"Poupança" para fazer Medicina, Biz furtada é encontrada por dona 5 anos depois

As fotos são carregadas de nostalgia e ao mesmo tempo alegria. Estudante de Medicina, Sofia Dias Figueira nem imaginava que cinco anos depois de ter sua motocicleta Honda Biz furtada a veria de novo.

O ano do furto foi 2015, a motocicleta já estava com ela há três anos e foi comprada com muito suor e sacrifício.

"Pagamos R$ 6 mil na época, a mãe do Pedro [sogra] ajudou com R$ 2 mil e o resto foi paga vendendo pão de mel na rua. Quando compramos, eu estava desempregada e vendia pão de mel no comércio de dia e estudava num cursinho on-line à noite", recorda. A Biz era a ferramenta de trabalho dela nas vendas, e posteriormente, também foi o meio de transporte que ela tinha para chegar às escolas onde dava aulas de história.

Quando conseguiu emprego, as aulas se dividiam entre os bairros Nova Lima e Moreninhas, sendo que ela morava no Parati. "Eu rodava a cidade com ela pra lecionar, era mais de 40 quilômetros para me deslocar entre uma escola e outra", conta.

Em novembro de 2015, o marido foi com a Biz até um congresso de Psicologia na Uniderp na Ceará, quando teve a moto furtada. "Fizemos B.O (boletim de ocorrência), a polícia procurou bastante. Eu vivia em contato com um vizinho policial militar que me dava esperança na época", lembra.

Apesar de terem um carro em casa, Sofia teve de abrir mão de uma das escolas onde lecionava, porque não compensava ir de carro.

O sonho da então professora era de fazer faculdade de Medicina e quando a aprovação viesse, seria a venda da Biz a poupança de Sofia. "Era como se fosse nossa poupança. Pretendíamos vendê-la quando eu passasse. Furtaram ela em novembro e eu passei em dezembro. Fiquei sem chão, porque o dinheiro da venda ia ser uma segurança financeira, sabe?"

Cinco anos se passaram, hoje Sofia está no quarto ano de Medicina na UFMS, e em setembro recebeu um policial na porta de casa com uma cartinha, era data e horário para que eles comparecessem à delegacia para encerrar o processo. Como a Biz era no nome do marido, Pedro quem foi.

"Ele estava lá na delegacia e o policial falou para ele: 'parece que acharam alguma coisa da moto, o chassi, vamos lá ver o que é? Quem sabe não tem alguma coisa que vocês possam vender?' Quando ele chegou lá no pátio, a moto estava inteira", descreve Sofia.

O marido voltou sem falar nada e em casa foi questionado na brincadeira. "Eu falei: 'e aí, acharam a moto? E ele disse: sim'. Eu quase caí pra trás, porque nunca acontece isso, né?", comenta.

A motocicleta foi vendida depois do furto e como estava registrada em Rondonópolis, segundo a estudante, o processo aconteceu por lá e este ano a Biz voltou a Campo Grande.

"A minha sensação é de não acreditar ainda. Comecei a rir sem parar. Já pilotei ela assim, parece igualzinha, não mudou nada. Nela foram tantas memórias construídas e ela estava ali à nossa espera", comemora.

A família ainda não sabe o que vai fazer com a motocicleta, mas ela já recebeu uma garibada e voltou a ser amarela brilhante. Por enquanto ela está na casa deles e já tem até foto com Maria Flor, a filha de Sofia e Pedro, que só conhecia a Biz de ouvir falar.