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Capital

Moradores cobram, prefeitura libera e antigo laticínio na Jacy é demolido

Imóvel havia sido comprado por igreja; local foi ocupado por sem-teto e vizinhos relacionavam local com criminalidade

Humberto Marques e Adriano Fernandes | 25/08/2019 14:50
Sede de laticínio começou a ser posta no chão após pressão de moradores. (Foto: Adriano Fernandes)
Sede de laticínio começou a ser posta no chão após pressão de moradores. (Foto: Adriano Fernandes)

A antiga sede de um laticínio localizado na Vila Jacy, no sul de Campo Grande, começou a ser demolida na semana passada, levando alívio a vizinhos do imóvel que se mostravam preocupados com o aumento do número de sem-teto que buscavam abrigo no local e, mais recentemente, com o crescimento dos casos de roubos e furtos.

A indústria havia deixado de funcionar há anos. O espaço, localizado no quadrilátero formado pelas Avenidas Ernesto Geisel e Dona Otília Barcelos e as Ruas Iporá e José Paes de Farias, chegou a ser usado para operações de treinamento militar, mas, em geral, permaneceu vazio na maior parte do tempo, tornando-se abrigo para pessoas sem moradia ou criminosos.

O imóvel foi comprado por uma igreja, que esperava pela licença para demolição, serviço este iniciado na quarta-feira (21).

“O imóvel ficou um bom tempo abandonado e a comunidade se mostrava preocupada, porque ali juntou muitos moradores de rua”, afirmou o vereador Valdir Gomes (Progressistas), que, no final de julho deste ano, apresentou requerimento para que os donos do imóvel providenciassem a limpeza, demolição e fechamento do acesso à indústria. Em reunião com pastores da igreja, ele foi informado que o projeto para colocar o imóvel no chão estava parado na Semadur (Secretaria Municipal de Gestão Urbana).

Gomes disse, ainda, ter sido procurado por moradores que relataram a grande concentração de pessoas em situação de rua no prédio –estima-se em 200 o total de pessoas que buscavam abrigo no local. “Como na região também estão revitalizando a (avenida) Norte-Sul, pessoas que moravam sob viadutos ou se abrigavam ali também migraram para lá, assim como andarilhos que vivem pelo Centro”, disse o vereador.

Criminalidade – Junto com a presença de pessoas sem moradia fixa no antigo laticínio, moradores também relataram aumento nos casos de roubos e furtos nos bairros vizinhos –como a Vila Jacy e o Taquarussu.

Obras de demolição da sede de antigo laticínio localizado na Vila Jacy tiveram início na quarta-feira da semana passada...
Obras de demolição da sede de antigo laticínio localizado na Vila Jacy tiveram início na quarta-feira da semana passada...
... mas reportagem flagrou movimentação de pessoas em áreas do prédio ainda em pé. (Fotos: Adriano Fernandes)
... mas reportagem flagrou movimentação de pessoas em áreas do prédio ainda em pé. (Fotos: Adriano Fernandes)

“Estavam entrando de dia nas casas, cometendo arrombamentos. Havia ameaça de linchamentos por conta dos crimes, uma situação horrível”, destacou Valdir Gomes, segundo quem o desmanche do prédio “era a única solução possível, dando fim a 30 dias de luta”.

O relato é confirmado pelo cozinheiro Márcio Silvestre, 40, que trabalha em uma lanchonete em frente ao antigo laticínio. Segundo ele, muitos dos invasores “faturaram” com o prédio abandonado. “Roubaram fiação, cabo elétrico, tudo o que podiam, e venderam”, contou, relatando reconhecer ao menos dez pessoas que estavam no prédio.

“Sempre teve muito roubo aqui na região, mas isso aumentou com a presença deles”, destacou.

O técnico em piscicultura Edvan Marcelino de Souza, 38, disse que recentemente teve uma bicicleta furtada, “e sei de pelo menos duas casas que foram invadidas aqui perto”, crimes que atribui aos ocupantes da fábrica abandonada. “O que agrava a situação é que, além dos pedintes que a gente já conhece, tem muito usuário de droga, gente desconhecida ali”, prosseguiu.

Todos os entrevistados confirmam que o imóvel foi adquiro por uma igreja evangélica, mas ninguém confirma o nome da comunidade. “Esperamos que melhore a situação do bairro”, disse Edvan.

Enquanto a reportagem esteve no local, foram avistadas pessoas na pequena parte da fábrica que ainda está de pé. Além dos sem-teto, um funcionário da empreiteira responsável pela demolição está no local, cuidando do maquinário usado no serviço.

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