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Capital

Notícia de corpo achado em “sarcófago” leva famílias de desaparecidos ao Imol

Busca pela identidade começa por tentativa de extração das digitais e processo de mumificação deve facilitar

Anahi Zurutuza | 20/09/2021 17:29
Bombeiros carregam caixa funerária para local da retirada do corpo (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Bombeiros carregam caixa funerária para local da retirada do corpo (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

A notícia de que corpo foi encontrado em estado de mumificação no viaduto da Avenida Ministro João Arinos, em Campo Grande, levou familiares de desaparecidos ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

Um dos casos é da esposa que procura o marido há 17 dias. Conforme descrito por ele, o homem trabalhava na saída para Três Lagoas, ligou para ela avisando que precisaria viajar a serviço, mas não voltou para casa. A mulher descobriu depois que o empregador do marido não mandou o funcionário a nenhuma viagem.

Dados de todos os parentes, que foram ou ligaram para o Imol, ficam anotados, assim como características informadas por eles dos desaparecidos, como tatuagens ou outros detalhes que facilitem a identificação. Os familiares serão chamados para tentar reconhecer o corpo ou fazer coleta de material genético para confronto com o DNA coletado dos restos mortais, caso haja evidência de que se trata de alguma das pessoas descritas pelas famílias. Isso se a identidade não for encontrada por meio do exame necropapiloscópico, feito por meio da coleta das digitais do cadáver.

O Campo Grande News apurou ainda que o corpo, conservado dentro da estrutura de concreto que funcionou como um “sarcófago”, já passou pelo raio-x e o Núcleo de Perícia Papiloscópica também já foi acionado para verificar a possibilidade de fazer a busca da identificação pela impressões únicas existentes nos dedos de cada indivíduo.

Conforme apurado, o processo de mumificação (conservação do corpo) deve facilitar a coleta das digitais e só não será possível chegar à identidade do morto se ele não tiver RG (Registro Geral) ou ficha criminal em Mato Grosso do Sul, uma vez que o banco de dados não é unificado. Não há prazo para terminar o trabalho.

Ainda no Imol, avaliação do médico legista vai determinar a causa da morte, se violenta ou não.

Cadáver foi encontrado em buraco de concreto debaixo de viaduto (Foto: Marcos Maluf)
Cadáver foi encontrado em buraco de concreto debaixo de viaduto (Foto: Marcos Maluf)

Mumificação – O cadáver foi encontrado no viaduto na tarde de sábado (18), dentro do viaduto Engenheiro Paulo Avelino de Rezende. Segundo apurado pela reportagem, um andarilho que chegou ao local para dormir, sentiu mau cheiro e alertou equipe que trabalha na reforma do viaduto. Com lanternas, os homens avistaram o corpo por meio de uma abertura na estrutura de concreto.

O estado do corpo chamou a atenção até de quem é acostumado a lidar com a morte. "Em 10 anos de profissão, eu nunca encontrei algo assim aqui no Mato Grosso do Sul", revelou perito plantonista que atendeu a ocorrência.

Ele explicou que a “sala” de concreto em que o corpo estava auxiliou a manter a temperatura em equilíbrio e por isso, apenas a pele superficial do cadáver se decompôs. A carne se solidificou e escureceu, produzindo um efeito de mumificação.

É difícil determinar há quanto tempo a vítima estava no local. Mas, estima-se que o período seja maior que 30 dias.

DNA –  Além do cadáver mumificado, que chegou ao Imol no fim de semana, hoje, em Mato Grosso do Sul, há cerca de 80 corpos ou ossadas sem identificação. A informação foi dada pela diretora do Ialf (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses), Josemirtes Prado, durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (20), sobre campanha em vigor no Estado para abastecer o BNPG (Banco Nacional de Perfis Genéticos).

Ainda segundo divulgado na coletiva, nos últimos 5 anos, foram registradas 7.770 ocorrências de desaparecidos em Mato Grosso do Sul, 3.148 delas em Campo Grande. Na Capital, os sumiços são investigados pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios).

Familiares dessas pessoas podem procurar um dos 13 postos de coleta em Campo Grande e no interior para fornecer material genético. Quem está na Capital pode procurar o prédio da Coordenadoria-Geral de Perícias - na Avenida Senador Filinto Müler, 1530 - e ou a DEH, que funciona no Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada) - Rua Soldado-Polícia Militar Reinaldo de Andrade, 167.

No interior, a coleta é feita nas unidades regionais de Perícia e Identificação em Três Lagoas, Aquidauana, Coxim, Nova Andradina, Naviraí, Dourados, Corumbá, Ponta Porã, Paranaíba, Naviraí, Jardim e Costa Rica.

O DNA do próprio desaparecido também poderá ser extraído de itens de uso pessoal, tais como: escova de dentes, escova de cabelo, aparelho de barbear, aliança, óculos, aparelho ortodôntico, dente de leite e amostra de cordão umbilical, caso exista.

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