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Capital

Pacientes têm de comprar até papel para imprimir resultados de exames

Problemas com fornecedor de papel para unidades de saúde levam população a pagar sulfite do próprio bolso.

Anahi Gurgel | 30/03/2017 17:50
Resma de sulfite, nota de compra e exames impressos em unidade de saúde da Capital. Paciente teve que comprar papel do próprio bolso. (Foto: Luana Bispo)
Resma de sulfite, nota de compra e exames impressos em unidade de saúde da Capital. Paciente teve que comprar papel do próprio bolso. (Foto: Luana Bispo)

Não bastasse a falta de medicamentos e até de médicos nas unidades de saúde de Campo Grande, agora falta até papel para imprimir documentos. Foi o que aconteceu no posto de saúde do bairro Coronel Antonino, o que levou uma paciente a comprar uma resma de folhas sulfite para conseguir ter acesso ao resultado de seus exames.

Quem conta o “absurdo”, como ela classifica, é a dona de casa Luana Bispo Coelho, de 22 anos. Ela fez exames laboratoriais no Labcen (Laboratório Central de Saúde Pública), na Avenida Calógeras, no dia 24.

“Me disseram que eu poderia buscar o resultado no dia 29, em qualquer unidade de saúde mais próxima da minha casa. Acabei indo ontem mesmo na Unidade Básica de Saúde do Coronel Antonino e fui surpreendida quando me disseram que não havia mais papel sulfite para imprimir”, relata, ainda indignada, a moradora do Bosque do Avilan.

Luana conta que o fato ocorreu por volta das 13h, quando a atendente sugeriu que ela comprasse o papel. “Ela ficou sem graça na hora, e disse que na UBS Nova Bahia o papel já tinha acabado, e que suspeitava que havia acabado também na UBS do Estrela do Sul, que são as unidades mais próximas dali”, lembra.

Ela não teve muita alternativa. Gestante de 4 meses, preocupada em já estar com os exames em mãos para levar ao ginecologista na consulta de retorno, Luana comprou uma resma pequena, com 100 folhas sulfites tamanho A4, que custou R$ 5,25. Ela disse que foi difícil achar o pacote pequeno.

“Só estava encontrando o maior, bem mais caro. Custa R$ 25 com 500 folhas”, afirmou.

“Não é o valor somente, mas sim o constrangimento. Remédio e médico eu sei que falta, mas papel para imprimir exame já é demais”, diz.

O mais interessante é que Luana utilizou apenas 4 folhas e, em solidariedade a outros pacientes, deixou uma parte da resma para que pudesse ser utilizada para imprimir outros exames. “Pedi para dar preferência a idosos.”, contou ao Campo Grande News.

Problemas com fornecedor – A assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que o papel usado para imprimir resultados de exames é o do tipo formulário contínuo, específico para impressoras matriciais, que são modelos mais antigos do aparelho.

“Esse tipo de papel está sem estoque desde o fim do ano passado. Estamos com problemas na licitação, pois a empresa fornecedora está questionando os valores do contrato. A compra já foi providenciada, mas não há previsão de quando o material será entregue. Talvez até o final de abril”, explicou a assessoria.

“Como esse papel é utilizado em todas as unidades de saúde do município, a solução até que seja feita a reposição dos estoques, foi substituir temporariamente as impressoras matriciais por impressoras a laser, que aceitam, papel sulfite A4”, complementa a assessoria.

Foram substituídos os equipamentos de todas as seis UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade e de postos com maior demanda.

“Para essas unidades, encaminhamos uma determinada quantidade de papel sulfite e, quando acaba, até que a central seja comunicada, demora um certo tempo para repor. Se chega um paciente justamente nesse meio tempo, infelizmente não consegue imprimir”, finaliza.

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