Na Aguadinha, redemoinho é prova de que "pobre não tem paz"
“Não sabemos o que fazer” afirma moradora atingida por redemoinho em loteamento
Em poucos meses de moradia, a população do loteamento Aguadinha, no Bairro Noroeste, em Campo Grande, passa por dificuldades, desde as estruturais das moradias improvisadas, até pequenas tragédias naturais, como o redemoinho que deixou casas destelhadas, nesta tarde (14). Na prática, usando o bom humor típico do brasileiro, a vida por ali é a prova de que o "pobre não tem um dia de paz".
O vento foi tão forte que cômodos inteiros ficaram a céu aberto e agora, as famílias precisam de ainda mais para ter o mínimo de conforto.
Sem condições para comprar as telhas, Edirã Domingues dos Passos nem havia começado a construção. Agora vai ter gastar com o materiais para a residência do enteado, onde morava de favor desde que saiu da favela do Linhão e foi morar no loteamento, há 4 meses. Edirã assistia jornal quando a casa foi surpreendida pela rajada de vento.
Para Edirã, a mudança era expectativa de vida melhor, que agora ficou um pouco mais longe.
"Agradecemos a Deus pelo terreno, mas os sustos estão complicados”, define.
Quem carrega o mesmo sentimento de insatisfação é a Maria Aparecida Valdez, de 40 anos. Mãe de 4 filhos, ela conta que o integrante mais novo da família - um bebê recém-nascido - graças ao destino não estava na cama. Ali costuma ser colocado para dormir depois do almoço.
Segundo Maria, ela resolveu tirar um cochilo no chão da sala em vez do quarto. Foi fechar os olhos, veio o susto.
De repente, ouvi minha filha vir correndo me chamar, nisso olhei pra cima e vi as telhas subindo. Só conseguir pegar o neném e segurar bem forte no meu peito. Fiquei de joelhos. Meu marido veio correndo mandando eu sair de dentro da casa e me colocou dentro do carro para me proteger.
A família também perdeu alimento. Há alguns dias, eles receberam pacotes de arroz por doação e para se livrar de impurezas, resolveram deixá-lo em um suporte de ferro ao sol. Com vento e a poeira causados pelo redemoinho, o arroz ficou todo sujo e agora a família vai ter de correr atrás de novos mantimentos.
É na incerteza do que pode vir pela frente que algumas famílias do loteamento Aguadinha vivem, isso porque residências já se alagaram com chuvas passadas, incêndios assustadores próximos das casas já ocorreram e hoje um “tornado” de poeira. Maria, agora, vai ter que repor as telhas de quase toda a casa.
“Nossa casa já alagou e agora teve isso do vento. O nosso medo é quando chegar de novo a chuva. Ainda não sabemos o que fazer”, afirma.