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Capital

Paciente aguarda há 2 anos decisão judicial para fazer cirurgia corretiva

Luciana Brazil | 09/07/2013 14:41
Com marcas pelo corpo, paciente aguarda decisão judicial para fazer cirurgia corretiva. (Foto: Cleber Gellio)
Com marcas pelo corpo, paciente aguarda decisão judicial para fazer cirurgia corretiva. (Foto: Cleber Gellio)

Depois de ter o corpo mutilado, uma das vítimas do ex-médico Alberto Rondon aguarda decisão da Justiça para atenuar a angústia que tem sofrido há mais de 10 anos.

Mãe de dois filhos, a mulher de 37 anos que preferiu não se identificar, já passou por duas cirurgias corretivas para reparar os danos estéticos causados pelo ex-médico.

A luta agora é para que a terceira cirurgia de correção seja feita por um profissional de sua confiança e que os custos da operação sejam pagos pelo CRM/MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul).

Segundo a paciente, a intenção é ser operada pelo mesmo médico responsável pela segunda operação corretiva. A família da vítima precisou arcar com os custos da cirurgia. Já a primeira operação foi realizada por uma equipe de São Paulo, que se sensibilizou com a história que não cobrou pelo procedimento.

Desde janeiro de 2012, a paciente e o advogado da vítima aguardam a determinação judicial que obrigaria ao CRM a custear a cirurgia feita por um médico escolhido por ela.

O Conselho indicou uma profissional, porém, o advogado da vítima explica que ela teria o direito de escolher o médico. “Me baseei no critério essencial da medicina, que é a confiança”.

Em 1998, a vítima se submeteu a uma cirurgia plástica mal feita e cheia de erros. Além de ter retirado as glândulas mamárias da paciente, sem que fosse preciso, Rondon também deixou cicatrizes imensas. Segundo a mulher, as marcas vão de uma ponta a outra do corpo, tanto no abdômen, quanto nos seios.

“Ainda preciso de uma terceira cirurgia. Nunca mais vai ser igual. Uma cicatriz nunca sai do corpo e da alma”, frisou.

Sem as glândulas mamárias, a vítima não pode amamentar o segundo filho. “Foi tudo muito triste”, disse ela com dificuldade.

Apesar de hoje já conseguir tocar no assunto, ela ainda sofre, mas garante estar bem melhor. “Quando fiz a segunda cirurgia de correção nem quis colocar a prótese de silicone por medo de dar alguma coisa errada. Mas agora já recebi alta da psicóloga e ela já disse que posso passar pela terceira cirurgia”.

Dois dias depois de fazer a cirurgia, a paciente viu na televisão denúncias de mulheres que tinham sido atendidas pelo médico. “No primeiro momento achei estranho, mas pensei que houvesse algum erro. Pensei que comigo não tinha acontecido nada”, conta.

“Fiz a cirurgia na sexta-feira e no sábado recebi alta e isso já estava errado. Tive sangramento, precisei de dreno. Mas só depois vi o estrago”.

A paciente ficou quase cinco anos sem poder levantar o braço e só se restabeleceu depois da correção. “Sei de gente que ficou muito pior do que eu”.

Mais de 100 mulheres já denunciaram o médico ao Conselho de Medicina. Ele ainda responde vários processos na justiça.

Ação: Baseado nas denúncias, o MPF (Ministério Público Federal) moveu, em 2001, uma ação civil pública para buscar o ressarcimento dos danos morais e estéticos causados às vítimas.

Em 2009, o juiz da 4°vara Cível da Justiça Federal, sentenciou o processo e determinou que o médico se responsabilizasse pelos danos causados aos pacientes. Além disso, o juiz julgou procedente que o CRM também se responsabilizasse pelos casos.

“Ele entendeu que o CRM foi negligente na fiscalização, já que muitas denúncias já tinham sido feitas e ainda assim o conselho não suspendeu o médico. Ele só foi punido anos depois”, explicou o advogado.

Depois da sentença, o juiz intimou as vítimas para que se habilitassem no cumprimento da sentença. “O prejuízo não era comum, não era o mesmo para cada uma das mulheres. Por isso o processo se individualizou”.

Em 2011, depois de uma audiência de conciliação com o Conselho e representantes do médico, o juiz definiu que as vítimas recebessem auxilio médico e psicológico imediato. O CRM alegou que daria tratamento psicológico, e o estético apenas em casos de urgência.

O advogado pediu então que o juiz determinasse ao CRM a definição dos critérios de urgência ou que fosse ainda obrigado a garantir amplo tratamento médico e psicológico.A Justiça acatou o pedido e o Conselho começou a avaliar as pacientes.

“Porém, eu impugnei a proposta com base no laudo do médico de confiança da minha cliente. Ela quer ser operada por ele. Ela foi avaliada pela médica indicada pelo CRM, mas o médico a reavaliou e ela acabou decidindo fazer a cirurgia com ele”, contou o advogado.

Segundo ele, Rondon é considerado insolvente, por isso não é capaz de arcar com os custos na avaliação da Justiça. No processo, também existe uma indenização pecuniária e o valor ainda será estipulado pelo juiz.

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