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Capital

"Jura de morte" terminou com execução por engano e julgamento na Capital

Jeferson Dudas está sendo julgado por morte de Clécio de Souza, morto com 9 tiros no lugar do irmão

Silvia Frias e Bruna Marques | 16/08/2022 10:04
Jeferson Duas, o Jefinho Branco, presta depoimento durante julgamento, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Jeferson Duas, o Jefinho Branco, presta depoimento durante julgamento, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Jeferson Ramos Dudas, 43 anos, o “Jefinho Branco” está sendo julgado pela morte de Clécio de Souza, morto aos 33 anos, com nove tiros, em crime ocorrido no dia 3 de janeiro de 2015. A denúncia aponta que a vítima foi morta por engano, já que tinha desavença e havia trocado “juras de morte”, por conta de dívida de R$ 5 mil, com outro acusado, Joilson da Silva Vieira, 46 anos, o Juninho Play.

No dia do crime, Clécio havia ido ao lava a jato, na Rua Araçá, para buscar o carro do irmão, Marcílio de Souza Junior, a pedido dele. Por volta das 15h, dois homens chegaram de motocicleta e perguntaram o preço da lavagem. Em seguida, o garupa, reconhecido como sendo Joilson Vieira, desceu e foi em direção a Clécio, atirando várias vezes.

No inquérito policial, as testemunhas divergem no relato sobre participação de Jefinho Branco: um funcionário diz que somente Juninho Play atirou, usando duas armas. Dois parentes do dono do lava a jato, que estavam no local dizem que os dois homens atiraram na vítima. Porém, os três reconheceram os acusados por fotografia.

Local da morte da vítima, em crime ocorrido em 2015. (Foto/Reprodução)
Local da morte da vítima, em crime ocorrido em 2015. (Foto/Reprodução)

“Essa acusação é falsa, não estava no local, nem passei perto, nunca nem ouvi falar dele [Clécio], fui saber dele quanto fui preso em Sinop [MT]”, disse Jefinho Branco hoje, durante depoimento prestado no julgamento dele, ao juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.

“Eu sei que ele morreu por engano porque eu conhecia o irmão dele e ele me falou; morreu no lugar do irmão dele, morreu enganado, o irmão dele era ‘o boca de lata’”, disse o réu.

Jefinho confirmou que conhecia o outro acusado, mas que “não andava com ele”. O réu afirma que estava em um bar, no centro de Campo Grande, com outros quatro amigos e que comemoraram reencontro depois de 12 anos. “Chegamos depois das 13h, saí de lá 18h”, disse. “Não foi eu que atirei, não tenho nada a ver com isso”.

O réu disse que ficou sabendo por Marcílio, irmão da vítima, que o desentendimento era entre Marcílio e Juninho Play.

Essa informação consta no inquérito. Em depoimento à polícia, Marcílio diz que conhecia Juninho Play da época em que esteve preso na Colônia Penal Agrícola. Onze meses depois, se reencontraram, por acaso, na Praça das Araras, ocasião em que Juninho lhe pediu dinheiro emprestado para pagar a casa, que estava prestes a perder por inadimplência.

Marcílio emprestou R$ 5 mil e o acordo verbal era para que a dívida fosse paga dali 30 dias.

A dívida não foi paga, a desavença aumentou até que, “estando as partes desgastadas e já trocando juras de morte”, houve tentativa de homicídio, quando Juninho Play foi ao trabalho de Marcílio e atirou contra ele, porém, não o matou.

Foto da vítima tirada pela perícia. (Foto/Reprodução)
Foto da vítima tirada pela perícia. (Foto/Reprodução)

No dia 3 de janeiro de 2015, por volta das 15h, na esquina das ruas Araçá e Serra das Divisões, Bairro Coronel Antonino, o plano teve a segunda tentativa de execução, desta vez, com uma execução, mas do homem errado. A confusão pode ter ocorrido porque Marcílio havia pedido para o irmão buscar o carro no local.

Consta que dois homens chegaram em uma motocicleta. Reconhecido por foto, Jeferson Dudas conduzia a moto e Joilson Vieira estava na garupa. Os dois perguntaram ao funcionário qual o valor da lavagem para motocicleta

NO relato das testemunhas, em seguida, Joilson Viera foi em direção a Clécio, sacou arma e atirou, matando o homem. Jeferson também atirou duas vezes na vítima, já caída, embora há relato de que ele ficou na moto, esperando o comparsa.

A vítima morreu no local, atingido por nove tiros. Os dois homens fugiram em seguida.

Reconhecidos, os dois homens tiveram prisão decretada e Jefinho Branco foi preso no dia 21 de janeiro de 2019. Em relação ao outro acusado, o processo foi suspenso, pois o acusado, citado por edital, continua foragido.

Jefinho Branco já respondeu por estelionato e homicídio, tendo sido condenado a 13 anos e 6 meses de prisão, em Três Lagoas. No caso em que está sendo julgado, nega participação. “Queria entender porque estão me acusando, como que eles podem reconhecer uma pessoa que nem no local estava? Nem passei lá, eu estava do outro lado da cidade. Nunca nem vi esses rapazes. Nunca tive briga com eles, nem desavenças e nenhum tipo de negócio”, disse.

Réu (desfocado) nega acusações e diz que estava em um bar, no dia do crime. (Foto: Henrique Kawaminami)
Réu (desfocado) nega acusações e diz que estava em um bar, no dia do crime. (Foto: Henrique Kawaminami)


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