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Capital

"Pouca vaga e muita gente", reclamam jovens em fila enorme por estágio

Iniciativa não contava com tamanha procura na disputa por vagas de emprego em supermercados

Guilherme Correia e Aletheya Alves | 19/02/2021 14:30
Jovens se reuniram em fila na manhã e tarde de hoje para entregar currículos (Foto: Silas Lima)
Jovens se reuniram em fila na manhã e tarde de hoje para entregar currículos (Foto: Silas Lima)

Em meio a risadas de “desespero”, dezenas de jovens foram até a sede da Universidade Estácio de Sá, na manhã de hoje (19), onde são oferecidas vagas de emprego em processo seletivo organizado por redes de supermercado da Capital. O arrependimento, para alguns, se deu depois de ver o tamanho da fila formada por quem tenta a sorte no programa que oferece apenas 60 vagas.

Maior parte sozinhos, mas alguns acompanhados de mães, os adolescentes chegaram por volta das 8h no local, mas só conseguiram ser atendidos a partir das 13h. A fila dobrava a esquina, e muitos se aglomeravam nos locais onde havia sombra de árvores ou postes. Com pouquíssimo distanciamento social, o calor também deixou muita gente com máscara no queixo.

A alta na procura de trabalho por parte dos mais jovens evidencia um problema ainda maior para a dona de casa Rosângela Torres, de 42 anos, que esperava pelo filho, de 16, que estava há cerca de 1h na entrevista do processo seletivo. “A gente não esperava que fosse ter tanta gente assim. Mas isso daqui mostra como está difícil arranjar emprego. Se já é difícil com experiência, imagina sem”, diz.

A funcionária pública Neide Maria Lauxen, de 50 anos, levou a sobrinha Eduarda, de 16, e acredita que nem a organização esperava “tudo isso de gente”. "Está todo mundo muito junto e a gente está esperando há muito tempo no sol”, reclama.

Mesmo há quase duas horas na fila, elas ainda estavam em uma das últimas posições da fila. “Vim acompanhar ela porque os pais estão trabalhando, é a primeira vez que ela tenta alguma vaga de emprego. A gente vê muito bem como esse pessoal jovem está correndo atrás de emprego”, ressalta.

Primeira vez que tento algum emprego e até pensei em desistir. Olha o tamanho da fila! Dá até um cansaço. Esse sol é muito forte e a gente realmente imaginou que fosse chegar aqui, fazer a prova e já ir embora bem rápido. Agora fiquei bem mais nervosa vendo o tanto de pessoa, já que são só 60 vagas”, relata Eduarda.

"O tempo não passa" - A dona de casa Márcia Cristina da Silva, de 40 anos, que levou a filha e estava na fila desde 8h30, relata que "não tem muito o que fazer com a organização, o tempo não passa. A gente nem almoçou ainda e não sabe se vai conseguir”.

A filha Emilly Vitória Silva Santiago, de 17 anos, ressalta que é a primeira vez que procura emprego, e que achou que seria mais tranquilo. "Não estamos com muita esperança não. É realmente muita gente para pouca vaga", completa.

Na manhã de hoje, relato enviado por meio do canal Direto das Ruas já evidenciava a grande quantidade de candidatos se interessando por postos de trabalho, o que gerou filas enormes e aglomerações.

Ao Campo Grande News, o organizador da ação de empregabilidade Carlos Roboton alega que a divulgação "saiu do controle". "Eram esperadas, ao todo, 500 pessoas. Alguém começou a 'recortar' a fala no grupo e distribuir para outras pessoas. Saiu de controle mesmo", diz.

Ele menciona até que, em mensagens que encaminhou em grupos de WhatsApp, foi avisado que os currículos poderiam ser entregues via e-mail, evitando maior circulação.

Diferente do que foi dito por ele, publicação oficial do programa especificava que para participar do processo seletivo era preciso levar caneta e apresentar currículo atualizado. Apesar disso, o texto reforçava que o ideal é que fossem desacompanhados para reduzir quantidade de pessoas, estivessem de máscara, e realizassem distanciamento social de no mínimo 1,5 metro.

Conforme ele, máscaras de proteção facial foram distribuídas, foi feita aferição de temperatura e disponibilizaram álcool 70% para reduzir danos e evitar infecção pelo coronavírus.

O programa - A iniciativa oferece 60 vagas para jovem aprendiz a estudantes do ensino médio que tenham entre 16 e 24 anos, e o processo seletivo na faculdade está previsto para acontecer até às 17 horas desta sexta-feira.

A ação conta com apoio institucional do MPT (Ministério Público do Trabalho), AMAS (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercadistas), da prefeitura de Campo Grande, da CDL (Câmara dos Dirigentes Logistas), além da própria Estácio de Sá, que serviu apenas de local para receber currículos.

A ideia é, por meio de vagas no Fort Atacadista e Comper, inserir jovens no mercado de trabalho.

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