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Capital

Polícia recebe laudos e deve concluir caso sobre mortes na quimioterapia

Luana Rodrigues | 25/06/2015 09:37
Pacientes foram tratados no setor de oncologia da Santa Casa (foto: Divulgação)
Pacientes foram tratados no setor de oncologia da Santa Casa (foto: Divulgação)
Ana Cláudia entra na fase final de inquéritos sobre mortes na Santa Casa (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Ana Cláudia entra na fase final de inquéritos sobre mortes na Santa Casa (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

A delegada titular da DECO( Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), Ana Cláudia Medina, informou na manhã desta quinta-feira(25), que já recebeu o resultado dos laudos períciais, necroscópicos, indiretos e farmacológicos, acerca das mortes de quatro pacientes que fizeram quimioterapia no setor de oncologia da Santa Casa, em Campo Grande. Três mortes ocorreram em 2014, e na época, foram registradas como "mortes a esclarecer". A quarta vítima morreu em janeiro deste ano.

"Apenas posso adiantar que os laudos periciais que faltavam chegaram e que estou analisando todos juntamente com as 10 mil folhas que compõem os inquéritos para verificar o que falta e concluir o caso", explicou a delegada.

Segundo a Santa Casa, quatro pessoas fizeram uso do fármaco. Carmen Insfran Bernard, 48 anos, morreu no dia 10 de julho de 2014, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, no dia seguinte e Maria Glória Guimarães, 61 anos, no dia 12 . Margarida Isabel de Oliveira, 70 anos, apresentou efeitos colaterais e morreu no dia 27 de janeiro deste ano.

A primeira etapa das investigações, iniciada em julho de 2014, foi de ouvir depoimentos. Foram ouvidas testemunhas, familiares das vítimas, médicos e membros do hospital que estiveram envolvidos com os fatos de alguma maneira. Os prontuários das vítimas também foram solicitados pela Polícia.

No inquérito, serão analisadas principalmente questões a respeito do medicamento fluoracil (5-FU), princípio ativo administrado aos pacientes durante sessões de quimioterapia. Por isso, os laudos laboratoriais e exames vão ajudar a polícia a descobrir detalhes sobre a composição, fabricação e o lote do medicamento. “Também será analisado o procedimento de manipulação e administração aos pacientes”, destacou a delegada.

O maior obstáculo enfrentado pela delegada e que desacelerou o andamento do processo, foi o fato de que o livro de registros da oncologia não apresentava dados fidedignos sobre o procedimento operacional padrão. “A documentação não dava o cenário real do que havia ocorrido. Este foi o fator que causou boa parte da demora”, disse Medina, lembrando que também avalia outros documentos, as medicações e a metodologia de trabalho utilizada no setor.

A ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), mantenedora do hospital, criou uma comissão internar para apurar os casos. Conforme o presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, 41 pacientes da quimioterapia também foram medicados com o mesmo lote de 5-FU, mas não apresentaram efeitos colaterais graves – exceto por uma mulher, que estaria internada, mas passa bem e está prestes a receber alta, acrescentou.

Suspensão - No dia 18 de julho de 2014, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu o uso de um lote do medicamento cinco-fluoracil, o 5-FU. A decisão foi tomada após ser constatado que as três primeiras vítimas tomavam doses deste mesmo lote. Por ser a agência reguladora nacional, a decisão foi válida para todo o Brasil.

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