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Capital

Rancor deu espaço ao perdão e hoje Edenize é só gratidão ao pai morto

Mesmo após anos carregando mágoa por ter apanhado tanto do pai, dona de casa presta homenagem neste feriado.

Anahi Gurgel e Mirian Machado | 02/11/2017 16:24
Edenize visita o túmulo do pai no cemitério Santo Antônio, em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Edenize visita o túmulo do pai no cemitério Santo Antônio, em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

Quem se depara com o respeito da dona de casa Edenize Pereira Gomes Ratier Gonçalves, 50, diante do túmulo do pai – falecido há 24 anos - não imagina que, há pouco tempo, as lembranças de sua infância com ele eram preenchidas pela dor e medo. A homenagem neste Dia de Finados (2), no cemitério Santo Antônio, acontece depois que o rancor por ter apanhando tanto dele ficou no passado: hoje, ela só se recorda do único abraço recebido do pai.

Ela conta que, quando era criança, tinha um verdadeiro pavor do pai. “Ele era muito bravo e batia demais em mim. Durante anos, eu senti um rancor enorme. Isso me atormentava em pesadelos frequentemente”, lembra.

A dona de casa se recorda que em toda a sua infância, recebeu apenas um único abraço do pai. “Nem me lembro do motivo, só da sensação”, balbucia.

O perdão aconteceu depois que ela recebeu um convite para entrar em uma igreja da Capital, onde foi pedido que todas as pessoas presentes falassem sobre suas mágoas.

“Nesse mesmo dia eu sonhei com meu pai. Dizia que ele não iria mais me bater e que eu estava de partida. Ele então falou: “não, eu que vou embora”, e saiu em paz, de mãos dadas com uma criança”, se recorda.

“Entendo que foi uma espécie de limpeza mental, porque nunca mais tive pesadelos com ele. Imagino que ele era rígido porque queria me educar do jeito dele. Hoje, não guardo mais mágoa”, afirma.

Edenize já havia passado por outros dois cemitérios nesta manhã, antes de visitar o pai. Não vai sempre por causa da correria do dia a dia. Mas, neste feriado, fez questão de “conversar” com o pai; talvez o que não foi dito naquela época.

Movimento no Memorial Park, nesta quinta-feira (2). (Foto: Lucimar Couto)
Movimento no Memorial Park, nesta quinta-feira (2). (Foto: Lucimar Couto)

Como a dela, muitas outras histórias permeiam as famílias que visitam os cerca de 14 mil jazigos do Santo Antônio. O movimento não é dos mais intensos. Para o local, a estimativa da prefeitura é de aproximadamente 15 mil pessoas neste feriado.

Cemitérios particulares - Também foi de tranquilidade o clima nos cemitérios particulares de Campo Grande nesta quinta-feira, como no Memorial Park, localizado no Bairro Universitário. Muita gente antecipou a data e preferiu fazer as visitas aos entes queridos nesta quarta-feira (1º), para evitar tumulto e trânsito. 

No Parque das Primaveras, de acordo com um dos diretores, Paulo Roberto Lopes, em apenas um dia, cerca de 2 mil veículos passaram pelos portões. "De manhã o movimento é maior das 8 às 11 da manhã e volta a ficar maior das 14 às 18 horas”, disse. 

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