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Capital

Pesquisa mostra que 83% dos moradores de rua têm profissão

Helton Verão | 16/08/2013 16:26
Cerca de 200 moradores de rua foram entrevistados, 77% deles não tem onde dormir e passam as noites pelas ruas da Capital (Foto: João Garrigó)
Cerca de 200 moradores de rua foram entrevistados, 77% deles não tem onde dormir e passam as noites pelas ruas da Capital (Foto: João Garrigó)

Pelo menos 83% dos moradores de rua em Campo Grande tinham alguma profissão antes de perambularem sem destino pela cidade. É o que constatou a pesquisa feita pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, apresentada, nesta sexta-feira (16), na audiência pública sobre a “População em situação de Rua em Campo Grande/MS”.

Entre as profissões dos entrevistados aparecem cozinheiro com 12%, construção civil com 19% e até aposentados com 6%.

Outros números que chamaram a atenção na pesquisa, foi o número de moradores de rua com pelo menos o ensino fundamental completo, cerca de 75% dos entrevistados, 2% deles tem ensino superior. A maioria dos entrevistados é do sexo masculino (96%).

O evento e a pesquisa tem como finalidade obter dados, subsídios, informações, sugestões, críticas ou propostas concernentes à população em situação de rua na Capital, visando auxiliar o gestor público na formulação das políticas públicas favorecendo essa população em projetos de inclusão produtiva. A audiência aconteceu no Auditório Dr. Nereu Aristides Marques na Procuradoria-Geral de Justiça.

Além de Celso Botelho e Juliana Zorzo, participaram da bancada, Thaís Helena, Miriam Aparecida Paulatti (Agehab), Humberto de Mattos Brites e o promotor Sílvio César Maluf (Foto: Marcos Ermínio)
Além de Celso Botelho e Juliana Zorzo, participaram da bancada, Thaís Helena, Miriam Aparecida Paulatti (Agehab), Humberto de Mattos Brites e o promotor Sílvio César Maluf (Foto: Marcos Ermínio)

“Foram três meses de pesquisas com a equipe da ouvidoria do MPE, através de relatórios do Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento ao Migrante) e também de entrevistas feitas nas ruas e também com parceiros. O que mais percebemos é que as pessoas que estão nas ruas buscam ajuda para sair desta situação, pelo menos 98% dos entrevistados”, revela o promotor de Justiça e ouvidor responsável pela pesquisa, Celso Antonio Botelho de Carvalho. Eles querem ser internados em clínicas de reablitação.

Cerca de 200 moradores foram entrevistados pela ouvidoria e pelo Cetremi. O centro oferece assistência provisória através de hospedagem, alimentação, higienização, orientação, encaminhamento à rede socioassistencial e o desenvolvimento de oficinas de ressocialização.

A vereadora Juliana Zorzo (PSC) vai apresentar um projeto na Câmara Municipal nos próximos dias que obriga o município a prestar atendimento aos moradores de rua. “Pesquisei alguns pontos em que o município pode atuar em atendimento aos moradores de rua, como a isenção em alguns custos, albergues, melhoria nos centros e nas casas de convivência. Também irei levar daqui ideias que possam qualificar o projeto que vou apresentar na Câmara”, comenta Juliana.

Ainda hoje às 19 horas acontece a audiência pública na Câmara dos Vereadores que irá debater a inclusão da disciplina nas escolas públicas sobre os malefícios causados pelas drogas.

Mais números - Conforme a pesquisa, a grande maioria (96%) não toma banho diariamente e 42% deles apenas jantam, passando o dia todo sem comer. A metade deles (50%) confessou que o álcool foi o principal fator que os levaram a morar nas ruas.

Na audiência marcaram presenças, funcionários do SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), representantes da igreja católica, evangélica, ONGs e associações. “Os moradores que acolhemos não são forçados a nada, respeitamos seus direitos de ir e vir, sempre pelos meios próprios deles. Cada caso de pessoa que consegue superar os problemas e sair da rua, é uma vitória pra nós”, ressalta a assistente social da SAS, Janusia Fátima Sousa.

A psicóloga Joyse Cabreira lembra que audiências e pesquisas como estas são essenciais para analisar os problemas. “Os moradores não são só responsabilidade de psicólogas e assistentes sociais e sim de toda a população”, analisa a profissional do SAS.

Também participaram da bancada, a secretária municipal de Ação Social, Thaís Helena, Miriam Aparecida Paulatti (Agehab), o procurador geral de Justiça, Humberto de Mattos Brites e o promotor Sílvio César Maluf.

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