ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  17    CAMPO GRANDE 21º

Capital

Rapaz que invadiu residência de PM morreu asfixiado, afirmam vizinhos

Viviane Oliveira | 06/05/2011 14:57
Éder Antônio de Matos morreu nesta rua, no Jardim Antártica, onde clima é de silêncio. (Foto: João Garrigó)
Éder Antônio de Matos morreu nesta rua, no Jardim Antártica, onde clima é de silêncio. (Foto: João Garrigó)

O relato de moradores do Jardim Antártica e familiares de Éder Antônio de Matos, de 25 anos, mostra uma versão bem diferente da que foi divulgada pela Polícia para a morte dele, ocorrida ontem à noite, depois que ele foi flagrado quando invadia a casa de um sargento da Polícia Militar.

Embora o clima seja de silêncio na região, o Campo Grande News colheu relatos que apontam que três pessoas, duas delas policiais, sufocaram Éder até a morte.

Um morador que pediu para não ser identificado contou o que viu, de uma fresta no muro. “A vítima foi imobilizada por uma chave de braço, enquanto um dos homens o segurava pelas pernas o outro em cima dele pressionava a cabeça contra o chão”, disse.

Para o morador, houve exagero na hora de render o rapaz. "Ele debatia muito, gritava, pedia pelo amor de Deus para ser solto", contou.

“Liguei para a Polícia, falei que estavam matando um cara em frente da minha casa, até então eu não sabia que eram policiais”, conta.

A Polícia, segundo o morador, demorou mais de 30 minutos para chegar ao local. Quando chegou, o rapaz já estava morto. A testemunha diz os moradores só saíram de casa quando não ouviram mais os gritos de Éder.

Família - O construtor Edson de Almeida Pinto, 47 anos, cunhado de Éder, mora na esquina onde ocorreu o crime. Ele conta que passava pelo local quando viu o rapaz caído e a movimentação dos policiais. “Deixei o carro em casa e fui ver o que estava acontecendo, quando cheguei vi meu cunhado morto”, lamenta.

A família conta que Éder era viciado em pasta-base de cocaína, mas que não roubava nada de ninguém. O rapaz trabalhava como pedreiro, e saia nas casas pedindo dinheiro para sustentar a dependência, admite a família.

A mãe cuida de um filho dele que tem 7 anos. No site do Poder Judiciário Estadual, não há processos contra Éder.

“Como batem em uma pessoa que pede pelo amor de Deus para o soltarem. Porque não chamaram a Polícia para prendê-lo. Descalço, de short e camiseta nem armado estava, isso é crueldade”, pergunta-se Edson.

A mãe de Éder, Maria Aparecida de Matos, 48 anos, estava bastante abalada esta manhã. “A revolta é muito grande, mas o que fazer?", afirma. "Não vão trazer o meu filho de volta”, resigna-se.

O caso foi registrado como morte a esclarecer na Polícia Civil e será investigado pelo 6º Distrito Policial.

O delegado que cuidou ontem do registro inicial, na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento à Comunidade) do bairro Piratiginga, João Belo Reis, colocou a investigação sob sigilo. Assessoria de imprensa da corporação disse que isso foi feito porque a autoridade policial considerou necessário na situação.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar foi procurada para dar o posicionamento da Corporação a respeito do assunto e ficou de dar uma resposta à reportagem.

O site do Poder Judciário estadual não registra processos envolvendo a vítima como ré.

Nos siga no Google Notícias