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Capital

Projeto que prevê monitoramento de estoques de medicamentos é vetado

Texto proposto pelo Legislativo viola a divisão constitucional dos poderes, diz prefeita

Por Gustavo Bonotto | 06/08/2025 20:21
Projeto que prevê monitoramento de estoques de medicamentos é vetado
Prateleiras de medicamentos expostos em farmácia de UPA (Unidade de Pronto Atendimento). (Foto: Arquivo/Sesau)

A prefeita Adriane Lopes (PP) vetou nesta quarta-feira (6) a proposta que previa a criação do Programa Municipal de Transparência na Assistência Farmacêutica, com divulgação diária e em tempo real da disponibilidade de medicamentos nas unidades de saúde da rede pública. A decisão foi motivada por questões jurídicas, técnicas e administrativas.

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Prefeita veta programa de transparência na assistência farmacêutica em Campo Grande.A prefeita Adriane Lopes vetou o projeto de lei que criaria o Programa Municipal de Transparência na Assistência Farmacêutica em Campo Grande. O programa previa a divulgação diária e em tempo real da disponibilidade de medicamentos na rede pública. A justificativa para o veto se baseia em vícios jurídicos, técnicos e administrativos. Segundo a prefeitura, o projeto é de iniciativa exclusiva do Executivo, além de não apresentar impacto orçamentário, conforme exige a Lei de Responsabilidade Fiscal.A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) alega que os sistemas atuais não permitem a atualização em tempo real dos estoques e que a divulgação indiscriminada de informações sobre medicamentos pode gerar interpretações equivocadas. A Controladoria-Geral do Município (CGM) afirma que a transparência já é garantida com a divulgação semanal dos dados no site da prefeitura. O projeto de lei, de autoria do vereador Marquinhos Trad, foi aprovado pela Câmara Municipal em julho. Trad defendia o programa como um direito do cidadão para saber a disponibilidade dos medicamentos na rede pública.

Conforme o texto, publicado em edição extra do Diogrande (Diário Oficial do Município), o Projeto de Lei nº 11.767/2025 foi aprovado recentemente pela Câmara Municipal de Campo Grande. No documento enviado ao Legislativo, a administração municipal argumenta que o projeto apresenta vício de iniciativa, pois cria obrigações e atribuições que são exclusivas do Poder Executivo, infringindo a divisão constitucional dos poderes.

No veto, o Executivo destaca que a organização e funcionamento da administração pública, "[...] assim como a estruturação dos órgãos, são competências privativas do chefe do Executivo". Por isso, o Legislativo não pode impor obrigações que interfiram diretamente nessas áreas.

Além disso, o projeto de monitoramento em tempo real não trouxe qualquer estimativa do impacto orçamentário, exigida pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A ausência dessa análise representa um vício formal que compromete a legalidade da proposta. Também há o argumento de que a Lei Federal nº 4.320/1964 impede a criação de despesas sem a previsão orçamentária adequada.

Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) manifestou-se tecnicamente contra partes do projeto, especialmente os dispositivos que exigem a divulgação em tempo real dos estoques de medicamentos. Segundo a secretaria, os sistemas atuais de controle de estoque operam com atualizações em lotes, não permitindo uma divulgação contínua e automatizada ao público. "A criação desse sistema demandaria investimentos e adaptações técnicas, recursos que, no momento, não estão disponíveis", diz.

A pasta da saúde também destacou que a simples exposição da quantidade de medicamentos pode gerar interpretações erradas. "A disponibilidade imediata depende de protocolos clínicos, prescrição médica e regras específicas, como nos casos de remédios controlados. Há ainda cuidados legais em relação a medicamentos sujeitos a controle especial, que não podem ter suas informações expostas sem restrições".

Já a CGM (Controladoria-Geral do Município) reforçou que a transparência já é atendida atualmente. "Dados sobre estoques são divulgados semanalmente no site oficial da Prefeitura, o que cumpre os princípios da publicidade e do controle social. A CGM considerou, portanto, desnecessária a criação de um novo programa por meio de lei municipal".

Votação - O texto foi proposto pelo ex-prefeito e atual vereador, Marquinhos Trad (PDT), durante sessão ocorrida em 16 de julho, na Câmara Municipal. À época da análise, o parlamentar apontava que os dados deveriam ser públicos.

“Não estamos falando de um privilégio, mas de um direito. O cidadão precisa saber onde está o remédio que o médico receitou. Precisa saber se está em falta, quando será reposto e o que está sendo feito para resolver. Informação é dignidade.”

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