Jovem amarrado e agredido por guardas vive nas ruas e foi liberado 24h depois
Rapaz foi contido após entrar em residência e furtar um pulverizador manual avaliado em R$ 600
O jovem de 27 anos, que foi amarrado por moradores do Bairro Morada Verde e agredido por guardas municipais no dia 4 de junho já está em liberdade. Ele vive em situação de rua, e é dependente químico. Apesar de possuir outros antecedentes criminais foi liberado após audiência de custódia, 24 horas depois, no dia 5 de junho.
RESUMO
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Jovem de 27 anos, dependente químico e com antecedentes criminais, foi agredido por guardas municipais em Campo Grande após furtar um pulverizador. Ele foi contido por populares e amarrado até a chegada da polícia. A ex-companheira relatou que ele está em situação de rua há meses e faz uso de drogas. Vídeo da agressão mostra o jovem imobilizado, sendo ofendido e agredido fisicamente pelos guardas. Apesar das imagens, laudo médico não constatou lesões. A Guarda Civil Metropolitana afastou os servidores envolvidos e abriu processo administrativo. O secretário de segurança lamentou o ocorrido e pediu desculpas à população.
Conforme o processo, obtido pelo Campo Grande News, o rapaz foi contido ainda dentro da propriedade onde cometeu o furto de um pulverizador manual avaliado em R$ 600. Para evitar que fugisse antes da chegada da polícia, moradores se juntaram e o amarraram com um fio.
No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, a ex-companheira relatou que ele está em situação de rua há mais de cinco meses. “É usuário de drogas, especificamente pasta base. Possui dois filhos e já foi preso por tráfico de drogas, do qual foi absolvido, e furto, processo que ainda responde”, relatou. Ela também afirmou que ele foi espancado durante a detenção e acredita que tenha sofrido lesões na cabeça.
Por outro lado, no histórico registrado pelos servidores da Guarda Civil Metropolitana, consta apenas que o detido apresentava lesão na boca. “Foi oferecido atendimento médico, recusado pelo mesmo. Todos os direitos e a integridade física do conduzido foram preservados durante o atendimento”, escreveram. No entanto, vídeo enviado à reportagem nesta sexta-feira (11) mostra que a prisão foi violenta, com uma sequência de agressões.
As imagens revelam o jovem já imobilizado no chão, sendo ofendido, sufocado, arrastado e chutado. Moradores relataram que ele era conhecido por pedir comida na região e que, após o episódio, não foi mais visto por lá.
Laudo médico pericial anexado ao processo apontou ausência de vestígios de lesões corporais recentes. Já uma psicóloga judicial recomendou acompanhamento social. “Pessoa de 27 anos, natural de Anastácio, com Ensino Fundamental, encontra-se em situação de rua há seis meses devido ao uso de substâncias psicoativas. Desempregado. Em caso de liberdade, sugere-se encaminhamento ao Centro Pop para verificação de vulnerabilidades sociais e ao CAPS para tratamento de dependência química”, diz o parecer.
Durante audiência de custódia, a juíza Eucelia Moreira Cassal concedeu liberdade provisória. Segundo a magistrada, apesar da gravidade do crime imputado, a prisão preventiva não se justificava no caso concreto. “A excepcionalidade da prisão cautelar exige a presença de elementos concretos, o que não se verifica nesta situação”, afirmou.
O caso – A agressão foi registrada em vídeo, que mostra o jovem já dominado e, mesmo assim, sendo brutalmente espancado por guardas municipais. A Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) confirmou o afastamento dos dois servidores envolvidos, com recolhimento das armas e abertura de processo administrativo disciplinar. A medida foi oficializada no Diário Oficial do município de 9 de julho.
Pedido de desculpas – Em entrevista ao Campo Grande News, o secretário municipal de Segurança, Anderson Gonzaga, lamentou o episódio e afirmou que o caso foi comunicado à Polícia Federal e está sob investigação da corregedoria da GCM.
“Infelizmente, aconteceu exatamente o que o vídeo mostra: uma barbaridade. A instituição não compactua com esse tipo de comportamento. O correto seria desamarrar o indivíduo, que já estava detido, e conduzi-lo de forma legal. Por mais que alguém esteja em flagrante, ainda assim merece ser tratado com dignidade e dentro da legalidade. É isso que ensinamos e exigimos dos nossos servidores”, afirmou Gonzaga.
O secretário pediu desculpas à população em nome da Guarda Civil Metropolitana e da Prefeitura de Campo Grande. “Um servidor é um ser humano e, infelizmente, falhas acontecem. Mas isso não representa a instituição como um todo. Qualquer denúncia será apurada. Nós não concordamos com esse tipo de comportamento”, concluiu.
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