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Capital

Perita nega omissão sobre prova plantada no carro de empresário morto

Nas mensagens transcritas, um colega alerta sobre 'falsa perícia' no caso de assassinato cometido por PRF

Aline dos Santos | 03/08/2017 11:00
Primeira perícia foi realizada no local do crime, na avenida Ernesto Geisel. (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
Primeira perícia foi realizada no local do crime, na avenida Ernesto Geisel. (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

A troca de mensagens no aplicativo WhatsApp entre os peritos Karina Rébulla Laitart e Domingos Sávio Ribas mostra diálogo sobre flambadores, trajetória, o advogado Renê Siufi e falsa perícia.

Os profissionais da perícia tiveram o sigilo telefônico quebrado na apuração sobre provas plantadas no veículo do comerciante Adriano Correia do Nascimento, morto pelo policial Ricardo Moon após briga de trânsito na avenida Ernesto Geisel. 

A caminhonete está apreendido desde o dia do crime, 31 de dezembro de 2016, mas teve o surgimento de dois flambadores de sushi.

Os maçaricos, com dimensões de 19x5 centímetros, apareceram no assoalho em frente ao banco do passageiro em 4 de janeiro, mesmo após duas perícias. Até então, o veículo estava apreendido no pátio da Coordenadoria Geral de Perícias, na avenida Senador Filinto Muller, Vila Ipiranga.

Após os celulares serem devolvidos à Justiça porque colegas dos peritos se declararam impedidos, a transcrição do conteúdo do aplicativo foi feita em 28 de julho e anexada ao processo por homicídio, que tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri.

Foram transcritas conversas entre 16 de janeiro a 10 de fevereiro na análise do celular do perito. No laudo relativo ao celular da perita, as conversas são de 3 de janeiro a 10 de fevereiro.

Em 3 de janeiro, o diálogo é iniciado por Domingos Sávio, que parabeniza o trabalho da perita e comenta sobre trajetória de tiros. O diálogo no aplicativo é retomado em 6 de janeiro, o perito conta que foi chamado para reunião sobre flambador e indica que foi alvo de indiretas.

Também comenta que o veículo foi filmado por emissora de TV um dia antes de os maçaricos serem encontrados. Ele frisa que colocaria no laudo com ressalvas.

A perita diz que não colocaria nada porque não estava antes e também não mentiria. Em 9 de fevereiro, o perito conta que o advogado Renê Siufi, que atua na defesa do policial, ligou para o diretor da Polícia Civil: “e disse que vai me por de testemunha”.

A intenção era que ele falasse sobre os flambadores. O perito ainda alerta a colega de risco de falsa perícia, quando há omissão de vestígios. A perita afirma: “Mas eu não omiti nada... os flambadores não estavam lá qdo fiz a perícia ...”

Trajetória - Durante audiência sobre o surgimento dos flambadores no veículo do morto, Karina disse que Sávio teria interesse em alterar o resultado do laudo pericial e que teria dito ter amizade com Siufi.

Ao ter uma de suas conclusões sobre a trajetória de disparos questionada por Sávio, a perita voltou a inspecionar o veículo. Ao abrirem a porta, ela, Sávio e um agente de polícia cientifica encontraram os maçarico.

Na mesma audiência, realizada em 11 de abril, Sávio lamentou ser visto como suspeito. Na ocasião, Siufi negou amizade com Sávio e classificou a afirmação como “leviana”. O advogado interpelou a perita na Justiça.

Na resposta, ela afirma não ter dito em juízo que a informação da amizade entre Sávio e o advogado conste no WhatsApp. De acordo com a perita, que anexou transcrição de conversa, o que consta é Sávio dizendo que seria arrolado pela defesa como testemunha.

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