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Capital

Presos se antecipam e compram celular via satélite para furar bloqueio

Mariana Lopes | 26/03/2014 10:25
Apesar da segurança e revista rigorosa, presos recebem aparelhos de telefone (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)
Apesar da segurança e revista rigorosa, presos recebem aparelhos de telefone (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)

Os presos ligados a facções criminosas decidiram se antecipar aos bloqueadores de celulares, que devem ser ativados neste semestre pelo Governo, e compraram telefones via satélite para manter a comunicação com o "mundo externo". Os criminosos recorreram aos equipamentos sofistificados, que custam até R$ 3 mil, para manter a prática dos crimes, como assaltos e sequestros fora dos presídios.

A denúncia chegou ao Campo Grande News através de uma mulher que tem pelo menos cinco familiares no complexo penitenciário da Capital, todos presos por causa de tráfico de drogas e alguns envolvidos com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Por medo e para garantir a própria segurança, ela pediu que a sua identidade fosse preservada.

“Falo todos os dias com as pessoas lá de dentro por telefone, até quando o sinal está cortado, porque eles já estão com aparelhos via satélite”, afirma a mulher. Apesar de saber que a denúncia pode impedi-la de conversar com frequência com os familiares e também coloca em risco a vida dela, a comunicante pontua que é contra o crime organizado e que tem consciência de que o comércio do tráfico é comandado também de dentro dos presídios.

Segundo ela, os celulares via satélite chegaram à Máxima da mesma forma que chegam todos os outros aparelhos. “A gente entrega para as mulheres dos agentes penitenciários, para não levantar suspeita, e elas repassam. Daí os agentes entregam para os cantineiros do presídio, que distribuem para os presos”, conta.

Para os agentes fazerem com que os celulares cheguem até os presos, o preço varia de acordo com aparelho. No caso dos via satélite, o valor chega a R$ 3 mil, entregues no dinheiro vivo nas mãos dos agentes, segundo a comunicante. Este montante não conta com o preço pago apenas no aparelho, que é a parte e não é comprado em Campo Grande.

Contudo, ela também entrega e não é qualquer detento que tem acesso a esses celulares via satélite. “São só os grandes que têm, só quem o comando deixa”, afirma a mulher.

Possibilidade – Para o presidente do Sinsap/MS (Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso do Sul), Francisco Sanábria, existem muitos caminhos para os aparelhos celulares e as drogas chegarem aos detentos, mas ele não descarta a possibilidade do envolvimento dos agentes. “Qualquer pessoa pode ser corrompida, assim como existem profissionais de má fé em outras categorias”, expõe Sanábria.

De acordo com o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), Marcos Alex Vera, é feito periodicamente pente-fino nas celas dos presídios da Capital, sendo que o último foi feito no dia 21 de fevereiro. O promotor afirma ainda que nenhum aparelho com tecnologia via satélite foi encontrado com os detentos.

Sobre a denúncia de que os aparelhos entram nos presídios por intermédio dos agentes penitenciários, o promotor Marcos Alex diz que não pode se pronunciar quanto a investigações em andamento, apenas recorda que há alguns anos um agente foi preso por contribuir com os detentos.

Porém, atualmente, não há provas contra ações de agentes junto aos detentos para facilitar a entrada de celulares nos presídios, de acordo com o promotor do Gaeco.

Sem sinal - De acordo com o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Deusdete de Oliveira, o isolamento do Complexo Penal em Campo Grande, no Jardim Noroeste, está na fase final de testes em busca de “buracos” nos 15 mil metros quadrados do local.

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