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Capital

Mãe denuncia 17 falhas na investigação e quer resposta por morte de filha e neto

Na manhã desta sexta, grupo de mulheres se reuniu em frente à Defensoria para pedir apoio

Por Dayene Paz | 31/10/2025 11:41
Mãe denuncia 17 falhas na investigação e quer resposta por morte de filha e neto
Cartaz com mulheres que protestaram em frente à Defensoria. (Foto: Osmar Veiga)

Mais um protesto foi realizado nesta sexta-feira (31) por Seila Aparecida Feitosa, mãe da médica Valquíria Feitosa Patrício Gomes, encontrada morta em 2016 ao lado do filho, João Roberto, de 2 anos. O grupo de mulheres se reuniu em frente à Defensoria Pública, em Campo Grande, com cartazes pedindo “Justiça por João e Valquíria” e denunciando falhas na investigação.

RESUMO

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Familiares e ativistas protestaram em frente à Defensoria Pública de Campo Grande, exigindo justiça no caso da médica Valquíria Feitosa e seu filho João Roberto, encontrados mortos em 2016. O grupo denuncia 17 diligências não realizadas na investigação, incluindo exames toxicológicos essenciais. A mãe da médica, Seila Aparecida Feitosa, contesta a versão oficial de suicídio. Segundo as manifestantes, não foram aplicados protocolos de perspectiva de gênero, apesar de evidências de violência patrimonial e psicológica, nem seguidas as diretrizes da ONU para investigação de suicídios femininos.

De acordo com as manifestantes, 17 diligências que deveriam ter sido realizadas não foram feitas, como o exame de sangue e urina da médica, de acordo com a advogada da ONG Valquírias, Maria Isabel Sandanha.

“A gente quer saber o que aconteceu na investigação do suposto suicídio da Valquíria. A Defensoria Pública identificou 17 diligências que deveriam ter sido feitas e não foram. Uma série de pequenas diligências. Não foi aplicado um protocolo de perspectiva de gênero porque a Valquíria passava por violência patrimonial e psicológica, assim como não foi aplicado um protocolo da ONU no caso de suicídio de mulheres”, explicou.

Mãe denuncia 17 falhas na investigação e quer resposta por morte de filha e neto
De azul, no meio, mãe de Valquíria durante protesto. (Foto: Osmar Veiga)

Também presente, a advogada Mara Dalila Teixeira, que atua em casos de violência doméstica e administra a página Justiça Delas MS, lembrou que acompanha Seila há dois anos. “A gente vê recorrentemente a Justiça falando em proteção das mulheres, mas, às vezes, somos caladas quando procuramos algumas instituições e encontramos portas fechadas. Seila encontrou na luta, na rua e nas mulheres a forma de conseguir a justiça que tanto procura. Estou com ela há dois anos, cobrando os cinco inquéritos que foram arquivados”, afirmou.

Mãe denuncia 17 falhas na investigação e quer resposta por morte de filha e neto
Mara Dalila segurando cartaz durante protesto. (Foto: Osmar Veiga)

Segundo Mara, o caso entrou agora em uma nova frente dentro da Defensoria Pública. “A Seila iniciou uma nova luta, buscando respostas para o João. Qual será o caminho que a Defensoria adotará? Contra o pai? Pedindo indenização ao Estado pelas falhas na investigação? A Seila não quer reparação em dinheiro, mas quer afirmar: Estado, você falhou e precisa arcar financeiramente. São dois caminhos: responsabilizar o pai ou pedir indenização moral em favor da avó”, completou.

Muito abalada, Seila não conseguiu conversar durante o protesto e pediu para a advogada falar em nome dela.

O caso - Seila busca respostas desde a morte da filha. Ela não acredita que a médica tenha tirado a própria vida ou, caso fizesse, não seria capaz de matar o próprio filho. “Resolver isso me traria paz. São muitos anos de espera, de sofrimento. Preciso que a verdade apareça. Por que essa demora? Vejo como um descaso. Tenho certeza que não foi suicídio”, declarou em entrevista anterior.

Valquíria e João foram encontrados mortos abraçados no quarto da casa onde viviam, no bairro Itanhangá Park, na noite de 10 de dezembro de 2016. A polícia concluiu que a médica, em um quadro grave de depressão, teria se matado ao lado do filho, ambos asfixiados por monóxido de carbono.

Os corpos foram descobertos pelo marido de Valquíria, que afirmou ter viajado a trabalho e encontrado uma carta de despedida, entregue à polícia.

A mãe, no entanto, contesta a versão. Segundo Seila, a filha era próxima da família e nunca falou sobre suicídio. “Ela foi fazer tratamento de depressão em virtude do ambiente que estava vivendo, que era a casa dela, mas nunca verbalizou nada sobre suicídio”, disse.

Ela cita ainda falhas nas câmeras de segurança da residência, testes toxicológicos não realizados e testemunhas que nunca foram ouvidas. Para Seila, a carta pode ter sido escrita sob coação e o cartaz afixado na porta do quarto nunca passou por exame grafotécnico.

“Tenho certeza de que não foi suicídio pela forma como os corpos estavam. Ela estava com a criança abraçada; quem vai morrer assim? No mínimo, os corpos teriam de estar bagunçados. Disseram que ela tomou algo e deu para o menino, mas nunca tive acesso ao resultado do exame toxicológico. Ainda estão faltando várias testemunhas”, conclui.

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