Mulher recusa imunização e diz que não quer filha "vacinada por viado"
Caso de homofobia aconteceu nesse sábado (21) no polo de vacinação do Albano Franco
O ano é 2021, mas a cabeça de alguns ainda parece parada no tempo, onde abusos e ofensas eram comuns e admitidas socialmente, com naturalidade. A homofobia é um problema ainda no dia a dia de muitas pessoas, acontecendo até na fila da vacina contra a covid-19 em Campo Grande, nesse sábado (21).
Gustavo Lima, cirurgião dentista de 27 anos e em residência multiprofissional em saúde da família, atua sempre nos fins de semana como vacinador no polo do Pavilhão Albano Franco, um dos mais movimentados da Capital.
- Leia Também
- “Não consegui continuar”, diz zagueiro vítima de racismo
- Adolescente é xingada de "preta sarnenta" por chefe e demitida
Contudo, nesse, ele teve uma surpresa desagradável: uma das pessoas na fila, acompanhando a filha, se recusou a ser vacinada por ele alegando que não queria a filha "vacina por esse tipo de gente, um viado".
"Olha, foi bem difícil e ainda estou bem abalado. A gente não espera que isso vai acontecer. Acordar para ir trabalhar e lá, isso tudo acontecer. Faz oito meses que aplico as doses ali e hoje acontece isso. Foi à tarde, por volta das 15h", explica Gustavo. "Até olhei bem nela para ver se conhecia, mas nunca vi".
A agressora de Gustavo dirigia o carro com a filha ao lado e, quanto ele aplicava o imunizante no carro da frente, perceber uma confusão logo atrás. "Ela jogou todos os documentos no chão e fez uma bagunça, mas depois admitiu o porquê daquilo. Ela passou reto e foi embora sem a vacina".
O cirurgião dentista conta que ficou imóvel, sem reação alguma diante do absurdo que viu acontecer com ele. "Sinto muito também pelas pessoas que passam por isso. Tive o privilégio de nunca ter passado por isso antes, mas agora foi a minha vez. A gente sabe que acontece, mas nunca espera com a gente", reflete.
Atordoado e anestesiado são alguns dos adjetivos que a vítima usa para descrever como se sentiu após a situação toda ocorrer. "Ao mesmo tempo também fiquei com medo a cada carro que chegava. Pensava, será que essa pessoa vai achar ruim se eu for atendê-la? Vai comentar as mesmas coisas que aquela mulher?".
Vítima de homofobia, Gustavo recebeu a garantia de sua superior imediata no Albano Franco que as câmeras de segurança do local serão verificadas para que a placa do veículo seja encontrada e, assim, ele consiga ir até a Polícia Civil denunciar o caso, encontrado a pessoa que o ofendeu.
"Já conversei com minha mãe bastante e resolvemos que vamos dar continuidade nisso. Depois que você sofre começa a pensar em muitas coisas. Isso não se faz com ninguém", afirma. Em suas redes sociais, Gustavo também comentou a situação e revelou que o carro da mulher era um Toyota Corolla branco.