Já foi vítima de roubo ou furto? Marque o seu bairro no mapa da insegurança
Especialista em segurança destaca importância de registrar BO para se traçar "mancha criminal"
O Campo Grande News quer saber qual a percepção de segurança no seu bairro. Já foi vítima de roubo, furto? Ou, pelo contrário, avalia o bairro como tranquilo? Envie o seu relato no mapa interativo. Basta clicar em "enviar relato", digitar o seu endereço e registrar a sua opinião. Todos os dados pessoais serão preservados.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Levantamento feito pelo Campo Grande News revela a percepção de segurança nos bairros da capital sul-mato-grossense. Moradores compartilharam relatos de roubos e furtos, enquanto outros consideram seus bairros tranquilos. Os dados mostram que o Centro lidera as ocorrências de furtos no primeiro semestre de 2025, seguido pelo Amambaí e Aero Rancho. Em relação aos roubos, o Centro também ocupa o primeiro lugar, com Universitário e Jardim Noroeste em segundo e terceiro, respectivamente. Enquanto alguns bairros sofrem com a criminalidade, Santa Carmélia, Flamboyant e North Park não registraram roubos ou furtos no mesmo período. Especialistas atribuem essa segurança à presença ostensiva da polícia e ao perfil residencial. A subnotificação de crimes dificulta o mapeamento das áreas de risco, prejudicando o planejamento das ações policiais. A reportagem tentou contato com a Polícia Militar e a Polícia Civil para análise dos dados, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
- Leia Também
- Onde os ladrões atacam? Veja quantos furtos e roubos ocorreram no seu bairro
- Alvo preferido dos ladrões, celular sai do seu bolso para virar “oferta” em site
Na Vila Sobrinho, Clara Santos conta que estava no ponto de ônibus, assistindo videoaula, quando motociclista veio pela calçada e puxou seu celular. “Lembro até hoje da moto azul. Já tinha percebido ele estacionado na esquina, mas não imaginei que ele iria levar meu celular".
Renan Gomes traz um relato sobre assalto no Bairro Amambaí e como o crime afetou sua vida. “Eu fazia faculdade ali do lado da [igreja] Perpétuo Socorro, no período noturno. Entrei para a primeira aula e, quando saí do intervalo, a minha moto não estava mais. Tive que juntar dinheiro para recomeçar e comprar uma nova. Eu usava a moto para trabalho e para estudar, tive que largar a faculdade porque não tinha como ir”.
No Jardim Noroeste, Iara Ribeiro relembra o susto de ter uma faca no pescoço, quando ia para o trabalho. “Estava saindo para trabalhar, por volta das 5h30, com fone de ouvido, quando um cara parou do meu lado, colocou a faca no meu pescoço e disse: ‘passa o celular’. Eu demorei para entender o que estava acontecendo” Ela conta que conseguiu escapar, mas não usa mais o fone de ouvido na rua.
Morador na Vila Nasser, Ramon Machado relata que o bairro é tranquilo. “Tem furto, mas são poucos. Aqui tem bastante gente, principalmente de noite, que passa empinando [moto] na avenida”.
Deny Loubet afirma que a sensação de insegurança é maior para as mulheres. “A gente, mulher, não consegue fazer exercícios no [Parque] Sóter. De manhã, é muito perigoso, tem que estar sempre acompanhada. Tem que ver os horários por conta dos assaltos. Está acontecendo bastante ali”.
Na Vila Jacy, Márcia Saquete conta que ladrões já conseguiram arrancar uma mesa de ferro chumbada na parede. “Você fica à mercê. Eu coloquei câmera de segurança, pago R$ 80 para o guardinha da rua cuidar da casa para nós. Temos que fazer o que dá para se sentir seguro.”
Cícero Valério dos Santos opina que a situação na Vila Jacy já foi mais grave. “Antes era pior, agora deu uma melhorada, mas ainda tem muitos usuários de drogas aqui”.
O mapa da insegurança por Campo Grande mostra que o Centro é o “campeão” de furtos no primeiro semestre de 2025. Foram 859 casos. O segundo bairro com mais ocorrências é o Amambaí, no entorno da região central (225 registros). Já o terceiro fica na borda da cidade, no Bairro Aero Rancho, com 203 casos.
Na rota da criminalidade, mas com enfoque no número de roubos (ação mais violenta, que inclui grave ameaça), o Centro também desponta como endereço do perigo. Foram 112 casos neste primeiro semestre do ano. O Universitário vem em segundo lugar, com 25 registros, enquanto o Jardim Noroeste ficou na terceira colocação: 23 roubos.
Bairros zerados
Estatísticas obtidas pelo Campo Grande News mostram que três bairros de Campo Grande não tiveram registro de roubo e furto neste primeiro semestre de 2025: Santa Carmélia (região do Manoel Taveira), Flamboyant (saída para Três Lagoas) e North Park (região Norte).
De acordo com Alírio Villasanti Romero, que é coronel da PM (Polícia Militar), tem 32 anos de experiência e foi presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal de Campo Grande, os três bairros têm perfil mais residencial.
No caso do Flamboyant, ele destaca que a localidade conta com delegacias na vizinhança, como o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestro) e o Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada).
“O Flamboyant é residencial, tranquilo. Conheço bem a região e vejo a presença muito ostensiva do 9º Batalhão da PM, com trabalho muito bom, e da Guarda Civil Metropolitana. Tem a presença, de certa forma, do Batalhão de Choque, que fica na Afonso Pena e está sempre circulando pela região. Além da presença da cavalaria”, diz Villasanti.
Ele é colunista do Campo Grande News sobre segurança e cidadania. Villasanti reforça a orientação para registrar todos os furtos e roubos. “A subnotificação acaba dificultando o planejamento do trabalho da PM e da Polícia Civil, quando não tem mapeamento, que chamamos de manchas criminais, os crimes não são devidamente identificados”.
Neste ano, de janeiro a junho, 29 bairros da Capital não tiveram registro de furto.Enquanto que em 64 bairros não foram registrados roubos.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar e a Polícia Civil para analisar os resultados. Mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.
"Ilha de tranquilidade" divide moradores
Fátima Lopes, 50 anos, mora no Santa Carmélia há três anos e acha que o bairro é "bem tranquilo mesmo". Ela conta que costuma fazer caminhadas e sempre vê vários vizinhos caminhando, de forma despreocupada.
"Nunca ouvi casos de furtos e assaltos por aqui. Graças a Deus, também nunca aconteceu nada em casa".
Para Jaqueline Leão Santos, 25 anos, o bairro é seguro e destaca a vizinhança militar. "Já tem cinco anos que moro aqui e sempre achei tranquilo. Então, nem queixas eu coloco. Pelo contrário, tem muitos elogios. Posto de saúde, mercado, escola, tudo de qualidade. Penso que não tem tanto crimes por conta de ser uma região militar".
Na avaliação do marceneiro Cristiano Jesus de Souza da Silva, 38 anos, o Santa Carmélia é "mais ou menos" seguro. Ele, que mora por lá há quatro anos, acredita em subnotificação. Pois, recentemente, sua esposa presenciou furto no ponto de ônibus.
"Geralmente, as pessoas não vão fazer o Boletim de Ocorrência e fica por isso mesmo. É uma burocracia danada para fazer o BO. Às vezes, você chega lá e não tem ninguém para te atender".
Ivete Pereira Santos, 72 anos, mora no bairro há cinco décadas. "Aqui já foi seguro, hoje em dia não acho mais não. Antes invadiam o posto de saúde, agora voltou tudo de novo". Ela conta que ladrões já entraram na sua casa em 2025, mas não levaram nada.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.