Prefeitura quer leitos de hospitais superlotados para desafogar UPAs

Pressionada pelo MPE (Ministério Público Estadual) para acabar com a internação precária nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), a Prefeitura de Campo Grande informou, nesta quarta-feira (20) que o plano é pedir 38 leitos a hospitais superlotados. Outra alternativa é intensificar campanhas de trânsito para reduzir acidentes, principais responsáveis pelo aumento das internações.
As propostas surgiram depois de o MPE constatar in loco a superlotação das UPAs dos bairros Coronel Antonino, Universitário e Vila Almeida. “Tem gente que espera sete dias por uma vaga nos hospitais da cidade”, disse Filomena Aparecida Depólito Fluminhan, titular da Promotoria de Justiça de Saúde Pública.
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Por isso, no dia 15, ela deu prazo de 10 dias para a prefeitura apresentar uma solução ao problema. O assunto, inclusive, foi pauta de reunião, a partas fechadas, na tarde de hoje, com o secretário municipal de Saúde, Jamal Salem.
Na ocasião, ele informou pedir 12 leitos de CTI (Centro de Tratamento Intensivo) à Santa Casa, seis leitos ao Hospital do Pênfigo, 10 ao Hospital Regional e mais 10 ao Hospital da Criança, que vai ainda vai ser inaugurado. O secretário, no entanto, não informou como o espaço será aberto diante da superlotação de todos os hospitais da cidade.
Na semana passada, por exemplo, a Santa Casa fechou o setor de ortopedia até zerar fila de espera. O MPE foi à instituição e, segundo a promotora, confirmou a situação.
Jamal também não soube especificar quanto a prefeitura gastará para “alugar” os leitos, nem de onde a verba virá. Ele só disse que na Santa Casa o gasto estimado é de R$ 700 mil mensais e o plano é pedir ajuda ao Governo do Estado para bancar o serviço.
Ao mesmo tempo, o secretário informou plano de ação, envolvendo um conjunto de procedimentos nos hospitais, para ampliar atendimento. Ele também não contou o motivo de as medidas ainda não estarem em atividade se podem agilizar o serviço.
Outra proposta da prefeitura é pedir apoio aos órgão de segurança de Campo Grande e Agetran (Agência Municipal de Trânsito) para diminuir acidentes. “Só, neste fim de semana, 78% dos atendimentos na Santa Casa foram vítimas de acidentes de motocicleta”, frisou.
Na opinião da promotora, a prefeitura deveria realizar parceria com clínicas particulares, Hospital Militar e o de Coxim para abrir mais vagas. “Também sugiro que o Hospital Municipal atenda exclusivamente à população adulta”, completou.
Por enquanto, a instituição de saúde está na fase de conclusão de projeto. Justamente por não ter previsão para a obra sair do papel, a prefeitura firmou parceria a fim de abrir o Hospital da Criança do SUS (Sistema Único de Saúde). Lá a ideia é disponibilizar, futuramente, seis leitos adultos.
Atualmente, conforme Jamal, o déficit de leitos de CTI é de 50 e mais 800 de internação. Ainda na reunião de hoje, a promotora esticou para 20 dias o prazo para a prefeitura confirmar as propostas a fim de reduzir a superlotação nas Upas.