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Capital

Polícia apura se houve omissão de socorro à jovem que morreu após surto

Empresário que estava em motel com veterinária é tratado como testemunha por enquanto, mas pode ser responsabilizado

Anahi Zurutuza e Clayton Neves | 17/01/2020 10:54
De camisa vermelha, delegado conversa com funcionários de motel (Foto: Henrique Kawaminami)
De camisa vermelha, delegado conversa com funcionários de motel (Foto: Henrique Kawaminami)

O delegado Ricardo Meirelles, da 3º DP (Delegacia de Polícia), quer saber se houve omissão de socorro por parte do empresário, de 30 anos, à médica veterinária, de 29 anos, que morreu na BR-262 depois de sair correndo de motel, em surto. Segundo testemunhas, ele tentou fazer a jovem entrar na caminhonete que conduzia, uma VW Amarok, mas, sem sucesso, arrancou com o veículo do local.

“Caso ela tivesse necessitando de cuidados e ele tenha negligenciado, pode configurar omissão de socorro”, explicou o responsável pela investigação.

A principal tese da polícia é que a moça tenha sofrido uma overdose de entorpecente, por causa dos sintomas - agitação extrema, confusão mental, pupilas dilatadas. As testemunhas, pelo menos três pessoas, relataram que a jovem saiu gritando do motel, localizado na saída para Três Lagoas, em Campo Grande. Ela rastejava no asfalto e espumava pela boca.

Equipe que foi ao quarto do estabelecimento onde os dois estavam encontrou vestígio de substância que parece ser cocaína. Não havia sinais de violência – o quarto estava arrumado, segundo relatou um dos integrantes do corpo de investigação à reportagem.

Delegado Ricardo Meirelles, que comanda a investigação, em entrevista (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegado Ricardo Meirelles, que comanda a investigação, em entrevista (Foto: Henrique Kawaminami)

Meirelles explica que o empresário é tratado, por enquanto, como testemunha, mas que ele pode ser responsabilizado pela morte, se comprovada overdose como causa e houver prova de que o mesmo forneceu a droga para a veterinária.

“A morte aconteceu em condições suspeitas, mas precisamos de mais elementos para saber se envolve crimes”.

Como havia apurado o Campo Grande News, o delegado também recebeu a informação que um advogado esteve na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) do Centro na madrugada desta sexta-feira (17) e prometeu que o cliente se apresentaria para prestar esclarecimentos. Ele afirma que, contudo, não há nada marcado.

Meirelles foi até o motel nesta manhã para ver o quarto com os próprios olhos, conversar com funcionários, verificar se há imagens das câmeras de segurança. Ele afirma que o próximo passo é conversar com o médico legista para saber se evidências do consumo de drogas foram encontradas no corpo e aguardar os resultados de exames.

O responsável pela investigação disse que quer falar com o maior número de pessoas possível “envolvidas direta ou indiretamente no caso”. Ele quer saber “se os dois eram usuários eventuais ou dependentes químicos, qual tipo de relacionamento mantinham”.

Jovem morreu debaixo de caminhão estacionado na BR-262, na região do Jardim Noroeste (Foto: Henrique Kawaminami)
Jovem morreu debaixo de caminhão estacionado na BR-262, na região do Jardim Noroeste (Foto: Henrique Kawaminami)

A morte – Segundo testemunhas, uma delas inclusive ouvida pela reportagem, a veterinária saiu correndo e gritando do motel por volta das 20h. Ela foi para o meio da rodovia e pessoas pararam para ajuda-la.

Uma dona de casa, de 34 anos, que preferiu não se identificar, conta que tentou conter a vítima. “Comecei a ouvir os gritos dela dentro do motel. Ela dizia que o homem iria matar ela e então ela saiu correndo para fora. Eu fiquei preocupada e vim tentar ajudar”, contou ao Campo Grande News na noite de ontem.

O empresário também teria tentado controlar a mulher antes de fugir. “Ele dizia que ela ia acabar com a vida dele, até que em determinado momento ele jogou as coisas dela na rua e foi embora”, completou a moradora.

Foi depois dessa confusão que a moça entrou entre o pneu e o eixo de um caminhão que estava parado no acostamento, próximo ao cruzamento com a Avenida Doutor Paulo Adolfo Bernardo, na região do Jardim Noroeste. O motorista do caminhão relatou à polícia que viu a jovem vindo em sua direção e conseguiu frear, evitando o atropelamento.

Quando as equipes de salvamento chegaram ao local ela já estava morta, debaixo do caminhão.

O empresário é filho de pecuarista muito conhecido em Mato Grosso do Sul. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com ele, no celular pessoal e por meio de advogados.

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