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Capital

Nas ruas, trabalhador usa data festiva para ressaltar desigualdades

Luciana Brazil | 01/05/2012 15:44
Trabalhador lamenta que a maioria não possa comemorar o dia. (Foto:João Garrigó)
Trabalhador lamenta que a maioria não possa comemorar o dia. (Foto:João Garrigó)

No Dia do Trabalho, celebrado anualmente no dia 1° de maio, em vários países do mundo, a data nem sempre é vista com bons olhos pelo "proletariado". Em Campo Grande, a equipe do Campo Grande News foi às ruas para saber o que a data, com tantas mudanças na economia e nas relações sociais, ainda significa.

Unanimidade entre os entrevistados, a data não representa uma vitória ou uma conquista dos profissionais, mas sim desigualdade entre os trabalhadores. “Tem gente que até pode comemorar, mas outras pessoas não. A maioria não pode escolher a profissão, tem que trabalhar no que tem por causa da necessidade.

Além disso, o salário quase nunca é digno. Existem profissões que são reconhecidas e outras ficam largadas e ninguém valoriza”, lamentou o fiscal Claiton de Queiroz Neres, que trabalhou durante todo dia 1° de maio.

Segundo ele, a maior parte dos trabalhadores também não pode descansar no feriado, já que precisa trabalhar. “Tem muita profissão que não para no feriado. Já que a gente não é reconhecido pelo trabalho, pelo menos tem um dia para nós”, brincou o fiscal.

O descontentamento com o feriado também foi ressaltado pela comerciante Rosângela Fernandes, 44 anos. “Esse feriado é bom só para quem tem motivos para comemorar alguma coisa. Depende muito do trabalhador. Pergunta para um catador de lixo se ele tem motivo para celebrar alguma coisa, ele vai dizer que não. Ele trabalha na chuva, no sol, no frio, todos os dias e não tem direito a nada. Isso é conquista?”, indagou.

Comerciante diz que a maioria dos trabalhadores sofre e não tem descanso.
Comerciante diz que a maioria dos trabalhadores sofre e não tem descanso.

As conquistas alcançadas pelos trabalhadores durante anos de história não são relevantes diante das desigualdades vistas hoje em dia, conforme lembrou o empresário Jonas Racho. “Não podemos negar algumas coisas, mas ainda existem muitos problemas a serem enfrentados pelos poderes públicos. Nós não podemos desistir das lutas, mas é óbvio que certas coisas desanimam”, assegurou o empresário.

“O trabalhador do dia a dia não tem o que comemorar, não tem plano de saúde, não tem salário digno e vive com necessidade”, comentou a agente de atendimento Keila Rondon, 26 anos.

De acordo com historiadores, a data teve início em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, com uma manifestação dos trabalhadores que reivindicavam a redução na carga horária de trabalho. No Brasil, o dia se consolidou em 1925, por um decreto do presidente Artur Bernardes. O poder público se apoderou da data que antes era um movimento dos operários.

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