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Capital

Mãe tenta internação compulsória para o filho dependente há 9 anos

Mariana Lopes | 05/10/2012 15:29
Mãe tenta internação compulsória para o filho dependente há 9 anos
Os óculos escondem os olhos vermelhos, mas as lágrimas se mostram quando escorrem pelo rosto (Foto: Mariana Lopes)
Os óculos escondem os olhos vermelhos, mas as lágrimas se mostram quando escorrem pelo rosto (Foto: Mariana Lopes)

Lágrimas e um desabafo que vem direto do coração de uma mãe, que clama por ajuda ao filho. Há nove anos, ele cruzou a linha do vício, e desde então, o sofrimento anda lado a lado. As duas tentativas de internação foram frustadas com as fugas do rapaz, que entregou os pontos para a abstinência.

Ele experimentou a maconha aos 13 anos, quando foi morar com o pai no Rio de Janeiro. Ficou na capital carioca por um ano e acabou voltando para Campo Grande para morar com a mãe. "Quando ele desceu do ônibus, percebi que estava difrente", conta ela.

Hoje, o rapaz está com 22 anos e até luta para vencer o vício, mas as recaídas constantes não permitem que ele dê passos mais largos. "As clínicas de tratamento para dependentes não obrigam ninguém a ficar lá, eles são livres", critica a mãe, afirmando que em uma das vez que internou o filho gastou mais de R$ 5 mil e ele ficou na clínica somente três dias e fugiu, voltando direto para as drogas.

E assim, o drama prosseguia e a mãe resume os últimos anos em "total desgraça". No grito contido, ela admite que não tem mais força física para lutar, mas o amor a faz seguir em frente, sem deixá-la desistir do filho. "Já andei noites e noites pelas ruas procurando por ele. Teve um dia que encontrei meu filho deitado na calçada, nenhuma mãe merece passar por isso".

Situação que desperta tristeza, mas também revolta. "A droga está acabando com os jovens, ela está dentro das escolas, no portão da nossa casa e até nas portas das igrejas, está em todo lugar, naõ tem para aonde fugir, e as autoridades fazem nada, os traficantes é quem mandam, o dinheiro, o poder", desabafa, agora sem conter o grito, que saí junto com as lágrimas que ela deixa escorrer, diante da impotência dela, como mãe, de não poder salvar o filho desse mal que tem acabado com tantas outras famílias.

(Foto: Mariana Lopes)
(Foto: Mariana Lopes)

Desesperada, ela resolveu mudar a estratégia e foi atrás de uma internação compulsória para o filho. "Quero ordem de um juiz para poder obrigar o meu filho a ficar internado em um clínica", responde. Em seguida, ela tira da bolsa um papel com o endereço da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, onde a mãe deposita todo sua esperança, mais uma vez.

Internação compulsória - De acordo com o defensor público Guilherme Cambraia de Oliveira, o primeiro passo para ter a internação compulsória é conseguir um laudo médico que comprove a dependência química e necessidade de desintoxicação do paciente. A consulta pode ser feita nos postos de saúde.

Com o laudo em mãos, a pessoa deve procurar a Defensoria Pública do Estado para ajuizar uma ação contra o Estado, que será encaminhada ao judiciário.

O problema é que em Campo Grande, segundo o defensor, as internações não ultrapassam 20 dias. "É só para desintoxicar mesmo, não há uma medida de reabilitação, para recuperar o dependente químico", completa. Na Capital, os dois locais que recebem pacientes com este perfil é o Hospital Regional e a clínica Nosso Lar.

A opção que resta é prosseguir o tratamento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial), que oferecem acompanhamento para dependentes químicos.

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