ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, TERÇA  14    CAMPO GRANDE 18º

Capital

Julgamento une Jamilzinho, pai de jovem fuzilado, ex-ministro e 11 testemunhas

Com a possibilidade de se estender até 5ª feira, “júri da década” acontece na quarta tentativa

Aline dos Santos | 17/07/2023 06:52

Acompanhe ao vivo o júri popular de Jamilzinho Name.

Aos 19 anos, o universitário Matheus Coutinho Xavier foi morto em 9 de abril de 2019 (Foto: Reprodução)
Aos 19 anos, o universitário Matheus Coutinho Xavier foi morto em 9 de abril de 2019 (Foto: Reprodução)

Chamado de o “julgamento da década”, o júri desta segunda-feira (17), o primeiro da Operação Omertà, vai reunir Jamil Name Filho, o Jamilzinho; exército de advogados, incluindo um ex-ministro do STJ (Superior Tribunal e Justiça); quatro promotores; testemunha-chave que migrou de denunciante para a defesa dos réus; e um pai que, conforme a denúncia, era o verdadeiro alvo do fuzilamento que matou Matheus Coutinho Xavier, estudante de 19 anos.

Com a possibilidade de se estender de hoje até quinta (20), o julgamento acontece em sua quarta tentativa. Matheus foi morto em 9 de abril de 2019, uma terça-feira, por volta das 18h, em frente de casa, no Jardim Bela Vista, enquanto manobrava a caminhonete do pai. O rapaz foi atingido com sete tiros e o disparo fatal foi na base do crânio.

A primeira data de julgamento foi em 28 de outubro de 2020. Na sequência, recursos levaram a outras duas remarcações: 15 de fevereiro e 16 de maio deste ano.

Policiais no entorno de caminhonete que era manobrada por rapaz que foi executado (Foto: Paulo Francis)
Policiais no entorno de caminhonete que era manobrada por rapaz que foi executado (Foto: Paulo Francis)

Dia 17 - Nesta segunda-feira, serão ouvidas as cinco testemunhas de acusação e o ex-policial Paulo Roberto Teixeira Xavier, pai de Matheus. No período da manhã, são três testemunhas arroladas pelo MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul): Giancarlos de Araújo e Silva (investigador da Polícia Civil), Tiago Macedo dos Santos (delegado da Polícia Civil) e Daniella Kades de Oliveira Garcia (delegada da Polícia Civil).

No período da tarde, serão ouvidos mais dois delegados da força-tarefa da Omertà: João Paulo Natali Sartori e Carlos Delano Gehring Leandro de Souza. Pai da vítima, Paulo Xavier será ouvido como informante. Testemunha é obrigada a dizer a verdade e não pode ter interesse na causa.

Audiência sobre o homicídio em 2 de março de 2020 (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Audiência sobre o homicídio em 2 de março de 2020 (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Dia 18 – Na terça-feira, serão ouvidas as testemunhas de defesa dos réus Jamil Name Filho, o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo e o ex-guarda municipal Marcelo Rios.

A partir das 8h, falam as testemunhas de Jamilzinho. A lista de três pessoas tem Silvano Gomes Oliva (advogado), Leonardo Fabrício Gomes Soares (psiquiatra) e Eliane Benitez Batalha dos Santos.

Eliane é um capítulo especial na operação Omertà. Esposa de Marcelo Rios, que foi preso em maio de 2019 com arsenal em imóvel da família Name, ela contou que o marido trabalhava para Jamil Name e que estava preocupado após a execução por engano.

Ela e os filhos do casal chegaram a ficar no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), diante do medo de Rios de que a família sofresse retaliação. Mas na fase de audiências, mudou de versão e, agora, será testemunha de defesa.

No período da tarde, os jurados ouvem as testemunhas de Marcelo Rios: Orlando de Oliveira de Araújo (o Orlando Curicica, ex-policial militar e chefe de milícia no Rio de Janeiro) e Eliane.

A defesa de Vladenilson arrolou as testemunhas Mário Cesar Velasque Ale (policial civil) e Wagner Louro da Rocha.

Policiamento foi reforçado no Tribunal do Júri durante audiência do caso em 2020 (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Policiamento foi reforçado no Tribunal do Júri durante audiência do caso em 2020 (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

A partir do dia 19 – A partir de quarta-feira, acontece os interrogatórios dos réus e os debates entre acusação e defesa. Jamilzinho e Rios vieram da penitenciária federal de Mossoró (Rio Grande do Norte). Vladenilson está preso no presídio estadual Gameleira 2, a Federalzinha, em Campo Grande. Os réus são julgados por homicídio doloso, com motivo torpe e emboscada.

Jamil Name Filho foi denunciado como líder de grupo criminoso  e que atuava na prática de ilícitos impelidos por questões pessoais e financeiras, dentre as quais se incluía a eliminação de rivais. Portanto, mandante da execução, cujo alvo era o pai de universitário.

Já Vladenilson são apontados como “gerentes”, sendo responsáveis por receber as ordens e repassá-las aos demais para que as missões fossem realizadas.

Ao todo, eram seis réus. Jamil Name morreu de covid; José Moreira Freire, o “Zezinho”, foi morto em troca de tiros com a Polícia Militar em Mossoró; enquanto Juanil Miranda nunca mais foi visto. José e Juanil são os pistoleiros.

Excelências - Os promotores que atuam no julgamento são: Douglas Oldegardo, Luciana Rabelo, Moisés Casarotto e Gerson Eduardo de Araújo. Advogada, Cristiane Almeida Coutinho, mãe do estudante morto, será assistente da acusação.

A defesa de Jamilzinho tem os advogados Nefi Cordeiro (ex-ministro do STJ) e Anderson Lima, de Brasília (DF), e Eugênio Carlo Balliano Malavasi, de São Paulo.

Marcelo Rios será defendido pelos advogados Márcio Widal e Luiz Rene Gonçalves Amaral. A defesa de Vladenilson está a cargo de Alexandre Barros Padilha, Márcio Sandim e Ewerton Belinatti da Silva.

O julgamento será presidido pelo titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Aluízio Pereira dos Santos. Aos representantes da acusação e defesa, o magistrado já deixou um aviso.

“A partes ficam cientes de que se eventualmente derem causa ao adiamento da sessão ou houver abandono do plenário de forma injustificada e como tal considerada por decisão deste juízo poderá arcar com os custos operacionais despendidos pelos cofres públicos, lembrando por fim que a sociedade e, principalmente os acusados têm o legítimo direito a um julgamento justo, sereno, tranquilo, sem questionamentos ou apartes infundados até porque os Operadores do Direito são referenciados desde a época do Brasil Império como Excelências, não sendo, portanto, o tribunal do júri arena para altercações desnecessárias (ação de discutir ou debater acaloradamente, briga, discussão ou desavença)”, afirma o juiz.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Fonte: Autos do processo e reportagens do Campo Grande News/ Apuração: Anahi Zurutuza/ Arte: Lennon Almeida.
Fonte: Autos do processo e reportagens do Campo Grande News/ Apuração: Anahi Zurutuza/ Arte: Lennon Almeida.

Receba a notícia no momento da publicação. ‎Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias