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Capital

“Minha filha viu o pai morrendo”, diz esposa de homem atingido durante confronto

No boletim de ocorrência, consta que Edilson estava dando tiros para o alto e correu para dentro de casa

Izabela Cavalcanti e Mariely Barros | 02/05/2023 10:21
Mãe calçando tênis na filha, durante velório de Edilson (Foto: Henrique Kawaminami)
Mãe calçando tênis na filha, durante velório de Edilson (Foto: Henrique Kawaminami)

A cena de Edilson Pereira da Silva, de 31 anos, sendo morto na frente da filha, de 4 anos, não sai da cabeça da esposa, de 33 anos, que preferiu não se identificar. Ele morreu em confronto com a PM (Polícia Militar), na madrugada de segunda-feira (1°), dentro de sua casa na Vila Jacy.

“Não sei como vai ficar a cabeça da minha filha depois disso, porque minha filha viu o pai morrendo”, disse durante o velório do marido, nesta terça-feira (2).

Em sua versão, ela conta que, por volta das 3h, ele estava lavando o carro, enquanto ela e a filha dormiam. De repente, ela só viu Edilson entrando em casa e abraçando a filha para os policiais pararem de atirar.

“A polícia pediu para ele soltar minha filha, empurraram ele e deram mais um tiro na barriga. Depois disso, eles me jogaram na viatura, minha filha ficou sozinha e saiu andando pela rua”, lembra.

Neste mesmo momento, uma vizinha passava pela rua, viu a criança e levou para a irmã de Edilson, que morava próximo à casa do casal.

A esposa conta que queria ligar para o Corpo de Bombeiros, mas não deixaram e disseram que ela iria assumir um tráfico de drogas, já que segundo a perícia, foi encontrada droga na residência. “A arma que colocaram com ele não era dele e também não tinha droga. Ele tem passagens pela polícia, mas não estava com mandado em aberto e nem com drogas”, justifica.

A mulher que ficou casada 10 anos com Edilson relata ainda que ele era a única fonte de renda da família. O bombeiro foi acionado, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu.

A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informa que todas as ocorrências resultantes em óbito por decorrência de oposição à intervenção policial resultam em abertura de Inquérito Policial Militar. "Serão apuradas todas as circunstâncias atinentes à ocorrência, não cabendo, pois, emitir posicionamento acerca de declarações cujo conteúdo ainda não fora apurado", disse em nota enviada ao Campo Grande News.

O posicionamento dos vizinhos diverge sobre a movimentação na casa. Vendedor, de 38 anos, que preferiu não divulgar o nome, disse que várias pessoas entravam e saíam, além de som alto todo fim de semana. “Era um inferno por conta desse rapaz. Vai ser um alívio para os vizinhos”, disse.

Por outro lado, uma idosa, de 92 anos, diz que o convívio era tranquilo. “Era gente boa, conversava. No dia, ninguém ouviu disparo. Só vi a movimentação da polícia”.

Boletim de ocorrência – De acordo com o registro, a Polícia Militar foi acionada para atender chamado de disparo de arma de fogo, informando que um homem conhecido como “Gibi” estava dando tiros para o alto, na esquina da Avenida Europa com a Rua Iporã, na Vila Jacy.

Ainda segundo a PM, ao chegar e tentar fazer a abordagem, o homem não respeitou e entrou na casa, sacando uma arma de fogo. Edilson chegou a disparar contra os militares, que revidaram e o atingiram. A perícia esteve no local e durante buscas, localizou oito porções de maconha na casa.

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