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Capital

Médico tem um mês para dar parecer sobre saúde de ‘Nando’

Ao chegar para consulta, acusado de assassinatos em série voltou a dizer que foi torturado

Anahi Zurutuza e Guilherme Henri | 23/08/2017 11:37
Nando ao chegar sob escolta em clínica na manhã de hoje (Foto: André Bittar)
Nando ao chegar sob escolta em clínica na manhã de hoje (Foto: André Bittar)

O médico Sérgio Cação de Moraes, nomeado para uma perícia judicial em Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, tem até 30 dias para entregar o laudo sobre o estado de saúde do assassino confesso.

O parecer vai embasar a decisão da Justiça sobre o pedido da Defensoria Pública, que representa o apontado como o responsável por 16 assassinatos em série e tenta a prisão domiciliar para ele.

Nando passou por consulta em uma clínica na rua Padre João Crippa, no centro de Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (23). O preso foi transportado pela PM (Polícia Militar) até o local e passou 20 minutos no consultório sob a vigilância de dois agentes.

De camiseta, calça e chinelo, o acusado chegou à clínica às 8h10, com uma hora e 10 minutos de atraso, e falou rapidamente com a reportagem.

Nando mantém alegação feita em carta endereçada ao juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de que foi torturado para confessar o crime. Ao descer do furgão da PM e perguntado sobre se ele tinha algo a declarar, o acusado respondeu: “eu tenho”. “Posso te falar que foi forjado meu depoimento e que eu apanhei muito na prisão”, continuou.

Ao sair da clínica, ele completou a declaração: “tem gente honesto no meio das autoridades e tem uns que não é [sic] honesto”. Veja o vídeo:

Saúde A Defensoria Pública pediu no início do mês de julho que a Justiça conceda a prisão domiciliar ou permissão de saída para tratamento médico a Nando. 

Camiseta do preso molhada (Foto: André Bittar)
Camiseta do preso molhada (Foto: André Bittar)

Já no dia 17 de julho, o juiz Thiago NagasawaTanaka, em substituição legal na 1ª Vara de Execução Penal, determinou a nomeação de um médico para verificar as condições de saúde do preso.

A defesa de Luiz Alves alega que está em situação precária e atormentado por problema de saúde.

Um estreitamento no canal da uretra faz com que ele precise de cistostomia - abertura na bexiga para introdução de catéter para coleta da urina - e troca quinzenal da sonda usada no tratamento.

Entretanto, essa teria sido feita apenas duas vezes, em 10 de abril e 8 de junho deste ano, acarretando diversos problemas. Conforme a Defensoria, Nando está dormindo sobre pedaços de papelão e foi excluído por outros presos porque o que é coletado pela sonda vaza constantemente e ele passa dia e noite exalando mau cheiro.

Trecho da carta onde Luiz Alves Martins Filho descreve suposta sessão de tortura (Foto: Reprodução)
Trecho da carta onde Luiz Alves Martins Filho descreve suposta sessão de tortura (Foto: Reprodução)

Carta – Apontado pela Polícia Civil como dono de um “cemitério particular” em Campo Grande, Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, alega que sofreu tortura física e psicológica para confessar os 16 assassinatos atribuídos a ele. Ele ainda acusa outro homem, que segundo a Polícia Civil, seria um dos integrantes do grupo de extermínio que atuava na região bairro Danúbio Azul, como o autor dos crimes.

Na carta, escrita com a ajuda de um companheiro de cela, Nando relata que quando foi preso, no dia 10 de novembro do ano passado, policiais usaram uma sacola plástica para asfixiá-lo e lhe deram choque para fazer com que ele falasse sobre os homicídios que estavam sob investigação.

O acusado dos assassinatos em série conta que depois da suposta sessão de tortura na delegacia, ele foi levado para um local deserto, onde continuou apanhando e sofrendo ameaças.

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