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Capital

Causa e consequência: aos 18, droga marcou Leandrinho para sempre

Viviane Oliveira | 26/09/2012 18:52
 Causa e consequência: aos 18, droga marcou Leandrinho para sempre
Leandro conta apenas com a ajuda da mãe, Maria Sebastiana. (Foto: divulgação)
Leandro conta apenas com a ajuda da mãe, Maria Sebastiana. (Foto: divulgação)

Aos 11 ele comprava droga a pedido do pai. Com 12, começou a usar pasta-base de cocaína. Hoje, com 18 anos, Leandro Matricardi Pereira da Silva está paraplégico em consequecência de um tiro que levou na nuca no dia 25 de junho do ano passado na rua Paranapebas, na região do bairro Nova Lima, em Campo Grande.

Apesar da pouca idade, o garoto conhecido no bairro e da Polícia como "Leandrinho do Colúmbia", onde mora, teve, quando menor de idade, pelo menos 75 registros na Polícia. Por furto, roubo, ameaças, violação a domicílio e cinco mandados de busca e apreensão. Começou a roubar, justifica, para comprar droga.

Além de Leandro, a mãe, Maria Sebastiana Pereira da Silva, 40 anos, tem mais três filhos, um de 15, 12 e 8 anos. Separada do marido há 2 meses, ela luta para aposentar o filho que até o ano passado não tinha certidão de nascimento. A família vive com uma renda de R$ 140 e de alguns trocados que a mãe ganha quando consegue sair de casa para catar materiais recicláveis.

Com o pai dependente químico, Leandro conta, que a pedido dele passou a frequentar as bocas-de-fumo para comprar droga. "Ele pedia para eu ir comprar, mas alertava para nunca entrar nessa", disse, acrescentando que certo dia nessas idas e vindas resolveu dá um 'pega'.

A partir daí, o menino que até então trabalhava junto com a mãe na reciclagem para complementar a renda em casa, passou a roubar para sustentar o vício. "Eu avisava que a droga ia acabar com a vida dele, mas entrava por um ouvido e saía pelo outro", afirma.

Leandro passou a furtar na casa dele tudo que via pela frente, depois começou a roubar os vizinhos do bairro. No dia do crime, como uma travessura de adolescente, subiu em uma árvore para pegar goiaba quando foi atingido por um tiro. "Pensaram que eu ia entrar na casa de alguém para roubar", lamenta.

Ele se lembra de tudo que aconteceu naquele dia, só não conseguia sentir as mãos e as pernas, mas viu todo o movimento das pessoas ao redor dele, a Polícia chegando no local e o resgate da equipe de socorro. Leandro foi levado para uma unidade de saúde, encaminhado para a Santa Casa e depois transferido para o Hospital São Julião, onde passou mais de dois meses internado.

O menino mal estudou a 1ª série, vivia a maior parte do tempo nas ruas com os 'amigos', afirma, se libertou do vício que quase o levou a morte e se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente. "Depois de tanto sofrimento ele ficou com trauma", disse a mãe.

A cadeira de rodas improvisada é pequena para o tamanho de Leandro. (Foto: Rodrigo Pazinato)
A cadeira de rodas improvisada é pequena para o tamanho de Leandro. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Dificuldade - Em uma cadeira de rodas improvisada, Leandro passa a maioria do tempo, quando não está deitado em uma cama hospitalar que a mãe conseguiu através de doações. “A diversão dele é uma televisão velha que fica na sala”, conta a mãe.

Por falta de fisioterapia, Leandro não consegue se esticar, quando deita as pernas continuam dobradas. Durante o dia o jovem usa uma espécie de sonda para urinar e na parte da noite usa fralda para dormir.

“Tenho fé em Deus que um dia vou conseguir voltar a andar. Quando sair dessa cadeira de rodas vou cuidar da minha vida longe daqui. Quero casar, ter filhos e morar em uma fazenda para trabalhar”, destaca.

Leandro disse que agora percebe a liberdade que tinha, mas não deu valor. Preferiu escolher o caminho das drogas, que leva para dois caminhos: cadeia e a morte. “Se o cara quiser se libertar ele consegue, basta ter força de vontade e determinação”, finaliza.

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