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Capital

Impunes e sem medo, adolescentes e andarilhos aterrorizam moradores

Graziela Rezende | 08/05/2014 08:32
Comerciante diz que "coragem de viver" é maior do que medo de assaltos. Foto: Cleber Gellio
Comerciante diz que "coragem de viver" é maior do que medo de assaltos. Foto: Cleber Gellio

Sentindo-se a mercê de bandidos, moradores do bairro Maria Aparecida Pedrossian, na Capital, sofrem com a “onda” de assaltos na região. Sem esconder o rosto e em plena luz do dia, adolescentes e andarilhos aterrorizam comerciantes e furtam residências. A violência é tamanha que todos os locais visitados pelo Campo Grande News, de farmácias a salão de beleza são vítimas de constantes assaltos.

“Todos os clientes que chegam aqui não tem outro assunto. Eles vão à padaria, ao mercado, loja de material de construção e até no vendedor de frutas e ficam sabendo que todos esses locais já foram assaltados. Depois da 3ª vez que aconteceu aqui, nem falo mais. É uma sensação horrível, principalmente, porque o policiamento aqui é muito precário”, diz uma farmacêutica de 29 anos, que prefere não se identificar.

Na última vez, ela disse que chegava à farmácia, por volta das 8h, quando os bandidos já estavam lá dentro. “Eles chegaram a pé, renderam funcionários e três clientes. Levaram o dinheiro, celulares de todos e até cosméticos. Na ocasião fugiram com a moto do nosso entregador e por conta disso mudamos toda a nossa rotina, inclusive com o depósito do movimento”, comenta a farmacêutica.

Prejuízo - Em frente do local, na rua Alencarliense Alves, outra vítima com prejuízo muito maior. Há pouco mais de dois anos, com R$ 30 mil em roupas para as vendas de final de ano, Claudinéia Rodrigues Aguiar, 30 anos, foi assaltada. O crime ocorreu durante a madrugada, quando os bandidos estacionaram um veículo roubado no bairro Taquarussú e fizeram um “limpa”.

“Eles só não pegaram a roupa do manequim porque daria muito trabalho. A mercadoria não estava paga e por conta disso entrei em uma bola de neve, com cheques e dívidas a pagar. Foi somente agora, há pouco tempo, que consegui me restabelecer, com um salão de beleza. Nem conta mais com a Polícia e por conta própria instalei câmeras e alarme”, diz a empresária.

Há poucos dias, ela ainda disse que um morador de rua entrou em seu comércio pedindo dinheiro. “A porta ficou um pouco aberta e, assim que eu me dirigi ao banheiro, ele retornou para pegar uma calça. Não achei justo aquilo e saí atrás dele, denunciando na rua, até a sua prisão. Porém, ao chegar à delegacia, a autoridade policial o liberou dizendo que era um coitado e que tinha levado somente uma calça”, relembra a empresária.

Coragem - Uma quadra adiante, outro farmacêutico fala dos assaltos. “Sou o comerciante mais antigo nessa área aqui no bairro e fui assaltado quatro vezes nos últimos oito anos. Eles agem sempre da mesma maneira, em dupla e de moto. Se disser que não tenho medo, estou mentindo, mas a minha coragem de continuar vivendo é bem maior. Mas digo que o policiamento aqui é muito fraco, passam rapidamente na avenida. Porém, quando pagamos o alvará, a segurança está inclusa, mas na prática não é bem assim”, lamenta o comerciante Luiz José de Melo, 48 anos.

Em sua farmácia, ao invés de vidros, ele preferiu desistir da estética para colocar grades. “Não temos uma base e a Polícia aqui da região cuida do Tiradentes, Rita Vieira, Panorama, Maria Aparecida Pedrossian e outros. E ainda temos a proximidade com o presídio e os andarilhos que saem do Cetremi (Centro de Triagem do Migrante)”, diz.

A reportagem ainda localizou o vendedor de frutas que foi vítima de um assaltante ontem (6). Ele foi abordado por um garoto, com uma arma em punho. O menino dizia ao “tio” que estava querendo rir, mas de nervosismo e foi embora após levar R$ 120. A vítima, no entanto, não quis dar mais detalhes do crime. O fato foi registrado na Polícia.

Reação - Sobre o policiamento na região, a major Sandra Alt informou que a região é comandada pelo 9ª BPM (Batalhão da Polícia Militar). “As rondas estão sendo realizadas, bem como a operação Saturação. O que infelizmente acontece é que prendemos e logo em seguida, por conta das leis brandas, essas pessoas são soltas. No entanto, a Polícia percorre todas as ruas, cumprindo a determinação do comando”, afirma a major.

Questionado sobre um posto policial, que é uma reivindicação antiga dos moradores, o titular da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Wantuir Jacini, disse que é necessário primeiro um estudo.

“Nós mobilizamos uma equipe para isso, enquanto é melhor ter uma volante. E a Polícia está fazendo o seu trabalho. Nesta madrugada, por exemplo, dois indivíduos que cometeram um assalto foram presos. Eles ainda são suspeitos de abordar um taxista naquele bairro”, diz o secretário.

"Mesmo assim, nós reforçaremos o policiamento a partir de hoje”, garante Jacini.

Farmácia assaltada três vezes muda rotina para prevenir crimes. Foto: Cleber Gellio
Farmácia assaltada três vezes muda rotina para prevenir crimes. Foto: Cleber Gellio
Empresária tenta se restabelecer após "limpa" em sua loja de roupas. Foto: Cleber Gellio
Empresária tenta se restabelecer após "limpa" em sua loja de roupas. Foto: Cleber Gellio
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