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Capital

No entorno do Hotel Campo Grande, 60% ganham no máximo R$ 2,9 mil

Dado foi apresentado por presidente da Emha, ao defender projeto de condomínio popular no prédio fechado há 18 anos

Marta Ferreira e Fernanda Palheta | 03/09/2019 12:52
Num raio de 500 metros do hotel, maioria ganha até três salários mínimos, diz Emha. (Foto: Reprodução Google Maps)
Num raio de 500 metros do hotel, maioria ganha até três salários mínimos, diz Emha. (Foto: Reprodução Google Maps)

"São semelhantes rejeitando semelhantes". Foi o recado dado pelo diretor-presidente da Emha (Empresa Municipal de Habitação), Enéas José de Carvalho Neto, em nota pública distribuída nesta manhã. Ele esteve na Câmara dos Vereadores para defender o projeto de transformação do Hotel Campo Grande, fechado desde 2001, em condomínio popular, e apresentou dado mostrando renda de no máximo três salários mínimos, ou R$ 2,9 mil, para 57% das pessoas num raio de 500 metros do prédio. Se forem consideradas as pessoas sem renda, esse percentual sobe para 60%.

Quando o limite a renda é de até cinco salários mínimos, R$ 4,9 mil, atinge 77% da população da região, conforme o presidente da Emha. De acordo com ele, o levantamento foi feito pelo Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), com base em dados do censo 2010, para mostrar que a região já é ocupada por pessoas de renda simples.

A análise é uma resposta a frases ouvidas desde a divulgação do projeto, citadas por Énas no texto, tais como “Ah, mas vai virar Pomba” e “Não quero favelado como vizinho!”.

Citando uma expressão repetida algumas vezes pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) ao comentar as críticas negativas, o presidente da Emha chama de “pobres de espírito” quem se manifesta dessa forma. “Utilizam de um preconceito para falar de seus próprios vizinhos”, completa. Pela proposta encaminhada ao governo federal, o público alvo é justamente de famílias com renda até três salários mínimos.

O texto relembra a tragédia do Edifício Wilson Paes de Almeida, “aquele que incendiou e desabou no Largo do Paissandu em São Paulo, deixando 7 mortos e 2 desaparecidos”, em maio de 2018. “Campo Grande ainda não teve tragédia dessa magnitude, mas acham que se o poder público não intervir, algo semelhante poderia acontecer no Hotel Campo Grande???”, indaga.

Sobre as inúmeras dúvidas levantadas em torno da proposta, a resposta é que a primeira etapa é a viabilização dos recursos. “Paralelamente a isso, trabalharemos junto aos agentes competentes, com o Plano Local de Habitação de Interesse Social, onde estruturaremos todo o programa de locação e seus regramentos”, diz Enéas.

Além desse aspecto, na ida a Câmara, ele também procurou desfazer o argumento de que ficaria mais caro o projeto do hotel do que construir casas em bairros mais afastados. O cálculo mostra que transformar os aposentos do hotel desativado em 117 apartamentos populares custará ao poder público cerca de R$ 127 mil e não os R$ 324 mil calculados somente com base na divisão dos R$ 38 milhões que a Prefeitura de Campo Grande busca em Brasília para viabilizar a proposta de ocupar o prédio na 13 de Maio pelo número de moradias previstas na proposta, em análise pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.

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