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Capital

Inocentados de caso Mayara buscam recomeço e ainda temem represálias

Ronaldo Olmedo e Anderson Pereira falaram pela primeira vez do ocorrido desde que foram soltos oficialmente pela Justiça

Rafael Ribeiro | 28/08/2017 19:28
Ronaldo Olmeiro e Anderson Pereira, no escritório dos advogados que os representa (Foto: André Bittar)
Ronaldo Olmeiro e Anderson Pereira, no escritório dos advogados que os representa (Foto: André Bittar)

Exatos 13 dias depois de serem absolvidos pela Justiça de qualquer participação no latrocínio (morte em assalto) da musicista Mayara Amaral, 27 anos, no fim de julho, falaram pela primeira vez sobre o caso e principalmente da dificuldade em retomar a vida após serem atrelados ao crime bárbaro que chocou o Brasil.

O ajudante geral Ronaldo da Silva Olmedo, o ‘Cachorrão’, 30, e o pedreiro Anderson Sanches Pereira, 31, atenderam o Campo Grande News no escritório dos advogados que cuidam de seus casos, no bairro Santa Fé (região central de Campo Grande).

‘Cachorrão’ é quem mais fala, colocação que pode até soar coerente pelo fato de ser o único livre de qualquer acusação. Diferente de Pereira, que ainda responderá pela receptação do Gol branco de Mayara, roubado pelo único acusado do assassinato, Luís Alberto Bastos Barbosa, 29.

“Foi um verdadeiro susto para a gente (o caso). Com certeza não agimos de má fé, não sabíamos de nada. Ele (Luís) ofereceu o carro para a gente, era algo de negócio. E quando fomos ver a polícia estava na nossa porta já”, disse Olmedo.

Relembrando o dia do crime, ‘Cachorrão’ diz que Luís lhe ligou na manhã do dia seguinte oferecendo o Gol . Marcaram então para a noite, quando ele desistiu da compra, mas Pereira se interessou. Não deu tempo da compra ser efetuada. Na manhã seguinte já foram presos.

“Falaram tudo de mim, que eu andava com o martelo, que estava no motel. Ninguém acreditou na gente”, disse Olmedo. “Os caras me queriam preso de qualquer jeito, nunca mexi com nada errado, fiquei com medo de plantarem algo, mas tudo ocorreu bem.”

Amizade – ‘Cachorrão’ conheceu Luís das pistas de skate de Campo Grande, na juventude, quando ambos praticavam e até disputaram na condição de amadores.

Três meses antes de Mayara morrer, ambos se reencontraram. Começaram a ter encontro0s para beber e conversar. “Era uma amizade, mas sentia que ele já estava consumido pela droga. Era sempre inquieto, sempre tinha de ir embora rápido dos locais”, disse.


Dentro do Presídio de Trânsito, onde ambos ficaram presos por cerca de 15 dias, Luís mudou sua personalidade. Mas em uma única frase resume o que acha do ex-colega. “É um psicopata né”, disse.

Futuro – Foi somente depois de livres do presídio que ambos mediram a gravidade do ocorrido, a repercussão. Boa e ruim.

Mesmo absolvidos, ‘Cachorrão’ e Pereira estão desempregado. O primeiro perdeu até os bicos que fazia enquanto não aparecia trabalho formal. O segundo foi demitido por conta do assédio da imprensa ao seu antigo local de trabalho.

“Filmaram a fachada, expuseram ele. Quando saí cheguei lá e ele disse que não dava para mim continuar”, destacou Pereira.


O medo também é constante. Criminosos do Presídio de Trânsito ameaçaram ambos, o que os deixa em sinal de alerta mesmo absolvidos, já que na avaliação de ambos as pessoas ainda não entenderam que são inocentes.

“A bandidagem não aceita esse tipo de crime, as pessoas julgando a gente, ameaçando a gente de morte. A gente passou um risco grande de morrer”, disse ‘Cachorrão’.

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