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Reportagens Especiais

Com torres verticalizando bairros, Campo Grande discutiu como crescer em 2025

Expansão urbana deixou de ser tema técnico e ganhou atenção da população

Por Kamila Alcântara | 30/12/2025 07:12
Com torres verticalizando bairros, Campo Grande discutiu como crescer em 2025
Prédios residenciais em fase final de construção, na Vila Planalto em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

Ao longo de 2025, Campo Grande passou a discutir de forma mais visível como e onde a cidade cresce. As audiências públicas de EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) deixaram de ser eventos pontuais e passaram a integrar a rotina do planejamento urbano, reunindo moradores, técnicos e empreendedores para debater projetos que vão desde prédios residenciais até condomínios horizontais e empreendimentos com áreas comerciais.

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Em 2025, Campo Grande intensificou o debate sobre seu crescimento urbano por meio de audiências públicas de Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). Os projetos apresentados incluem desde torres residenciais com mais de 20 andares até condomínios horizontais, prevendo a adição de milhares de novas unidades habitacionais. Os debates concentraram-se em preocupações como aumento do tráfego, riscos de alagamentos e pressão sobre serviços públicos. A distribuição dos empreendimentos mostrou-se desigual, com prédios verticais em áreas centrais e condomínios extensos nas regiões periféricas, sinalizando uma transformação significativa no perfil populacional da cidade.

Uma série de reportagens publicada pelo Campo Grande News ao longo do ano acompanhou esse movimento. Somente nesse recorte, os projetos apresentados em audiências envolveram dezenas de torres residenciais, variando de prédios médios, com 8 a 12 andares, até empreendimentos de grande porte, com mais de 20 pavimentos. Em conjunto, os estudos analisados tratam de milhares de novas unidades habitacionais, com empreendimentos que, isoladamente, preveem desde cerca de 80 até mais de 800 apartamentos.

Os impactos projetados também ajudam a dimensionar a escala dessa transformação. Em bairros consolidados, como regiões centrais e áreas já verticalizadas, os estudos costumam estimar entre 300 e 600 novos moradores por empreendimento. Já em áreas de expansão urbana ou em projetos de grande porte, esse número sobe com facilidade para mil, 1,5 mil ou até quase 3 mil moradores, especialmente em condomínios com múltiplas torres ou blocos.

Com torres verticalizando bairros, Campo Grande discutiu como crescer em 2025
Simulação de como e onde ficará o condomínio na Vila Nasser (Imagem: Reprodução)

A distribuição desses projetos não é homogênea. As matérias mostram concentração de empreendimentos verticais em bairros com infraestrutura já instalada, enquanto regiões mais afastadas do Centro recebem condomínios extensos, horizontais ou mistos, implantados em grandes glebas, com ocupação prevista ao longo de 15 a 20 anos. Em vários casos, um único projeto é suficiente para alterar de forma relevante o perfil populacional do bairro onde será instalado.

Em comum, quase todos os debates giraram em torno dos mesmos pontos: aumento do fluxo de veículos, gargalos no trânsito, risco de alagamentos, necessidade de obras de drenagem e pressão sobre escolas, unidades de saúde e transporte coletivo. Esses temas aparecem de forma recorrente nos estudos apresentados à Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) e nas falas de moradores durante as audiências.

Outro traço marcante de 2025 foi a maior exposição pública desses projetos. Com audiências mais frequentes e divulgadas, o EIV deixou de ser apenas um documento técnico e passou a funcionar como espaço de mediação. Moradores questionaram números, cobraram contrapartidas e exigiram ajustes antes da liberação das obras, enquanto empreendedores passaram a defender publicamente seus projetos.

Com torres verticalizando bairros, Campo Grande discutiu como crescer em 2025
Audiência de impacto de vizinhança realizada na Planurb (Foto: Juliano Almeida)

O que ela revela é uma mudança de patamar: Campo Grande passou a discutir crescimento urbano em escala maior, com projetos capazes de adicionar centenas ou milhares de moradores de uma só vez a diferentes regiões da cidade. O impacto já está desenhado nos estudos. Se ele será bem absorvido pela infraestrutura, essa resposta vai aparecer não nas audiências, mas no cotidiano dos próximos anos.

Vai movimentar - Com registros de fundação em meados da década de 1930, o Bairro Taveirópolis foi citado em audiências desse tipo. Ali, o plano é construir o primeiro edifício residencial de vários pavimentos, com 200 apartamentos, da MRV Prime Incorporações.

A área escolhida fica na Rua São Sebastião, entre as ruas Antônio Pinto da Silva e José Rosa. Moradores do entorno dizem ver vantagens na mudança. “Sou vendedora autônoma e minhas clientes são mais da região norte, onde realmente tem mais condomínios de apartamentos. Acho que isso vai movimentar a nossa região”, disse Josi Lopes, 34 anos.

Para a aposentada Tizuko Sato, 80 anos, o bairro precisa de um “empurrãozinho” para atrair mais comércio. “Aqui tem escolas boas, é asfaltado e fica perto do Centro. É um bom lugar para morar. Porém, faltam mais opções comerciais e acho que um empreendimento assim pode despertar o interesse de empresários”, avaliou.

Com torres verticalizando bairros, Campo Grande discutiu como crescer em 2025
Tizuko Sato acha positivo a construção do primeiro condomínio residencial vertical do Taveirópolis (Foto: Paulo Francis)

Sobre a movimentação de máquinas e as adaptações até o fim da obra, Maura Hortigoza, 85 anos, acredita que a construção não vai trazer conflitos com quem vive no bairro há mais tempo. “Não vão invadir o espaço de quem mora aqui faz tempo. Cada um na sua e não vai ter problema”, disse.

Comerciais - As discussões não ficaram restritas a empreendimentos residenciais. A Planurb abriu as portas para tratar de grandes obras comerciais e de logística, como a ampliação do Shopping Campo Grande e do Hospital Regional, além de um novo atacadista na rotatória da Avenida Rachid Neder e um galpão para transportadora, com previsão de 750 postos de trabalho no Rita Vieira.

Quer saber quais serão as primeiras audiências de 2026? Clique aqui.

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