Multidão celebra Maria, Mãe do Perpétuo Socorro

Na celebração de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a primeira novena do santuário em Campo Grande, no início da manhã, já estava lotada de fiéis. Às 6 horas, os devotos já se concentravam na igreja para as orações. As novenas acontecem há 71 anos, desde 1941, quando a igreja foi fundada na cidade.

O pároco, Dirson Gonçalves, 39 anos, explica que neste ano a data trouxe coincidências “divinas”. “O dia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro caiu justamente no dia das novenas, ou seja, na quarta-feira. Isso só vai acontecer de novo daqui a muitos anos, por isso é um ano muito especial”.

A expectativa é que, hoje, cerca de 30 mil pessoas passem pela igreja do Perpétuo Socorro. Nos dias de novena, a paróquia reúne cerca de 20 mil fiéis que lotam o local de hora em hora.

A fé do povo e a devoção dos fiéis constroem histórias que emocionam. São testemunhos de graças e milagres que se escondem em cada um dos devotos. Sempre no mesmo horário, a comerciante Regina Célia Rici, 49 anos, participa da novena. “Sempre fui devota, sou católica praticante e já recebi muitas graças por meio da novena. Nossa Senhora me dá paz e me sinto muito bem aqui”.

Em pé pelos corredores ou apertados nos bancos, os fiéis desejam apenas um lugar para as preces e agradecimentos. Há quatro anos, a funcionária pública, Juliana Fancelli, 33 anos, frequenta a novena, e segunda ela, a devoção começou por causa das novenas.

“Já consegui várias graças, vários pedidos foram atendidos. Tenho certeza que é por intercessão de Nossa Senhora. As pessoas encontram aqui o que elas procuram, mas também tenho certeza que as pessoas não veem aqui só por causa dos pedidos, mas porque encontram algo diferente”.

Juliana ainda lembrou que o concurso público em que foi aprovada também é fruto das novenas. “O concurso que eu passei, também pedi aqui na novena”, disse sorrindo.

No canto da igreja, uma senhora rezava ardentemente na manhã de hoje. “Eu sou devota, mas não consigo vir sempre nas novenas. Mas hoje, no dia Dela, não poderia deixar de vir. Dei um jeito e estou muito feliz”, contou a empresária Miriam Deles, 37 anos.

Sempre no mesmo lugar da igreja, encostado em uma coluna, o pecuarista, Rosino Nogueiro, 65 anos, participa há a mais de 30 anos da novena. “A gente se sente muito bem aqui, nos sentimos amparados”, contou.

“A minha relação com Ela é muito íntima. Por duas vezes eu vi a imagem de Nossa Senhora me protegendo. Isso aconteceu quando eu quase sofri dois acidentes de trânsito e vi quando ela me amparou. Não é imaginação, é realidade”, disse com fé.

Satisfeito, um homem que preferiu não se identificar, deu um testemunho das muitas graças que já recebeu. “Minha esposa estava em coma e eu comprei o livro do Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para ler para ela no hospital. E para minha alegria e aumento da minha fé, ela se levantou do coma”.

Território sagrado: Em 1999, a Igreja se tornou santuário mariano, onde fiéis, vindos de vários cantos da cidade, se reúnem em grande número ao redor da imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

A paróquia foi construída em um terreno cedido pela prefeitura de Campo Grande. O estilo é italiano, com um campanário lateral que abriga sinos de grande musicalidade.

De acordo com o histórico da paróquia, a coloração do edifício foi formada ao longo das décadas, devido à cor vermelha da terra da cidade. Partículas mínimas, de pigmento natural, se incrustaram nas paredes, formando a cor.

No dia dedicado à Virgem de Perpétuo Socorro, a loja que fica na igreja costuma vender ainda mais artigos religiosos. “Na festa nos vendemos 40% a mais do que nos outros dias de novena”, contou o vendedor, Rafael Marques Machado, 27 anos.

História da Virgem: A história começou na Ilha de Creta, onde um quadro da Virgem Maria era muito venerado devido aos milagres que operava. Um rico negociante, visando o preço que poderia obter com a venda dele, o roubou e levou-o a Roma.

Durante a travessia do Mediterrâneo, o navio que transportava o quadro foi atingido por uma tempestade, que ameaçava submergi-lo.

Os tripulantes, sem saber da presença do quadro, recorreram a Virgem Maria. Logo a tormenta se acalmou, permitindo que a embarcação ancorasse. Algum tempo depois o ladrão faleceu e a Santíssima Virgem apareceu a uma menina.

A criança era filha de uma mulher que guardava o quadro em sua casa. Na aparição, a Virgem avisava que a imagem da Santa Maria do Perpétuo Socorro deveria ser colocada em uma igreja.

O milagroso quadro foi então solenemente entronizado na capela de São Mateus, em Roma, no ano de 1499, e lá permaneceu recebendo homenagens durante três séculos, até que o templo foi criminosamente destruído. Os religiosos se dispersaram e a santa caiu no esquecimento.

Finalmente, em 1866, a imagem foi conduzida ao seu atual santuário por ordem do Papa, que recomendou aos filhos de Santo Afonso de Ligório - "Fazei que todo o mundo conheça o Perpétuo Socorro".