passagem”, reclamou.
Um funcionária do terminal, disse que desde a última quarta-feira (18) notou uma redução de passageiros no local. "O que lota o terminal são os estudantes", explicou. Ela também percebeu que diminuiu a quantidade de idosos circulando no terminal de transbordo.
Em novo Boletim Epidemiológico do coronavírus foram divulgados 9 casos confirmados da covid-19 em Mato Grosso do Sul. São mais dois em relação ao levantamento de quarta-feira (18) e o primeiro caso fora de Campo Grande. A primeira cidade do interior a registrar a doença oficialmente é Sidrolândia.
