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Capital

Para quem perdeu a mãe, todo dia é marcado por saudade

Missa na manhã deste domingo, em Campo Grande, prestou homenagem às mães que se foram

Guilherme Correia e Bruna Marques | 08/05/2022 12:42
Avó levou neta para visitar mãe neste domingo, em cemitério da Capital. (Foto: Henrique Kawaminami)
Avó levou neta para visitar mãe neste domingo, em cemitério da Capital. (Foto: Henrique Kawaminami)

Marisa Jablonski, de 59 anos, carrega Maitê, de cinco anos, enquanto olha para os túmulos de Andréia, mãe da criança, Anna, a bisavó, e Bento, irmão que morreu antes de nascer. Os três foram enterrados lado a lado e, frequentemente, recebem visitas da avó e neta. Hoje, domingo de Dia das Mães, não seria diferente.

Não tem data especial, todo dia é especial e de superação.”

Única filha deixada por Andréia, a menina é cuidada pela mãe de sua mãe desde 19 de julho de 2017, quando os problemas de hipertensão fizeram a mulher se despedir da família.

Andreia perdeu mãe e filha, e hoje cuida da neta, de cinco anos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Andreia perdeu mãe e filha, e hoje cuida da neta, de cinco anos. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Não é a data, são todos os dias. Todos os dias eu preciso vasculhar, lá embaixo para contar a história de Andréia para a Maitê. Vinte e quatro horas por dia dentro de casa, é só ‘mamãe e bisa’.”

Naquele dia, a garota tinha apenas três meses e 13 dias de vida, enquanto a mãe ia embora aos 39 anos.

Quatro anos depois, foi a vez da bisavó Anna falecer, em 30 de dezembro de 2021, após um infarto. “Quase toda semana eu venho. Ela sempre pede para vir, porque ela quer ficar desenhando neste painel bonequinhos e flores para oferecer para a mamãe dela.”

Ontem, ela teve uma apresentação na escola e desde cedo, ficou chorando que a mãe dela não estaria lá. Para nós, é normal essa hora. A gente está brincando e, do nada, uma chora com a outra.”

“Tudo que a Maitê pergunta, é respondida. Eu não meço palavras para explicar nada para ela. Quando a bisa faleceu, quem escolheu tudo foi a Maitê. Roupas, caixão, coroa de flores. Agora, ela já entende todo o processo. Um belo dia, ela perguntou para mim como que a mamãe foi embora. ‘Que roupa ele estava?’, ‘Ela estava maquiada?’, e eu passo tudo para ela.”

Quando Andreia estava viva, chegou a engravidar de um outro filho, que se chamaria Bento, mas o filho nasceu natimorto. “Ele teria sete anos hoje."

“Maitê é minha vida. É só eu e ela. E Deus, com a proteção da mamãe, do maninho e da bisa.”

Maitê sempre pergunta à avó sobre a mãe, que faleceu 2017. (Foto: Henrique Kawaminami)
Maitê sempre pergunta à avó sobre a mãe, que faleceu 2017. (Foto: Henrique Kawaminami)

Memória - A cabeleireira Rosa de Oliveira Chaves, de 60 anos, veio ver a mãe, que faleceu em 2016, aos 74 anos, vítima de um ataque do coração.

A mãe era Palmira de Oliveira Chaves, que deixou outros sete irmãos, mas naquele horário, somente Rosa podia comparecer. Ela estava sentada na grama, com os olhos marejados, enquanto conversava com a ente. “Nunca faltei nessa data. Sempre venho em outros dias, também.”

Com muito carinho e saudade, Rosa lembra dos dias que passava com a mãe. (Foto: Henrique Kawaminami)
Com muito carinho e saudade, Rosa lembra dos dias que passava com a mãe. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Gosto de ficar aqui, converso com ela como se ela estivesse presente. Tudo que estou sentindo, no meu coração, eu conto para ela, e choro.”

“No momento que passamos juntas, quando nos reuníamos, os anos eram tão bons. Ela gostava de receber flores e eu nunca deixei de levar flores para ela no Dia das Mães. Lembro de todos os momentos bons que passamos juntas, e hoje fica a saudade.”

A principal saudade, diz ela, é de reunir a família em torno da matriarca. “Nunca mais foi o mesmo [Dia das Mães] e nem vai ser. A gente estava sempre juntas, fazíamos almoço, reunimos os irmãos… e queira, ou não, a família se afasta quando o pai ou a mãe se vão. Os irmãos se distanciam e sinto muita saudade. Ela ficava muito feliz de ver a casa cheia e, hoje, não temos mais isso.”

“Hoje, eu cuido do meu pai - desde que ela faleceu. Dediquei minha vida a eles. Ele tem 84 anos, mas não gosta de vir. Ele sofre muito com a morte dela e acho que ele quer lembrar dela de uma forma diferente.”

Missa foi feita na Capital em homenagem às mães que já se foram. (Foto: Henrique Kawaminami)
Missa foi feita na Capital em homenagem às mães que já se foram. (Foto: Henrique Kawaminami)

Saudade - Os irmãos Neraldo, de 44 anos, e Nério, de 40, vieram ver a mãe, que deixou duas netas e uma bisneta ao ser vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) aos 62 anos. Todas elas, além da esposa de um dos irmãos e uma nora, vieram neste domingo visitar o túmulo.

Enquanto Neraldo Ciali Barreiro lamentava o acontecimento, mas ainda se mantinha firme, o irmão mais novo desabava em lágrimas. Segundo ele, Nério “sempre vem no Dia das Mães, Dia de Finados, e fora de época”.

“A gente traz flores, ficamos conversando com ela, contando as coisas e lembrando dos momentos bons. Nos Dias das Mães, estávamos sempre com ela.”

Avó e neta visitaram túmulos neste domingo de Dia das Mães. (Foto: Henrique Kawaminami)
Avó e neta visitaram túmulos neste domingo de Dia das Mães. (Foto: Henrique Kawaminami)

Dia das Mães - Na manhã deste domingo (8), missa no Cemitério Nacional Park, no Bairro Moreninha, em Campo Grande, prestou homenagem às pessoas que perderam a mãe.

A ação começou às 6h e até por volta das 10h30, centenas de pessoas haviam passado pelo local, recebendo uma singela lembrança - uma caixa com bombom e os dizeres “qual a sua maior lembrança com a sua mãe?”

Em banners e mensagens penduradas em algumas árvores, várias mensagens repetiam o tema da missa: “Mãe, amor para recordar sempre”, além de papéis em branco para que as pessoas pudessem escrever seus sentimentos.

Domingo foi dia de relembrar as boas memórias que as mães deixaram. (Foto: Henrique Kawaminami)
Domingo foi dia de relembrar as boas memórias que as mães deixaram. (Foto: Henrique Kawaminami)


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