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No bairro mais populoso, parque é lar de pombos e vive “abre e fecha”

Aline dos Santos | 29/01/2016 07:20
Pombo faz estrutura metálica do ginásio de abrigo. Infestação levou à interdição do local. (Foto: Fernando Antunes)
Pombo faz estrutura metálica do ginásio de abrigo. Infestação levou à interdição do local. (Foto: Fernando Antunes)
Cobertura de ginásio teve estrutura danificada. (Foto: Fernando Antunes)
Cobertura de ginásio teve estrutura danificada. (Foto: Fernando Antunes)

O quicar da bola de basquete na quadra e o bater de asas dos pombos. Os ruídos no fim da manhã de uma quarta-feira no parque Ayrton Senna, no bairro mais populoso de Campo Grande, se extraem da persistência de um atleta adolescente em busca da cesta perfeita e da insistência das aves que fazem do parque um abrigo.

Com a infestação, o local ficou fechado por seis meses, deixando órfãos os moradores do bairro Aero Rancho. O antídoto também veio voando: quatro gaviões, aliados a armadilhas, recolheram mais de 500 pombos em 30 dias. Hoje, são poucas aves no entorno, mas, de forma gradual, elas voltam para o “dormitório”.

Conforme apurado pela reportagem, elas procuram alimentos durante o dia, fora dos domínios do parque, e retornam em busca de abrigo. A situação é antiga, porém, em junho do ano passado, fez com que o local fosse interditado, no primeiro capítulo de uma novela de abre e fecha.

O fechamento do parque, que tem média diária de 2 mil visitantes, afetou a rotina do estudante Geovanne Bruno César, 13 anos. Ele treina todos os dias, passando cinco horas na quadra, para garantir arremessos certeiros no jogo de basquete. “O parque fez muita falta”, conta o garoto, figura solitária no complexo esportivo por volta de meio-dia na última quarta-feira.

O aposentado Luiz Soarez Garcia, 77 anos, conta que a solução foi fazer caminhada ao redor do parque. “É a opção mais próxima, quase a única”, diz. Ele utiliza a pista de caminhada e os aparelhos da academia ao ar livre. Luiz conta que sente no condicionamento os benefícios da atividade física e do ar mais “puro” da área verde.

No grupo dos frequentadores assíduos do Ayrton Senna, ele avalia que é preciso reforma no parquinho infantil e reabertura das piscinas.

Piscina interditada para frequentadores. (Foto: Fernando Antunes)
Piscina interditada para frequentadores. (Foto: Fernando Antunes)
Luiz faz parte do grupo de frequentadores assíduos do Ayrton Senna,(Foto: Fernando Antunes)
Luiz faz parte do grupo de frequentadores assíduos do Ayrton Senna,(Foto: Fernando Antunes)
Geovanne treina horas em busca do arremesso perfeito. (Foto: Fernando Antunes)
Geovanne treina horas em busca do arremesso perfeito. (Foto: Fernando Antunes)

Depois de ficar sem ter onde ir, o vigilante Edson Miranda aproveita o parque aberto para correr na areia e a academia. O parque foi entregue ao público em 1994, na gestão de Pedro Pedrossian.

A novela - O Corpo de Bombeiros procedeu a interdição em 3 de junho de 2015. Mas diligência da 34ª Promotoria de Justiça no dia 10 de junho verificou que o parque estava em funcionamento. O fechamento efetivo foi em 11 de junho.

No dia 14 de novembro, o prefeito Alcides Bernal reabriu o local ao público. Mas a decisão durou pouco. Em 3 de dezembro, o MPE (Ministério Público Estadual) pediu à Justiça o fechamento, pois a prefeitura contrariou a orientação do Corpo de Bombeiros e colocou em risco a segurança da população ao dizer que o local está apto para o uso.

No dia seguinte, o prefeito mandou fechar o parque. A autorização do Corpo de Bombeiros veio no dia 15 de dezembro, mas com ressalvas. Conforme o certificado de vistoria, foi permitido o uso do ginásio somente para prática esportiva. Foram proibido shows e festas. A área da piscina segue interditada.

Reforma e segurança - Ação na Justiça pede a reforma e fiscalização no parque Ayrton Senna. O Ministério Público solicita q providências para melhorias e adequações na infraestrutura das instalações.

Ainda há pedido de fiscalização no parque, especialmente pela Secretaria Municipal de Segurança Pública, “evitando que o local e adjacências se tornem para a prática de delitos em geral”, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. O MPE também solicitou que seja vetada qualquer atividade, somente com ações de manutenção e vigilância patrimonial. No local, é possível ver bancos quebrados e a cobertura do ginásio danificada.

Bancos quebrados no parque. MPE cobra reforma em ação na Justiça. (Foto: Fernando Antunes)
Bancos quebrados no parque. MPE cobra reforma em ação na Justiça. (Foto: Fernando Antunes)

Ratos voadores – Os pombos urbanos são considerados “ratos com asas” por transmitir várias doenças. As fezes contêm fungos e bactérias e, depois de secas, liberam partículas que podem transmitir diversas doenças, como meningite e alergias.

Ácidas, as fezes estragam madeiras, vigas de telhado, forros, tintas de paredes e de carro. Vistorias realizadas em 2014 e 2015 no parque retrataram um mesmo cenário: fezes de pombos nas estruturas metálicas, escorridas nas paredes, acumuladas em pias de granito.

A legislação proíbe alimentar os pombos. Quando uma ave é alimentada, ela deixa de exercer sua função, que é controlar insetos e replantar as sementes das plantas que comem.

Quem envenenar, capturar ou for flagrado alimentando as aves pode pagar multa que varia de R$ 100 a R$ 5 mil. Aves de rapina, gaviões e falcões são utilizados para controle da ecologicamente correto da fauna exótica. No procedimento, o gavião “troca” a pomba capturada por um pedaço de carne. Os animais são encaminhadas para veterinário e abatidos.

As aves de rapina são utilizadas no controle de fauna em aeroportos, estabelecimentos comerciais, industrias e atacadistas. A permissão de abate é emitida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). A reportagem solicitou informações à Funesp (Fundação Municipal de Esporte), mas não obteve resposta. 

Série - O Campo Grande News percorrerá os principais parques da cidade, mostrando a situação em que se encontram, suas principais características, qualidades e problemas.

Piscinas seguem interditadas em parque. (Foto: Fernando Antunes)
Piscinas seguem interditadas em parque. (Foto: Fernando Antunes)
Abertura na grade do parque. (Foto: Fernando Antunes)
Abertura na grade do parque. (Foto: Fernando Antunes)

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