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Capital

Pane na Justiça adia sonho de jovem limpar o nome e de viúva ter pensão

Lidiane Kober | 26/09/2013 15:11
Viúva, Tereza depende da Justiça para conseguir auxílio doença para seu filho (Fotos: Marcos Ermínio)
Viúva, Tereza depende da Justiça para conseguir auxílio doença para seu filho (Fotos: Marcos Ermínio)

Frustradas, assim dezenas de pessoas estão saindo diariamente do Fórum de Campo Grande por conta de pane no sistema de informática. O primeiro sentimento é de indignação por perder a viagem, depois, vem a chateação por diagnosticar outra longa espera por uma audiência para resolver problemas.

É o caso de Elizer da Silva de Oliveira, 24 anos, que espera há sete anos para “limpar seu nome”. Em 2006, ele perdeu todos os documentos e, seis meses depois, ao tentar comprar uma moto “para trabalhar” descobriu seu nome na lista negra do Serasa. A partir daí, ele começou uma luta para se livrar de contas que ultrapassam R$ 40 mil.

“Assim que percebi a perda, registrei BO (Boletim de Ocorrência), mas fui obrigado a arrumar outras provas de que não fiz as compras e até empréstimo de mais de R$ 20 mil no banco”, explicou. Na semana passada, ele recebeu intimação para comparecer ao Fórum e, hoje, convicto de uma novidade no caso, deparou-se com o local fechado. “É o meu nome que está em jogo e não consigo resolver”, desabafou.

Elizer luta há sete anos para tirar seu nome do Serasa e provar que não gastou cerca de R$ 40 mil
Elizer luta há sete anos para tirar seu nome do Serasa e provar que não gastou cerca de R$ 40 mil

Também toda contente e acompanhada de duas testemunhas, Tereza Antonio da Fonseca, 68 anos, chegou ao Fórum na tarde desta quinta-feira (26). Viúva, ela procurou a Justiça para tentar um auxílio doença para seu filho de 38 anos, que toma remédio controlado por conta de problema mental.

“Há oito meses estou nessa luta”, contou. Há três meses, veio a informação da audiência. “Fiquei feliz, mas, agora, só me resta esperar mais um pouco”, lamentou. Para sua vizinha, Edeonira Andreani, 25 anos, é um absurdo a falta de respeito com a população.

“Pagam uma fortuna para manter esse sistema e quem paga o pato é a população, que deixa seu trabalho de lado para comparecer a uma audiência na esperança de resolver um problema e da de cara o cancelamento”, desabafou. Por ano, o TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) paga R$ 2,2 milhões a Softplan – Planejamento e Sistemas - para manter o portal da Justiça em Campo Grande.

Maria Lúcia Cardoso, 34 anos, e Éder Flávio Almeida de Oliveira, 28 anos, são outras vítimas da pane. O jovem será obrigado a viajar a Dourados por não encontrar as portas do Fórum fechadas e Maria precisará esperar mais para provar a paternidade de sua filha de 14 anos. “Ela foi fazer um curso e exigiram o nome do pai”, explicou.

Desde sábado (21), advogados, partes e o funcionários do Poder Judiciário não conseguem acessar aos processos e o Fórum de Campo Grande foi obrigado a dispensar os funcionários e só funcionar em regime de plantão.

Na quarta-feira (25), a Softplan, empresa de Santa Catarina, emitiu nota e atribuiu o problema a uma “situação atípica e inesperada”. De acordo com a assessoria do TJ-MS, os dados dos cerca de 250 mil processos “foram recuperados e o sistema está em fase de teste”. A expectativa é reativar o serviço nesta sexta-feira (27).

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