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Capital

"Por telepatia?": advogada questiona liderança de facção atribuída a Marcinho VP

Preso há 18 anos no sistema federal, traficante ainda é considerado o chefe do Comando Vermelho

Por Silvia Frias e Anahi Zurutuza | 29/10/2025 12:20
"Por telepatia?": advogada questiona liderança de facção atribuída a Marcinho VP
Marcinho VP está na Penitenciária Federal de Campo Grande desde janeiro 2024 (Foto/Reprodução)

“Se assim fosse, comandaria por telepatia?”. A provocação é da advogada Paloma Gurgel Bandeira, defensora de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Em entrevista ao Campo Grande News, rebateu as declarações de autoridades que voltaram a apontar o preso como uma das lideranças do Comando Vermelho, mesmo após quase duas décadas em regime de isolamento federal.

RESUMO

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A advogada Paloma Gurgel Bandeira defendeu Marcinho VP, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande desde janeiro de 2024, rebatendo acusações de que ele ainda lidera o Comando Vermelho. Ela questionou a lógica de manter essa afirmação após quase duas décadas em isolamento e criticou a recente megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em 128 mortes. Paloma classificou a operação como uma encenação midiática e denunciou as condições desumanas de encarceramento de seu cliente, incluindo alegações de castração forçada. A advogada argumentou que o governo do Rio deve respeitar as normas legais em operações em comunidades e que a insistência em associar Marcinho a crimes fora da prisão legitima tragédias humanas em nome da segurança pública.

Marcinho VP é considerado líder do Comando Vermelho, alvo de megaoperação policial realizada ontem na capital carioca e que já passa de 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha. A ação, considerada uma das mais letais da história do Rio de Janeiro, mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das forças estaduais e federais com o objetivo de prender chefes da facção criminosa.

A advogada considera ser incoerente o Estado continuar sustentando que Marcinho VP ainda exerce qualquer comando sobre o tráfico, “mesmo depois de 18 anos em isolamento absoluto, sem qualquer forma de comunicação”.

O traficante está preso no sistema penitenciário federal desde julho de 2007, sendo um dos primeiros detentos transferidos para a Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), inaugurado naquele mesmo ano, quando o governo federal criou o regime de segurança máxima para isolar lideranças do crime organizado. Desde então, Marcinho passou por outras unidades federais e partir de janeiro de 2024, integra a lista dos detentos de Campo Grande.

"Por telepatia?": advogada questiona liderança de facção atribuída a Marcinho VP
Marcinho VP entrando em camburão escoltado por policiais penais federais durante transferência, em janeiro do ano passado (Foto: Senappen/Divulgação)

Paloma afirma que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconheceu que Marcinho VP permaneceu mais de oito anos preso ilegalmente. “Se o Estado acredita que ele continua liderando algo, então o sistema federal de segurança deveria ser extinto, pois demonstra total falência e custo absurdo aos cofres públicos”, afirmou.

A defensora classificou a megaoperação como “autônoma, política e desastrosa”, alegando que o Governo do Rio de Janeiro não fez nenhum pedido formal de apoio ao governo federal antes de deflagrar a ação. Segundo ela, a operação foi “mais voltada à encenação midiática do que à solução real dos problemas de segurança pública”. “O resultado é trágico: dezenas de mortos e comunidades transformadas em palco de espetáculo político”, criticou.

"Por telepatia?": advogada questiona liderança de facção atribuída a Marcinho VP
Paloma Gurgel Bandeira, que advoga para Marcinho VP, preso na Capital (Foto: Reprodução das redes sociais)

Paloma aproveitou para denunciar as condições de encarceramento de Marcinho VP, afirmando que ele vive sob “um sistema desumano que chegou ao ponto de impor castração forçada”. Para ela, insistir em associar seu cliente a ações criminosas fora da prisão é “uma forma de legitimar tragédias humanas cometidas em nome da política de segurança”.

Encerrando a nota, a advogada defendeu que o governo do Rio deveria cumprir as normas constitucionais e legais que regem operações em áreas densamente povoadas. “Antes de invadir comunidades e provocar tragédias humanas sob o pretexto de combate ao crime, o Estado deveria agir dentro da lei e respeitar as vidas periféricas, que continuam pagando o preço político dessas ações”, concluiu.

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